Raramente escrevo sobre os problemas políticos do nosso país, porque já há muito quem escreva. Costumo escrever quase sempre sobre os problemas das autarquias locais e das universidades onde também a política e a democracia têm um papel relevante. Entre as autarquias locais e as universidades há muito em comum e desde logo a autonomia que a Constituição lhes atribui.
No que toca às universidades, a democracia não está felizmente - em regra – partidarizada, ao contrário que sucede, por exemplo, na vizinha Espanha.
Ainda nesta segunda-feira, dia 26 de maio de 2014, ocorreram eleições na Universidade do Minho. Foram eleitos representantes dos professores, dos funcionários e dos alunos para o Senado Académico. O Senado Académico não é um órgão tão importante como o Conselho Geral, pois enquanto este tem, desde logo, o poder de eleger e destituir, nos termos legais, o Reitor e também o de tomar as decisões mais importantes para a vida da Universidade, o Senado é apenas um órgão consultivo do Conselho Geral e do Reitor.
Acresce que o Senado é um órgão que é composto na sua esmagadora maioria por membros por inerência sendo muito poucos os eleitos diretamente o que menoriza também este órgão. Os professores elegem três membros, os estudantes outros três e os funcionários dois.
As urnas das eleições do dia 26 fecharam às 20 horas, mas só cerca das 20 horas do dia 27 os resultados foram divulgados à academia, o que impediu que pudéssemos escrever em tempo texto revisto para publicar na semana passada.
Analisando rapidamente os resultados, verificamos que dos 914 professores inscritos nos cadernos eleitorais votaram 386, tendo a lista B “Mais Universidade, Mais Futuro” recebido 170 votos, a lista A “Universidade Cidadã” 96 e a lista C “Novos Desafios Novos Rumos” 76. A lista B obteve dois mandatos e a lista A um, por aplicação do método proporcional. A lista C ficou a 9 votos de um mandato. A percentagem de votantes foi de 42%. Para saber o que pensam estes movimentos basta procurar e ler os respetivos sítios ou blogues, procurando no Google.
Quanto aos funcionários verificamos que estavam inscritos 823, tendo votado 458, dos quais 271 na lista A (“UM para todos” ) e 148 na lista B. Cada uma das listas teve um mandato também por efeito da aplicação do método de Hondt. A percentagem de votantes foi de 55%. O sítio “UM para todos” é aquele que mais informação tem sobre a Universidade do Minho e as Universidades em geral, sendo, nesse aspeto, reconhecidamente, um dos melhores do país, sendo pena somente a sua pouco cuidada apresentação que mal se justifica numa Universidade com excelentes técnicos de informática.
Quanto aos estudantes dos 17.874 inscritos votaram 364, tendo a lista A recebido 253 votos e a lista B 84 votos. Os três mandatos igualmente por aplicação do método proporcional couberam todos à lista A. Apenas por um voto a lista B não obteve um mandato. A percentagem de votantes foi de 2% (dois por cento).
Estes números dão-nos também uma ideia do número de professores e investigadores doutorados da UM (914) , bem como dos funcionários (823) e dos alunos ( 17.874).
E também da abstenção. Ela é muito elevada mas assusta entre os estudantes. Dois por cento é mesmo muito pouco. Votaram muito mais funcionários do que alunos, apesar da enorme diferença no universo global de uns e outros.
Finalmente, a dificuldade de acesso a estes dados que deveriam estar colocados detalhadamente na primeira página da UM dá-nos uma ideia de como circula a informação na Universidade.
António Cândido de Oliveira
(reprodução de texto de opinião que o seu autor nos fez chegar, com autorização expressa da respetiva divulgação)
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