IV. a Universidade do minho que queremos
universidade e cultura
1.
A política Cultural da UMinho tem sido tendencialmente passiva, o que leva a
que não seja de facto uma verdadeira política, consistindo em pouco mais do que
uma série de eventos isolados que surgem de iniciativas pontuais de membros da
Academia, tanto docentes como alunos, apoiados retoricamente pela Reitoria.
2.
Embora tenha havido uma melhoria visível de atuação nos últimos anos, o
Conselho Cultural não promove um esforço concertado de todas as Unidades
Culturais, do qual resultaria um calendário anual de eventos, conjugados ou
sequenciais, onde se envolvesse a comunidade académica e de facto se criasse
uma política cultural definida.
3.
À Universidade cabe a criação de uma oferta cultural que possa fixar um público
académico, atrair públicos nacionais e estrangeiros, assumindo um papel de
relevo na contemplação, fruição, bem como construção de juízos estéticos,
enquadrados pela defesa de valores culturais de raiz humanista e humanizante,
fundamentais face ao ambiente mercantilista no qual vive a Academia e o país.
4.
A UMinho tem um conjunto de Unidades Culturais com espaços privilegiados que estão,
no entanto, subaproveitados. As Unidades Culturais têm, supostamente, autonomia
para promoverem todo o tipo de eventos que desejarem. A cada ano que passa a
sua dotação orçamental é, porém, diminuída drasticamente e, à semelhança de
todas as unidades da Instituição, são também sujeitas, de ano para ano, à
diminuição do seu pessoal administrativo e técnico, por falta de substituição
dos funcionários que se aposentam. Os apoios económicos em regime de mecenato
são pontuais, e sempre fruto do esforço pessoal de pessoas lutadoras e
empenhadas, o que não garante, obviamente, uma estratégia consolidada de
angariação desses apoios.
5.
Se, no passado, a Orquestra de Câmara do Minho (2006-2011) constituiu uma
exceção no que concerne ao apoio anual e às atividades realizadas, atualmente
aquilo que se verifica é o uso instrumental desse apoio e dessas atividades, em
que se evidenciam interesses e conveniências, em vez de princípios e
causas.
6.
Torna-se absolutamente necessário que o Conselho Cultural, além de incorporar
membros convidados externos à Universidade, integre um grupo de docentes com
competência comprovada no campo da cultura e cujas funções não sejam apenas de
caráter consultivo e/ou representativo de algo que não promove, constituindo um
grupo ativo, que tenha como missão primordial a preparação e a coordenação de
um calendário cultural de qualidade, o apoio e a procura de financiamento para
as atividades desse calendário, o levantamento de equipamentos culturais e a sua dinamização, propondo
uma distribuição descentralizada de oferta cultural/artística, aproximando
no âmbito da fruição cultural a comunidade académica do meio em que está
inserida. É nossa intenção trabalhar para que essa coordenação passe a existir.
Esse é o primeiro passo a dar no sentido da concretização de um programa
cultural da iniciativa da Universidade do Minho, conferindo-lhe visibilidade e
credibilidade, essencial no reconhecimento da comunidade e no apoio mecenático.
7.
Em tempos de crise, caberá à Universidade um papel primordial no apoio à
publicação de trabalhos de qualidade dos seus docentes/investigadores/alunos,
com a constituição de uma editora da UMinho.
8.
O apoio e o acompanhamento da estação de rádio vinculada à UMinho não devem ser
descurados, devendo a Universidade disponibilizar os seus serviços jurídicos
para o acompanhamento e intervenção na situação atual.
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