«O presidente do CRUP não poupa críticas à avaliação das unidades de investigação encomendada pela Funação para a Ciência e Tecnologia.
Acha que o Governo pode recuar na avaliação das unidades de investigação que ameaça metade dos centros?
Desde o início que esse processo recebeu bastantes reservas por parte do Conselho de Reitores, que tomou uma posição pública numa carta onde se manifestam reservas quanto à qualidade desde processo. Foi uma oportunidade perdida para fazer uma grande reforma de todo o sistema. Temos expectativa que existirão medidas que o Governo poderá tomar, que possam ser anunciadas a breve prazo, para que pelo menos possam remediar alguns dos danos que o processo poderá causar no sistema.
Evitando que certos centros percam o financiamento?
A questão do número de centros que perde o financiamento é importante. Mas a discussão não é essa. Tudo faria sentido se houvesse um racional por detrás do que aconteceu e isso é o que tem que ser corrigido. Poderíamos dizer que o processo foi muito exigente ou pouco exigente, se ficaram mais ou menos centros de fora. Mas não se entende o que aconteceu.
Há quem defenda que a investigação deveria deixar de ser feita nas universidades?
Na Europa tem havido essa discussão. Mas as universidades hoje têm uma claríssima aposta na investigação. Essa é a grande diferença que as universidades têm em relação ao ensino politécnico. Certamente existirão centros de investigação fora das universidades, mas o esqueleto de 80% da investigação que se faz em Portugal é a universidade. O modo de construir programas fora das universidades, que tem existido no passado nas políticas da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), é algo que esperamos que seja corrigido. O Conselho de Reitores teve oportunidade de ter uma reunião com o presidente da FCT e colocar a questão que recebeu o seu acolhimento. Mas é preciso que seja transformado em questões práticas. Não estou a dizer que está tudo bem nas universidades. Há muito a fazer. Mas isso deve construir-se melhorando as universidades porque elas têm capacidade, o potencial e grupos de grande excelência. Mas dizer que é preciso construir um sistema fora das universidades, é profundamente errado! Os custos seriam incomportáveis.
(reprodução de entrevista ECONÓMICO online, de 3-2-2015)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]
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