domingo, 24 de fevereiro de 2013

Lista B - Programa de candidaturas ao Conselho Geral e ao Senado 2013 (XI)

                                                 IV. a Universidade do minho que queremos
                                                             EMPREENDEDORISMO
1. O desenvolvimento da capacidade empreendedora da UMinho é um desafio importante porque o seu sucesso depende dela, em grande parte. Isso implica uma postura que reconheça o conhecimento como um bem que se cria, desenvolve e transmite por diferentes vias, postura ainda mais necessária num contexto em que a sociedade está carente de conhecimentos e em que há uma grande escassez de financiamento público e pressão para gerar receitas próprias.
2. Vários colegas têm vindo a esforçar-se nesse sentido e a UMinho tem obtido bons resultados, a este nível, quase exclusivamente no que respeita à investigação. Sabemos todos, porém, que muito mais poderia ser feito (e eventualmente noutras áreas) se as condições laborais da UMinho fossem diferentes, no que respeita à pressão burocrática que carregamos quotidianamente. Quase todos nós nos sentimos enganados, dado termos vindo para esta instituição convencidos de que a nossa missão era ser docentes e investigadores. Infelizmente, a maior parte do nosso tempo é passado em reuniões infindáveis em que os assuntos se repetem e no preenchimento de documentação repetida em formatos diferentes.
3. Com efeito, o estímulo ao empreendedorismo deveria implicar, em primeiro lugar, criar uma cultura de risco, de procura e de descoberta, também ao nível da docência e da atitude a ser pedida aos discentes. Fomentar essa cultura passa pela inovação nos métodos de ensino e de aprendizagem que incentivem o aluno a ser autónomo, a procurar mais ativamente respostas para os problemas com que se confronta e a participar em projetos de investigação. Tal não deverá implicar, porém, um posicionamento de facilitismo pedagógico; só podemos formar alunos autónomos, curiosos e empreendedores se lhes exigirmos rigor e liberdade de pensamento, bem como responsabilidade, para além da capacidade de criação de competências no âmbito do “saber fazer”. 
4. Estamos cientes de que uma cultura empreendedora incentiva programas de formação sobre criação de empresas e lançamento de novos negócios, e ela é hoje tão necessária a um aluno de gestão ou de economia, como a um aluno de humanidades ou de artes. Um bom empreendedor distingue-se de um outro profissional não só pelas suas competências na resolução de problemas mas também pela capacidade em imaginar, em criar um espaço diferente no mundo, sabendo, simultaneamente, contextualizar-se nele. O domínio da História, da Filosofia, das Línguas, das Artes, entre outras áreas das Humanidades, constituem mais-valias essenciais a projetos de empreendedorismo, e tal já é tido em conta na formação de profissionais de várias áreas, em todo o mundo.
5. Isto exigiria que a UMinho, enquanto Instituição, fosse ela própria empreendedora, não só nos seus programas de formação mas também na sua forma de atuação interna, flexibilizando-se à interdisciplinaridade real e não apenas oficial (tal como consta na maior parte dos documentos da Instituição). Porque não apoiar com medidas concretas aqueles que assim consigam trabalhar, em vez de os discriminar (como tantas vezes acontece) face a hiperdivisões departamentais, de áreas disciplinares, e de centros de investigação que algumas vezes mais não são que o somatório dos docentes de uma Escola/Instituto?
6. Se a UMinho deve ser capaz de prestar serviços à comunidade, empresarializando algumas das suas estruturas, também deve gerir os seus meios financeiros rendibilizando convenientemente os seus recursos humanos e físicos. A título de exemplo, indicamos a plataforma e-learning, em que todos fomos compulsivamente implicados, que deveria ser construída por colegas nossos das áreas computacionais, em parceria com colegas de outros domínios científicos, de modo a ser facilmente utilizada por todos aqueles que a têm que usar.
7. Ser empreendedor de sucesso implica conhecer o público a que nos dirigimos, as suas virtudes e constrangimentos. A idade média dos docentes da UMinho tem vindo a aumentar (por circunstâncias que todos conhecemos), e estar continuamente a exigir adaptações tecnológicas anuais só pode estorvar o espaço mental e a concentração exigidas para a preparação de material pedagógico e científico.
8. Sem colocar em causa a sua missão, a universidade necessita de repensar e melhorar a sua oferta e diversificar os seus mercados. Muitos dos mercados e serviços em que não está ainda presente requerem estruturas, sistemas e estratégias que lhe confiram eficácia. Requerem uma abordagem empreendedora que incentive a inovação e contribua para uma maior dinâmica e satisfação dos seus diferentes públicos, incluindo os seus docentes e investigadores. As mudanças demográficas, económicas e sociais que já existem (e que tendem a dramatizar-se a curto e médio prazo) deverão alargar o tipo de população que pretendemos formar, dado a educação ser hoje internacionalmente concebida como ocorrendo ao longo de toda a vida.
9. Possibilitar a certificação de presença (estatuto de ‘ouvinte’) de pessoas em unidades curriculares isoladas, ou agrupadas em número insuficiente para constituição de um grau académico, estimular a criação de currículo pelos usuários da Universidade (independentemente da sua idade cronológica) recorrendo a todas as possibilidades que a UMinho possibilita, são potencialidades positivas do processo de Bolonha que estão por explorar nesta Instituição.

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