segunda-feira, 25 de maio de 2015

"A renovação do corpo docente das universidades e a informação"

«A renovação do corpo docente das universidades é uma necessidade imperiosa que  se pode comprovar facilmente pelos resultados a que conduz a não renovação. Por um lado, recusa-se às gerações novas o direito de acesso à docência  universitária  e, por outro, faz-se  com que as universidades fiquem cada vez mais nas mãos de gerações mais velhas que, sem deixar de terem importância (mal das universidades que desprezam o trabalho das gerações que têm saber e experiência) não podem monopolizar as instituições. É importante o equilíbrio e a comunicação entre as gerações mais novas e as mais  velhas.
É necessário que a política universitária do nosso país tenha isso em devida  conta. Consciente disso e com vista a aprofundar este tema e lutar pelo acesso das gerações novas às universidades (ao corpo docente das universidades), facto que era normal até acerca de alguns anos fiz a uma universidade as seguintes perguntas entre outras (não foram muitas) :
1)      Qual  a média de idade do corpo docente do quadro  da universidade?
2)      Qual a média de idade do corpo docente do quadro (desde professores auxiliares a catedráticos)  de cada uma das suas unidades orgânicas ?
Antes de avançar importa esclarecer para quem não está familiarizado com esta matéria que as unidades orgânicas (estruturas de ensino e investigação)  recebem várias denominações  conforme os estatutos das diversas universidades portuguesas. A designação faculdades é bem conhecida e é utilizada não só nas  universidades tradicionais (Lisboa, Porto e Coimbra) mas também, por exemplo, na Universidade da Beira Interior e do Algarve. Já na Universidade do Minho e na de Évora  chamam-se escolas e na Universidade de Aveiro,  departamentos.
Ora estas perguntas que formulei não foram devidamente respondidas, o que manifestamente não se compreende. Uma universidade deve ser transparente e não deve negar informação e ainda mais se é uma instituição pública. A recusa de informação pode ter por fundamento, é certo, o facto de ela não existir, não estar devidamente recolhida ou facilmente acessível. Mas se é disso que se trata, pior ainda. Devia ser recolhida de imediato e fornecida.
A informação tal como a opinião devem circular nas universidades e nas suas unidades orgânicas com largueza . Quando tal não sucede, algo de preocupante se passa.
Uma palavra ainda para dizer que as gerações novas têm muito a dizer nesta matéria. De que estão à espera para lutar por aquilo que é um direito que lhes pertence? Se é bem verdade que os tempos não estão fáceis, isso não deve ser motivo para baixar os braços e aceitar como inevitável o que inevitável não é.

                 António Cândido de Oliveira
                acmoliveira2011@gmail.com»

(reprodução de texto do autor identificado publicado em Diário do Minho, em 21 de maio de 2015)

Sem comentários:

Enviar um comentário