III. UMa estratégia de desenvolvimento
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1. Devendo ser
construída a partir de um amplo envolvimento e movimento de reflexão no seio da
academia minhota e para além dela, convocando a comunidade envolvente, a
estratégia de desenvolvimento da UMinho deve filiar-se na realidade do que é
ser uma Universidade do Século XXI. Esta, por contraponto da ditada pelos
paradigmas científico-pedagógicos das universidades “escolástica” e “clássica”,
é uma instituição em que: a) o conhecimento é criado através da investigação
científica e na qual uma renovada dinâmica se institui entre a investigação e
desenvolvimento, inovação e transferência: b) a formação académica se insere no
processo de criação de conhecimento e da sua fundamentação; e c) a qualidade da
ação formativa conduzida é avaliada pelos indicadores globalmente
estabelecidos. Este desempenho pode ser aferido por indicadores a nível de
financiamento captado em concorrência direta, de reconhecimento científico à
escala internacional, de impacte direto na comunidade e de sucesso profissional
dos seus alunos. Uma ligação forte à sociedade, sem limites geográficos, é uma
prática que caracteriza as melhores universidades, tendo a UMinho um caminho já
percorrido nalgumas áreas de conhecimento que interessa generalizar, reforçar e
aprofundar.
2. Como
poderemos concretizar o enunciado nos parágrafos imediatamente precedentes?
i) Identificando
áreas de sucesso reconhecido à luz dos critérios atrás definidos;
ii) Empreendendo
formas de reflexão-ação que dinamizem outras áreas que, sendo importantes nos
domínios a) e b) do que foi enunciado no ponto anterior, parecem possuir na
atualidade menor visibilidade;
iii) Definindo
áreas prioritárias de desenvolvimento, enquadradas temporalmente, sem
necessária exclusão de outras.
3. Do que tem
emergido de alguma reflexão informal mantida na academia e de alguns resultados
em matéria de investigação e desenvolvimento que têm surgido na comunicação
social, parecem encaixar-se neste padrão de “Universidade do século XXI” áreas
transversais, estando, entre outras, a dos materiais, a dos bio-materiais,
alguns segmentos da área da saúde, a das nanotecnologias, a das tecnologias de
informação, a do planeamento e ordenamento do território, a do ambiente, a da
produção de energia e seu uso eficiente, e a dos serviços tecnológicos e
organizacionais.
4. Quaisquer que
sejam as áreas estratégicas a relevar, estas não poderão desenvolver-se sem que
se invista, no horizonte mais próximo, no reforço da investigação científica e
no estabelecimento de programas de pós-graduação nas áreas com maior
protagonismo e reconhecimento. Para tanto, as estruturas de suporte deverão,
por um lado, adquirir um papel central na configuração dessa oferta de
conhecimento, no próprio governo da universidade e das suas unidades orgânicas
de ensino e de investigação. Devem também estabelecer planos de desenvolvimento
que lhes permitam adquirir a dimensão necessária para se tornarem ainda mais
competitivas no universo das entidades que com elas concorrem. Este processo
permitirá viabilizar a sua própria constituição como unidades orgânicas
autónomas, requisito necessário para que possam gerir com eficácia os recursos
e os projetos gerados pela sua atividade e pelos quais sejam responsáveis.
5. O que é
válido em matéria de investigação e de serviços tecnológicos também se aplica
às unidades de ensino. A autonomia orgânica, administrativa e financeira das
unidades de ensino e investigação facilitará o desenvolvimento do ensino e da
investigação e evitará a fragmentação e, nalguns casos, a duplicação de áreas
científicas, que, não raras vezes, concorrem nos mesmos mercados de formação.
Em diálogo com os interessados, deverão procurar-se soluções que permitam
reforçar os potenciais científicos e de formação.
6. As condições
que facilitem a reunião de massas críticas a nível de ensino, de investigação e
de prestação de serviços não serão suficientes para ter uma universidade capaz
de trilhar o percurso que a afirme como uma universidade dinâmica, ousada e
flexível. Um outro requisito será o modelo de governação, que terá que ser, ele
próprio, flexível, dotado de eficácia, capaz de comunicar com a sociedade, as
empresas e as demais organizações relevantes para a prossecução dos seus
objetivos. Desse ponto de vista, modelos pesados, burocráticos, mesmo que
aparentemente democráticos, têm conduzido a práticas de gestão que não têm
contribuído para gerar soluções de desenvolvimento sustentado. A representação
da comunidade académica deve andar a par de fórmulas de gestão que aliem
sentido estratégico, operacionalidade e eficácia. A mobilização da comunidade
académica tem que fazer-se em torno de metas que sejam entendidas, adotadas e
perseguidas por todos e que sejam comunicadas à sociedade.
7. Não
rejeitamos a história da UMinho mas entendemos que não faz sentido que a
Universidade se assuma como uma ilha, procurando fugir a dar a devida atenção à
realidade do presente e aos desafios do futuro. Fazendo-o, além de hipotecar o
presente, corre sério risco de não ter futuro e, desse modo, falhar no cumprimento
da missão que lhe está reservada, com expressão na respetiva ação social, nas
distintas dimensões que a configuram - oferta formativa, produção de
conhecimento, extensão universitária e animação cultural.
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