«Nova direção da Fundação para a Ciência e a Tecnologia toma posse na próxima semana.
Paulo Ferrão, professor e investigador do Instituto Superior Técnico (IST) e, desde 2006, diretor do Programa MIT-Portugal, será o novo presidente da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), a agência pública que financia o sector científico. O novo Conselho Diretivo da FCT, que integra também Miguel Castanho como vice-presidente e Isabel Ribeiro e Ana Sanchez como vogais, foi aprovado hoje em Conselho de Ministros e toma posse na próxima semana.
A nomeação da nova direção da FCT culmina um processo iniciado a 15 de dezembro, por iniciativa do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, que criou nessa altura um grupo de reflexão para definir o perfil da nova direção e os princípios orientadores daquele organismo, com o objetivo de "restabelecer a confiança entre FCT e a comunidade científica, que nos últimos anos via a FCT como um organismo que se opunha a ela e ao trabalho", como afirmou na altura o ministro ao DN.
Uma avaliação ao sector científico encomendada pela FCT à European Science Foundation, em 2013, e recentemente concluída, foi muito criticada pela comunidade de investigadores, por falta de transparência, e tornou-se no maior ponto de conflito entre cientistas e FCT, na altura presidida pelo investigador Miguel Seabra.
Uma das regras estabelecidas pela FCT para a avaliação, de que apenas metade das unidades de investigação deveria passar à segunda fase, perdendo as restantes direito a financiamento anual, causou a indignação generalizada no setor científico, mas a irregularidade na abertura de concursos para projetos e os cortes drásticos no número de bolsas de formação avançada também marcaram negativamente a presidência de Miguel Seabra na FCT. Foi esta desconfiança que o ministério da Ciência quis sanar, ao lançar o processo de reflexão antes da nomeação da nova direção da FCT.
Constituído por 38 investigadores de todas as áreas científicas e de todas as regiões do país, incluindo personalidades como o patologista Manuel Sobrinho Simões, a especialista em malária Maria Mota, o físico Carlos Fiolhais, o historiador Vítor Serrão ou o sociólogo Boaventura Sousa Santos, o grupo de reflexão reuniu contributos de inúmeros grupos e equipas de investigação de todo o país e apresentou esta semana as conclusões ao ministro. Além destes, pronunciaram-se também sobre o futuro da FCT os conselhos científicos da FCT, o Conselho de Reitores da Universidades Portuguesas, o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, o Fórum dos Conselhos Científicos dos Laboratórios do Estado ou ainda, entre outros, a Associação de Bolseiros de Investigação Científica e a Associação Nacional de Investigadores em Ciência e Tecnologia.
Paulo Ferrão, que assume a presidência da FCT na próxima semana, é professor catedrático no Técnico, Universidade de Lisboa, onde dirige a Iniciativa em Energia do IST, o Programa de Doutoramento em Sistemas Sustentáveis de Energia e o centro de investigação IN +, Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento. Desde 2006 é também diretor do Programa MIT-Portugal, uma parceria estratégica entre o Massachusetts Institute of Technology (MIT) dos Estados Unidos, e várias universidades e instituições portuguesas, promovida pela FCT.
Especialista em energia e da ecologia industrial e gestão de resíduos, foi ainda coordenador dos grupos de trabalho que elaboraram o PNGR-Plano Nacional de Gestão de Resíduos e o PERSU 2020 - Plano estratégico para os resíduos urbanos. É membro de várias associações e academias científicas internacionais.
Miguel Castanho, que será vice-presidente, é professor catedrático de Bioquímica da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa desde 2007 e assumiu as funções de subdiretor em 2011. Coordena ainda um grupo de investigação no Instituto de Medicina Molecular, na Universidade de Lisboa.»
(reprodução de notícia DIÁRIO DE NOTÍCIAS online, de 5 de fevereiro de 2016)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]
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