No quadro da discussão e
votação do “Plano Estratégico da Universidade do Minho (2013-2020)”, em sede de reunião do Conselho Geral (CG) da
Universidade do Minho (UMinho) realizada a 3 de Dezembro de 2012, declaro que
votei contra a proposta submetida a votação pelas seguintes razões:
i) porque entendo que esse
documento orientador da actividade futura da Universidade do Minho devia
emergir de uma participação alargada da Academia e do debate na Instituição de visões diferentes sobre o que se pretende que
a UMinho seja em 2020, conforme também o admitiu o Reitor perante o Conselho
Geral em sucessivas ocasiões, o que, no meu entender, o documento agora sujeito
a votação não configura, desde logo porque os próprios membros do Conselho
Geral só em véspera da reunião do órgão em que se procedeu à votação puderam
aceder à versão a ser referendada;
ii) porque, pese a
ocasião tardia em que a informação de apoio aos pontos em agenda na reunião do
CG foram disponibilizados, o que se pediu aos membros do órgão é que
deliberassem sobre documentos que vão pouco além de "power points", o que, do meu
ponto de vista, não contribui para dignificar o Conselho Geral;
iii) porque,
tecnicamente, o documento posto à apreciação do órgão apresenta fragilidades
várias e não é facilmente interpretável, em parte, em razão do formato em que
se apresenta; a título de exemplo, anote-se que mesmo no Doc.1 (Plano
Estratégico 2013-2020 crescimento sustentado para cumprir o futuro [VERSÃO
0.1]), se enunciam "princípios" nas páginas 3 e 4, "princípios
estratégicos" na página 12, e "princípios institucionais" também
na página 12, acabando por não se perceber rigorosamente que objectivos são visados,
com a excepção de um que é enunciado, embora com insuficiente destaque no dito
documento, que é "O crescimento sustentado da Universidade";
iv) acresce que o
objectivo explicitamente assumido, antes referido, não me parece
suficientemente fundamentado na realidade sóciodemogáfica nacional e na clara
inventariação dos projectos/cursos que suportarão esse crescimento; o adjectivo
sustentado empregue oferece-se-me, assim, como uma muleta da afirmação de um
projecto de crescimento do numero de alunos, a todo o custo, e não como expressão
da solidez do crescimento que, a meu ver, se deveria visar;
v) porque entendo que
um "princípio" enunciado a abrir o documento que identifiquei acima
como Doc.1, a saber, cito, "universidade
participada e descentralizada, ou seja, como universidade que promove, no
quadro estatutário, a intervenção de todos os seus membros e corpos, no debate
e escolha das opções que melhor se adeqúem à prossecução da sua missão",
não me parece que venha sendo
suficientemente cultivado na UMinho e tenho dificuldade em percebê-lo como algo
que se deva só projectar no horizonte de 2020; finalmente,
vi) porque a proposta
do Reitor ignora no essencial o contributo em matéria de diagnóstico da
realidade da Instituição e de formulação estratégica que foi possível recolher
da Academia, no contexto de consulta promovida acerca de um ano pelo Conselho
Geral, não se me oferecendo válido o argumento de que faltavam a esses
contributos um enfoque estratégico; querendo captá-lo, esse pensamento
estratégico transparecia de forma óbvia no que à organização da Instituição e
dos seus serviços dizia respeito, aparte o planeamento e a gestão dos próprios campi, que também são dimensão central
da eficácia da organização, e da respectiva atractividade e imagem veiculada;
vii) refira-se a propósito
do que se assinala no número precedente que as experiências melhor sucedidas em
matéria de planeamento socioeconómico apontam no sentido de que é preferível
partir da percepção e da capacidade de identificação dos agentes com os
processos de transformação e reorganização estrutural do que da aposta em metas
muito ousadas ou ambiciosas, podendo estas emergir a partir de determinado
momento do ciclo de desenvolvimento da organização em razão da capacidade
colectiva de realização que seja alcançada.
Braga, 3 de Dezembro
de 2012
O vogal do Conselho Geral da UMinho
J. Cadima Ribeiro
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