sexta-feira, 15 de maio de 2015

"Que valem os ´rankings` académicos?"

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Estes rankings, todavia, não estão isentos de controvérsia, havendo até universidades que deliberadamente buscam manter-se fora deles, porque entendem que são injustos ou prejudicam os seus padrões de qualidade, como é o caso da Universidade de Wolverhampton do Reino Unido e do Reed College (Portland, Oregon) dos EUA, para dar apenas dois exemplos.
O académico alemão Max Otte, no seu ensaio de 2010 O crash da informação, assinalou que a ideia da criação de tais listas hierarquizadas surgiu no princípio do século XXI em resposta a uma necessidade sentida por cada vez mais pessoas de disporem de um “meio barato, rápido e eficiente” de obter informação útil em contextos onde a mesma sobre-abunda e onde por causa do ruído gerado pela publicidade, meios de comunicação e Internet se torna cada vez mais difícil confiarem nos seus próprios juízos.
Apareceram, desse modo, empresas especializadas na sua elaboração que, a prazo, originaram um domínio de negócio em contínua prosperidade. Elas servem-se de um modelo básico para a sua confeção: usando um conjunto de características selecionadas para avaliar as diferentes universidades, atribuem a cada uma delas uma classificação e depois retiram a respetiva média que funciona como expressão sintética do nível ou posição relativa de cada instituição no ranking.
Decorre da sua própria natureza, estas listas serem simplificadoras e, por consequência, redutoras, transmutando “enigmaticamente” propriedades em quantidades: a título ilustrativo, o “THE 100 under 50” recorre a 13 indicadores de performance agrupados em 5 áreas com diferentes pesos: ensino (30%), investigação (30%), citações (30%), inovação (2.5%) e internacionalização (7.5%). Elas procuram aparentar objetividade, mediante expressões numéricas, mas são profundamente subjetivas, porque resultam de apreciações de qualidades.
Além disso, elas afiguram-se cada vez mais parecidas, denotando, ao mesmo tempo, uma perda de diversidade na oferta formativa das universidades e a tendência das mesmas para a assumirem como mera mercadoria.
Enfim, será importante que as instituições de ensino superior reflitam seriamente se pretendem continuar a fazer esforços e sacrifícios para estar neste ou naquele ranking ou, alternativamente, se querem pugnar, em autonomia, pela excelência educativa.»

(reprodução parcial de artigo Correio do Minho online, de 2015/05/15)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

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