«Uma equipa de investigadores, técnicos e representantes da Associação Académica da Universidade de Évora analisou as causas do abandono escolar na instituição. As conclusões traduzem-se agora num conjunto de recomendações que se pode enquadrar na realidade de outras universidades.
Mais da metade dos antigos alunos da Universidade de Évora desistiu do curso por motivos económicos ou profissionais, nos últimos três anos, sendo que a taxa de abandono escolar ronda os 20%. As desistências são mais elevadas no caso dos mestrados e doutoramentos e quanto maior a duração dos apoios sociais a usufruir pelo estudante menor é a proporção de abandono escolar.
As conclusões constam de um estudo levado a cabo pelo Grupo de Trabalho para Identificação das Causas do Abandono Escolar na Universidade de Évora, apresentado na última semana à comunidade académica.
Após a saída do Ensino Superior, cerca de 80% dos estudantes que anulou a matrícula na Universidade de Évora, entre 2011 e 2015, indicaram sentimentos como «tristeza, frustração ou desilusão, sendo diminuta a percentagem dos que referem alívio ou contentamento», afirma Rosalina Costa, vice-reitora para a Educação, Formação Graduada e Pós-graduada da Universidade de Évora e coordenadora do estudo, em entrevista ao Canal Superior.
É preciso «insistir na importância do apoio social»
No caso das licenciaturas, os aspetos mais «importantes» para a inativação da matrícula prendem-se com a «motivação para o curso, as infraestruturas e equipamentos da universidade» e pelo facto dos estudantes estarem numa «fase de transição e integração».
Para quem desiste durante o mestrado integrado, os motivos estão relacionados com a estrutura curricular, o funcionamento do curso e o «desempenho dos docentes», enquanto nos mestrados, as razões estão, sobretudo, ligadas à tese, estágio ou trabalho de projeto.
No que se refere à desistência ao nível de doutoramento, o estudo aponta a situação profissional do estudante como a principal causa para o abandono da universidade.
«De todo o modo e porque os motivos económicos são muitas vezes referidos, vale a pena insistir na importância do apoio social. Apenas 5,4% dos estudantes de licenciatura que receberam bolsa da Direção-Geral do Ensino Superior ficaram inativos, contra 15,1% que ficaram inativos de entre os que não tiveram qualquer tipo de apoio social», constata Rosalina Costa, ao Canal Superior.
Por outro lado, acrescenta ainda a vice-reitora da Universidade de Évora, nenhum dos alunos abrangidos pelos programas sociais da instituição desistiu do Ensino Superior.
Abandono: complexo e urgente
Tratando-se o abandono escolar de um fenómeno complexo, «transversal» às várias instituições de Ensino Superior e cujo combate deve ser encarado com «urgência» pelos agentes do setor, o grupo de trabalho propõe um conjunto de medidas a serem implementadas a curto, médio e longo prazo.
Entre as recomendações constam ações de sensibilização e monitorização do abandono escolar, a redefinição dos moldes da receção aos estudantes, a criação de um sistema de alertas eletrónicos com base no desempenho académico e a implementação de uma aplicação informática para os estudantes gerirem o seu orçamento.
«O estudo das causas do abandono no Ensino Superior e consequente ação revela-se particularmente importante no contexto de uma região deprimida como a região do Alentejo. Aqui, mais do que em qualquer outro contexto, a qualificação dos recursos humanos afigura-se decisiva para ultrapassar as limitações impostas pela forte desertificação humana e fraca dinâmica empresarial», remata Rosalina Costa.»
(reprodução de notícia Canal Superior, de 11/02/2016)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]
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