«Os estudantes do Ensino Superior exigem ao primeiro-ministro uma reunião com caráter de urgência, devido à situação atual do ensino. E asseguram que, caso não tenham resposta por parte de Pedro Passos Coelho, poderão recorrer a ações de força.
O ultimato foi feito por uma comissão composta por treze associações de estudantes de todo o país, que ontem divulgaram uma carta aberta em Coimbra. "Continuamos a investir menos que a maioria dos países da União Europeia no Ensino Superior, temos uma das propinas mais elevadas da Europa, um sistema da Ação Social Escolar obsoleto e ineficaz e a realidade do abandono escolar, do desemprego jovem e da emigração", pode ler-se na carta. Lamentam ainda que a educação não seja vista como uma prioridade, pois "um licenciado devolve, em média, três vezes mais ao Estado do que aquilo que o Estado investiu nele".
O presidente da Federação Académica do Porto, Rúben Alves, lembra os "mais de 1500 pedidos de bolsa de estudo que foram indeferidos" devido a uma situação contributiva ou tributária irregular, destacando que os alunos são os menos responsáveis por essa situação. "Voltámos ao tempo antes do 25 de Abril, com a distinção entre os filhos legítimos e ilegítimos", considera.
Os estudantes não definem um prazo para a marcação da reunião nem especificam que tipo de ações poderão levar a cabo caso não sejam ouvidos. "O caráter é urgente, não é necessário definirmos um prazo. Acreditamos que teremos resposta do primeiro-ministro e queremos ser parte da solução, mas as respostas às nossas propostas têm sido nulas, o que nos poderá fazer tomar uma posição diferente", avisa o presidente da Direção--Geral da Associação Académica de Coimbra, Ricardo Morgado. Rúben Alves alerta que o movimento associativo tem tentado ter uma postura construtiva na solução dos problemas do setor, mas não tem havido recetividade.
A comissão foi constituída no último Encontro Nacional de Direções Associativas, que teve lugar em Setúbal entre 8 e 10 de março, e onde participaram cerca de 60 associações de estudantes. O anúncio do ultimato a Pedro Passos Coelho foi feito ontem, durante o 51.o aniversário do Dia do Estudante. Ricardo Morgado entende que não há comemoração da data por parte dos estudantes "porque não há muito para comemorar".
O atual período de férias é, para o dirigente máximo da Academia de Coimbra, "um momento em que muitos alunos estão a avaliar se valerá a pena continuar no Ensino Superior".»
(reprodução de notícia Jornal de Notícias online, de 2013-03-25 - João Pedro Campos)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]
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