domingo, 17 de fevereiro de 2013

Lista B - Programa de candidaturas ao Conselho Geral e ao Senado 2013 (IV)

III. UMa estratégia de desenvolvimento
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1. Devendo ser construída a partir de um amplo envolvimento e movimento de reflexão no seio da academia minhota e para além dela, convocando a comunidade envolvente, a estratégia de desenvolvimento da UMinho deve filiar-se na realidade do que é ser uma Universidade do Século XXI. Esta, por contraponto da ditada pelos paradigmas científico-pedagógicos das universidades “escolástica” e “clássica”, é uma instituição em que: a) o conhecimento é criado através da investigação científica e na qual uma renovada dinâmica se institui entre a investigação e desenvolvimento, inovação e transferência: b) a formação académica se insere no processo de criação de conhecimento e da sua fundamentação; e c) a qualidade da ação formativa conduzida é avaliada pelos indicadores globalmente estabelecidos. Este desempenho pode ser aferido por indicadores a nível de financiamento captado em concorrência direta, de reconhecimento científico à escala internacional, de impacte direto na comunidade e de sucesso profissional dos seus alunos. Uma ligação forte à sociedade, sem limites geográficos, é uma prática que caracteriza as melhores universidades, tendo a UMinho um caminho já percorrido nalgumas áreas de conhecimento que interessa generalizar, reforçar e aprofundar.
2. Como poderemos concretizar o enunciado nos parágrafos imediatamente precedentes?
i) Identificando áreas de sucesso reconhecido à luz dos critérios atrás definidos;
ii) Empreendendo formas de reflexão-ação que dinamizem outras áreas que, sendo importantes nos domínios a) e b) do que foi enunciado no ponto anterior, parecem possuir na atualidade menor visibilidade;
iii) Definindo áreas prioritárias de desenvolvimento, enquadradas temporalmente, sem necessária exclusão de outras.
3. Do que tem emergido de alguma reflexão informal mantida na academia e de alguns resultados em matéria de investigação e desenvolvimento que têm surgido na comunicação social, parecem encaixar-se neste padrão de “Universidade do século XXI” áreas transversais, estando, entre outras, a dos materiais, a dos bio-materiais, alguns segmentos da área da saúde, a das nanotecnologias, a das tecnologias de informação, a do planeamento e ordenamento do território, a do ambiente, a da produção de energia e seu uso eficiente, e a dos serviços tecnológicos e organizacionais.
4. Quaisquer que sejam as áreas estratégicas a relevar, estas não poderão desenvolver-se sem que se invista, no horizonte mais próximo, no reforço da investigação científica e no estabelecimento de programas de pós-graduação nas áreas com maior protagonismo e reconhecimento. Para tanto, as estruturas de suporte deverão, por um lado, adquirir um papel central na configuração dessa oferta de conhecimento, no próprio governo da universidade e das suas unidades orgânicas de ensino e de investigação. Devem também estabelecer planos de desenvolvimento que lhes permitam adquirir a dimensão necessária para se tornarem ainda mais competitivas no universo das entidades que com elas concorrem. Este processo permitirá viabilizar a sua própria constituição como unidades orgânicas autónomas, requisito necessário para que possam gerir com eficácia os recursos e os projetos gerados pela sua atividade e pelos quais sejam responsáveis.
5. O que é válido em matéria de investigação e de serviços tecnológicos também se aplica às unidades de ensino. A autonomia orgânica, administrativa e financeira das unidades de ensino e investigação facilitará o desenvolvimento do ensino e da investigação e evitará a fragmentação e, nalguns casos, a duplicação de áreas científicas, que, não raras vezes, concorrem nos mesmos mercados de formação. Em diálogo com os interessados, deverão procurar-se soluções que permitam reforçar os potenciais científicos e de formação.
6. As condições que facilitem a reunião de massas críticas a nível de ensino, de investigação e de prestação de serviços não serão suficientes para ter uma universidade capaz de trilhar o percurso que a afirme como uma universidade dinâmica, ousada e flexível. Um outro requisito será o modelo de governação, que terá que ser, ele próprio, flexível, dotado de eficácia, capaz de comunicar com a sociedade, as empresas e as demais organizações relevantes para a prossecução dos seus objetivos. Desse ponto de vista, modelos pesados, burocráticos, mesmo que aparentemente democráticos, têm conduzido a práticas de gestão que não têm contribuído para gerar soluções de desenvolvimento sustentado. A representação da comunidade académica deve andar a par de fórmulas de gestão que aliem sentido estratégico, operacionalidade e eficácia. A mobilização da comunidade académica tem que fazer-se em torno de metas que sejam entendidas, adotadas e perseguidas por todos e que sejam comunicadas à sociedade.
7. Não rejeitamos a história da UMinho mas entendemos que não faz sentido que a Universidade se assuma como uma ilha, procurando fugir a dar a devida atenção à realidade do presente e aos desafios do futuro. Fazendo-o, além de hipotecar o presente, corre sério risco de não ter futuro e, desse modo, falhar no cumprimento da missão que lhe está reservada, com expressão na respetiva ação social, nas distintas dimensões que a configuram - oferta formativa, produção de conhecimento, extensão universitária e animação cultural.

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