«Reitores e presidentes dos politécnicos estão a analisar os dados da tutela e detectaram "incongruências".
De acordo com o cálculo do ministério, entre as 33 instituições analisadas há 20 universidades e politécnicos onde aumentou a taxa média de desemprego face ao ano passado. Resultados que as instituições contestam, dizem ser incompletos e que ainda podem vir a ser alterados por terem sido encontradas algumas "incongruências".
Com algumas alterações no topo da tabela face ao ano passado, voltam a ser as instituições das regiões norte e interior as mais afectadas pelo desemprego.
Indicador que tanto as universidades como os politécnicos dizem ser "um fenómeno regional" e que não reflectem necessariamente a qualidade das instituições. As instituições com mais desemprego "estão nas regiões onde a taxa de desemprego é mais elevada" o que "influencia extremamente" os resultados, alerta o presidente do Conselho de Reitores, António Cunha, também reitor da Universidade do Minho. Opinião partilhada pela vice-presidente do Politécnico do Cávado e Ave, Patrícia Gomes, e pelo presidente do Politécnico de Setúbal, Pedro Dominguinhos, para quem este "fenómeno regional" está associado "ao mercado de trabalho de cada região e não à instituição ou curso em si".
Tal como no ano passado, as universidades e os politécnicos apontam algumas falhas e lapsos ao método utilizado pelo ministério para calcular a taxa de empregabilidade dos cursos. Nas contas da tutela foram tidos em conta o número de diplomados entre os anos lectivos de 2009/2010 e de 2012/2013 e o número de licenciados que estavam inscritos nos centros de emprego (IEFP) a 31 de Dezembro de 2014. Os dados - a que o Económico teve acesso - estão agora a ser analisados pelas universidades e politécnicos que têm até dia 3 de Junho para enviar um parecer ao Ministério da Educação mas já foram encontrados alguns "lapsos".
"Há incongruências entre os nossos dados e os enviados" pelo Ministério da Educação, diz Patrícia Gomes, que acrescenta ainda que "não é claro se o número de diplomados tidos em conta diz respeito ao ano civil ou lectivo". Uma diferença que pode alterar os resultados, explica.
Também na Universidade de Alto Douro e Trás-os-Montes (UTAD) foram encontrados alguns "lapsos" e só três dos 30 cursos da universidade foram contabilizados "de forma correcta". Segundo o vice-reitor da UTAD, João Coutinho, a tutela "não teve em conta a totalidade dos diplomados da universidade durante os quatro anos devido à alteração dos códigos dos cursos". No total a UTAD conta com cerca de "3.700 diplomados e não com 1.200" como indicam os dados da tutela. Com este número a taxa de desemprego da universidade passa dos 11% "para os 3,8%", sublinha João Coutinho.
Além disso os reitores e os presidentes dos politécnicos dizem que o método está "incompleto", por não estarem contabilizados os recém-licenciados que emigraram, por exemplo. "Há muitos diplomados que emigraram e que não estão aqui contabilizados", alerta, Patrícia Gomes. E foi "precisamente nos anos de 2012 e 2013 que houve um grande fluxo de jovens a emigrar", sublinha ainda Pedro Dominguinhos.»
(reprodução de notícia Diário Económico online, de 28 de Maio de 2015)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]
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