Colegas,
Manifesto a minha indignação pelo brutal corte dos subsídios de Férias e de Natal, previsto para o próximo ano.Trata-se de mais uma medida injusta e que somada a outras tomadas recentemente, nos empobrece, em média 25%.
Será isto aceitável? Porque se mantém a academia silenciosa?
Envio, em anexo, um texto que publiquei hoje num diário a propósito deste assunto.
É pouco, mas se todos reagissem às injustiças, certamente não aconteciam com esta desfaçatez, ligeireza e demagogia. Tratam-nos como parvos.
Lamento estar a financiar os bancos e quem sabe ter que vir a vender património porque não posso pagar-lhes as dívidas.
Peço desculpa por invadir a vossa caixa de correio, mas ainda acredito que “ninguém comete erro maior do que aquele que nada fez, porque era pouco o que podia ter feito (não sei se é esta a citação correta)”.
Uma boa noite para todos/as.
Precioso
Anexo:
«Quando oiço alguns comentários que a minha geração faz da geração dos meus filhos, fico com a ideia que fomos ou somos a última geração de intelectuais; o último espécime do Homo sapiens sapiens. Descrevemos as crianças e os adolescentes de agora, como uma cambada de indigentes, um bando de preguiçosos, um conjunto de boémios que não sabem fazer nada: não estudam, são uns ignorantes; não trabalham, andam sempre bêbados, etc.
Mas será que nós éramos e somos melhores do que os adolescentes são agora? Esta crónica tem dois objectivos: desfazer alguns mitos urbanos e fazer-nos refletir se esta geração é muito pior do que a nossa. Vamos aos factos. É usual ouvir-se frases como esta: “No meu tempo o ensino era muito mais exigente. Nós sabíamos muito mais do que estes miúdos agora”. Falso. No meu tempo, começávamos as aulas no dia 10 de Outubro, tínhamos que esperar por Novembro ou Dezembro para termos todos os professores e tínhamos “feriado” quando faltava um professor. “Agora é um facilitismo atroz. Passa tudo.” Mentira. A taxa de retenções no 9º ano ainda há bem pouco tempo era de cerca de 20% ou seja, reprovava um em cada cinco alunos. As médias dos exames nacionais do ensino secundário na área das ciências são negativas. Em disciplinas como a Física e Química, a Matemática e a Biologia e Geologia, reprovariam (se apenas contasse a nota de exame) mais do que 50% dos alunos. Não há portanto o facilitismo que alguns apregoam.
Estes indicadores desmentem essa afirmação. Desafio alguns políticos que passam a vida a falar do facilitismo (incluindo o Ministro da Educação e o Ministro da Defesa) a submeter-se aos atuais exames de Português, de Matemática, de Física e Química, de Biologia, etc, para ver se os resolviam com boas notas. No meu tempo dispensava-se de exame às atuais disciplinas do 12º ano com média de 14 valores. Entrava-se para a faculdade de medicina com média de 14 ou menos. Agora os alunos entram com médias superiores a 18 valores. Foi devido ao facilitismo do passado, que infelizmente temos uma geração de políticos que na sua generalidade e sobretudo os que têm passado pelo poder, não passam de uns vendedores de ilusões, pouco mais qualificados que os propagandistas que vendem na feira (sem desprimor para estes últimos, pois a maioria não estudou). Prometem (sobretudo antes das eleições) o que não cumprem, mal se apanham no poder.
A nossa geração devia ter vergonha quando critica a atual. No governo, temos um conjunto de políticos que prometeram uma coisa antes das eleições e agora estão a fazer o contrário do prometido. “Juraram” que não iam aumentar impostos e passados uns dias estão a fazer o contrário. Agora fizeram um verdadeiro “assalto” aos funcionários públicos, que é um verdadeiro golpe de política baixa. Se o estado não tem dinheiro e está endividado, então tem que chamar todos os portugueses, especialmente os que têm mais dinheiro, a participar na resolução da dívida. Que razão que justifica que sejam os professores, os médicos, os trabalhadores das finanças e outros grupos profissionais que têm neste momento o azar de trabalhar para o estado, a pagar as dívidas contraídas pelos governos? Será que só eles é que utilizam as estradas, os hospitais, as escolas e universidades, os centros de saúde e outros serviços? Porque é que os funcionários do estado que ganham mais do que 1 000 euros ficam sem subsídios? Porque não revertem os subsídios de quem ganha mais de 1000 euros no setor privado para o estado? Porque com esta medida o governo ganha votos. É novamente o “malandro” do funcionário público (pois em Portugal o funcionário público foi diabolizado pela mediocridade dos políticos que nos (se) têm governado), o “burguês” que ganha muito mais do que os outros e trabalha muito menos, que tem todo o tipo de mordomias, que tem que pagar. Que argumentos idiotas fundamentam esta discriminação. Só mesmo de um primeiro ministro que não tem a menor capacidade de argumentar e se deixa manobrar pelo ministro da propaganda. É bem fruto de um sistema de ensino que desenvolvia tudo menos a capacidade de raciocinar e argumentar.
Professores, médicos, enfermeiros e todos os que trabalham para o estado, sentem-se desrespeitados, humilhados, discriminados e sobretudo injustiçados. Com esta medida, em breve teremos professores, médicos e outros funcionários públicos a terem que vender as suas casas, porque não podem pagar as dívidas ao banco. Claro que não é fácil desmontar toda a máquina de propaganda que o governo dispõem para vender a inevitabilidade destas medidas e a sua justeza.
Tenho esperança que a geração atual que raciocina muito melhor do que a nossa, alavanque a mudança. Pois se estamos à espera da minha para alterar esta injustiça bem podemos esperar sentados. Não somos nem nunca fomos a última geração de intelectuais. Muito pelo contrário. Somos acomodados e cobardolas. Termino reafirmando que é tempo de os governantes que chegam ao poder e não honram as promessas que fizerem, serem destituídos. Basta de políticos sem palavra.
José Precioso»
(reprodução integral de mensagem, de distribuição universal na rede da UMinho, que nos caiu entretanto na caixa de correio electrónico)
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