terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A Universidade ao serviço da sociedade: 2ª parte - investigação

Investigação
Tenho para mim que a investigação só faz sentido se for útil à sociedade. E pode ser útil de muitas formas, não se restringindo à componente de investigação aplicada (que pode até, em alguns casos, ser assegurada por instituições externas com as quais a Universidade colabore). O importante é que aquilo que se investiga seja resultado de uma real necessidade da sociedade.
Ora, nos últimos anos (talvez duas décadas), temos assistido a um progressivo afastamento deste princípio. A investigação é muitas vezes motivada apenas pelas necessidades individuais dos docentes, face à grande competição que existe para a progressão na carreira. O que leva a que a preocupação muitas vezes dominante seja a obtenção de elevados índices de produção bibliográfica, relegando-se a utilidade prática da investigação para segundo plano. Prejudicando também, e muitas vezes, o trabalho em equipa, e dificultando-se a implementação de estratégias colectivas que poderiam conduzir a melhores resultados globais. As próprias políticas públicas em termos de investigação (a meu ver nem sempre as mais acertadas) favoreceram, de algum modo, esta situação.
Felizmente que ela não constitui uma generalidade, havendo de facto realidades diferentes em áreas científicas distintas, mas importa corrigir alguns aspectos. Até porque a sociedade pode começar a questionar-se sobre a utilidade dos dinheiros públicos que afecta à investigação. Ainda mais num momento de crise global, em que assistimos ao encerramento de tantas unidades fabris de alta tecnologia, coincidindo com uma altura em que o País atinge índices de investigação científica nunca antes alcançados. O que parece, mas porventura não é, uma contradição. Os dirigentes da Universidade devem, por isso, dar grande atenção a esta área, auscultando os diversos agentes da sociedade e orientando a instituição como um todo segundo uma estratégia de utilidade social.
Se alguns passos foram já dados nos últimos anos, há certamente ainda muito por fazer. Só assente numa estrutura dirigente que privilegie a participação activa dos docentes, e não no vigente centralismo exagerado, castrador de ideias, poderá a Universidade trilhar, de forma segura, esse caminho.

(a continuar: 3ª Parte – Prestação de serviços técnicos e científicos)

Fernando Castro
(Departamento de Engenharia Mecânica; EEng.)

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