sábado, 19 de setembro de 2015

"Carta da 1ª candidata da CDU,Carla Cruz, aos Docentes da Universidade do Minho"

«Caro(a) Professor (a) da Universidade do Minho

Começo por pedir desculpa pelo meio escolhido para o contactar, porém, contrariamente ao que tem sucedido com outras forças políticas, tem-nos sido barrada sistematicamente a possibilidade de acedermos às instalações da Universidade do Minho para realizarmos acções de esclarecimento e apresentação das nossas propostas sobre o Ensino Superior.
A candidatura da CDU- Coligação Democrática Unitária (PCP-PEV) considera que a Universidade do Minho é uma instituição muito importante para o Distrito, para a Região e País. No entanto, fruto de políticas concertadas de desinvestimento dos sucessivos governos e do incumprimento das leis de financiamento do Ensino Superior, a Universidade do Minho, aliás como a esmagadora maioria das instituições de Ensino Superior Público, está no limiar de uma situação que pode configurar incapacidade de dar cumprimento à sua missão em matéria de ensino, investigação e extensão universitária, por razões de escassez de recursos financeiros. As restrições financeiras que vem enfrentando traduzem-se já em dificuldade visível em recrutar pessoal que dê resposta às necessidades e, até, nalguns casos, em manter o quadro actual, nomeadamente a nível de docentes convidados e funcionários não-docentes, o que questiona crescentemente a respectiva capacidade de investir no aumento da cobertura e qualidade do ensino ministrado. Essas restrições estendem-se, igualmente, às dimensões manutenção do património próprio e equipamentos indispensáveis ao ensino e investigação.
Ao desinvestimento acresce o congelamento da progressão da carreira, o completo bloqueio de novas contratações de docentes e a crescente precarização da carreira, a par da diminuição e envelhecimento do corpo docente e da degradação das condições de ensino e de investigação. A tudo isto acresce o caminho de desastre e devastação na política de cortes sucessivos nas bolsas de doutoramento e pós-doc e no financiamento das acções de Investigação e Desenvolvimento de que a última avaliação das unidades de investigação por parte da FCT, é exemplo acabado.
Nos primeiros dias de Setembro fomos surpreendidos com o anúncio, seguido da confirmação, após aprovação pelo Conselho Geral da Universidade, da passagem da Universidade do Minho a fundação de direito privado.
Decisão que, sendo tomada no quadro do Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior, aprovada pelo PS, não pode deixar de surpreender, por ser tomada à pressa, a poucos dias do final do mandato do Governo PSD/CDS, que, já durante este mandato, até contestou este modelo.
A candidatura da CDU considera que esta decisão é contrária aos interesses da Universidade do Minho e da comunidade académica na medida em, não só afasta os estudantes e os trabalhadores não docentes da gestão, como coloca nas mãos de privados, que decidirem financiar a Universidade, a tomada de decisões pedagógicas, financeiras e sociais.
A opção de passar a Fundação, para além de abrir o caminho à privatização da UM, ou pelo menos das suas partes mais rentáveis, tenderia a desresponsabilizar, progressivamente, o Estado, introduzindo novas dificuldades financeiras com maior responsabilização na obtenção de meios próprios, ou seja, mais tarde ou mais cedo, exigiria aos estudantes e às suas famílias ainda maiores contributos para a Educação que, constitucionalmente, deveria ser gratuita.
A candidatura da CDU rejeita este modelo e afirma que o principal problema do Ensino Superior Público em Portugal é o seu subfinanciamento e a real incapacidade de consolidar massa crítica estável para a alimentação das necessidades do Sistema Científico e Tecnológico Nacional, e da Economia, por isso defendemos:
·         Revogar o Regime jurídico das instituições do Ensino Superior e garantia de um quadro legal que valorize o papel do Ensino Superior Público no desenvolvimento económico, social e territorial;
·         Estabelecer um plano estratégico de investimento no Ensino Superior Público que eleve o financiamento público das instituições, assegurando a supressão do pagamento de propinas e as condições materiais e humanas adequadas ao sue funcionamento;
·         Anular o anterior processo de avaliação e reavaliação dos centros e unidades de investigação;
·         Valorizar carreiras docentes do ensino superior e criação de uma efectiva carreira de investigador transformando as sucessivas bolsas pós-doc em contratos a tempo indeterminado;
·         Aumentar significativamente os programas doutorais e bolsas de doutoramento;
·         Prorrogar o período transitório para os docentes que não tiveram condições, nomeadamente a isenção de serviço lectivo e o não pagamento de propinas, para concluir o doutoramento;
·         Garantir a salvaguarda de todos os postos de trabalho do pessoal docente, investigadores e pessoal não docente, independentemente do vínculo;
·         Reforçar a acção social escolar directa e indirecta;

Dia 4 de Outubro é o tempo de decidir. Decidir se o caminho que queremos para o Ensino Superior é o da privatização, da elitização e o da sua colocação ao serviço, apenas dos grandes interesses económicos, como têm defendido PS, PSD e CDS, ou se , pelo contrário, com o voto e o apoio à CDU (PCP-PEV), defendemos um Ensino Superior Público, Gratuito e de Qualidade para todos, com financiamento para o seu funcionamento, para valorizar os salários dos seus trabalhadores e para cumprir o seu papel na investigação e desenvolvimento.
Dia 4 de Outubro, contamos consigo para defender o Ensino Superior Público.

Braga, 18 de Setembro de 2015

Carla Cruz
(1ª candidata da CDU às eleições legislativas pelo círculo eleitoral)»

(reprodução de mensagem, distribuída na rede da UMinho e com origem na entidade identificada, que nos caiu entretanto na caixa de correio eletrónico)

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