«A Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) acusou a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) de ter excluído do último concurso cerca de 600 candidatos sem sequer os avaliar. "Foi um processo para excluir pessoas com base em questões administrativas e burocráticas. Isto nunca aconteceu nos outros anos", disse André Janeco, presidente da ABIC, durante uma concentração que decorreu esta quinta-feira junto às instalações da FCT, em Lisboa. Uma das bolseiras excluídas foi Audria Leal, de nacionalidade brasileira. "Segundo a FCT fui excluída porque não apresentei a certidão de residencia, só que a certidão não fazia parte dos documentos exigidos a quem, como eu, tem uma candidatura apoiada por uma instituição de acolhimento", disse. Audria é casada com um português e tem certidão de residência permanente. Enviou duas vezes a certidão por e-mail mas de nada serviu. Ontem, durante a concentração, apresentou diretamente a certidão nos serviços da FCT. "Disseram-me que agora tenho de esperar". Confrontada pelo CM, a FCT garantiu que "a exclusão de candidatos por não cumprimento dos requisitos de admissibilidade não é inédita". "Os concursos da FCT envolvem sempre um passo de verificação da admissibilidade das candidaturas, com base em critérios de natureza administrativa (submissão de documentos, indicação do orientador, etc) e outros de natureza científica (produção científica, por exemplo)", afirma a FCT. A entidade que gere o sistema científico nacional diz que os candidatos tinham até esta quinta-feira para recorrer e promete analisar também as exclusões por erros administrativos. "A FCT abriu a possibilidade a todos os candidatos que submeteram candidaturas no concurso de 2014 de se pronunciarem sobre a decisão tomada, no período de Audiência Prévia que hoje termina. Todos os pedidos serão analisados, no sentido de identificar eventuais erros (técnicos, administrativos, de avaliação) e corrigi-los." A ABIC afirmou que cerca de 4 mil candidatos foram excluídos do concurso deste ano e lembrou que os bolseiros vivem situações precárias e nem sequer têm direito ao subsídio de desemprego. Muitos dos excluídos devido ao corte nas bolsas dos últimos anos tiveram de emigrar, sublinhou André Janeco, da ABIC. Apenas duas dezenas de bolseiros compareceram no protesto desta quinta-feira.»
(reprodução de notícia CORREIO DA MANHÃ, de 5 de Fevereiro de 2015)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]
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