«Até dia 17 de abril, um conjunto de iniciativas, distribuídas por várias universidades do país, vai dar conta da indignação dos estudantes
A UMinho foi uma das instituições de ensino superior portuguesas que assinalaram o Dia Nacional do Estudante, com um conjunto de iniciativas que visam dar “Voz aos Estudantes”. As atividades tiveram início esta terça-feira, dia 23 de março, e prolongam-se até ao dia 17 de abril, altura em que se assinala o aniversário da crise académica de 1969.
Promover a interação com e entre os estudantes, sensibilizando-os para os principais problemas do universo académico, é o principal objetivo da iniciativa que, entre os dias 23, 24 e 25 deu lugar a um conjunto de ações locais, em várias universidades nacionais.
Na UMinho, os estudantes lançaram um conjunto de questões, que aludem aos problemas que mais os preocupam: “Porque há atrasos no pagamento de bolsas?”; “Porque não há bolsas para quem precisa?”; “Porque continua a haver estudantes a abandonar os estudos?”; “Porque não há dinheiro para a Educação Superior?”; “Porque não encontro trabalho no final do meu curso?”; E, “Porque é que temos as propinas mais caras da Europa?”.
Um pouco por toda a academia minhota, os jovens ergueram cartazes de protesto, onde se podiam ler tais perguntas. A manifestação silenciosa ficou registada em fotografias, publicadas no Facebook, na página oficial do Dia Nacional do Estudante, de maneira a ampliar a visibilidade das ações.
Beatriz Oliveira, aluna do 1º ano de Ciências da Comunicação, gostou “bastante da iniciativa”, que considerou “original”. A jovem destaca a pertinência das questões, partilhadas através de cartazes, uma vez que remetiam para problemas com os quais os estudantes se identificam. “Sentimo-nos quase ‘obrigados’ a pegar num cartaz e a tirar uma fotografia, para conseguirmos chegar a quem pode mudar aquilo que achamos que está mal”, explicou. Também Diogo Vieira, estudante do mesmo curso, reforça o interesse da iniciativa, afirmando que “é bom ver alguém a defender os direitos e desejos dos estudantes do ensino superior”.
A Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) é uma das responsáveis pela organização da atividade. Para o presidente da AAUM, Carlos Videira, a primeira semana da campanha revelou-se “envolvente e construtiva”, tendo contado com a participação de muitos estudantes e de agentes destacados na área do ensino superior.
Videira salientou, ainda, a importância da celebração do Dia Nacional do Estudante através de um programa contínuo, capaz de promover um maior envolvimento da comunidade estudantil, e de sensibilizar a sociedade e os agentes do sistema para as principais dificuldades dos jovens universitários.
O programa foi apresentado na passada sexta-feira, dia 20 de março, no Salão Nobre da reitoria da Universidade do Minho, em Braga, numa sessão que contou com a participação de várias federações e associações académicas.
No Dia Nacional do Estudante, 24 de março, vários grupos representativos dos estudantes reuniram-se com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, para discutir alguns dos problemas, que preocupam os jovens portugueses, como o elevado desemprego, a falta de oportunidades profissionais, e o atraso no pagamento das bolsas de estudo. No encontro, o chefe do governo admitiu que os mais jovens foram “dos mais afetados pela crise”.
Ainda no dia 24 de março, e no âmbito das iniciativas ligadas à juventude, realizou-se, no Porto, a primeira conferência sobre “A importância da formação superior”, organizada pelo movimento associativo estudantil. Um evento que contou com a presença de figuras do ensino superior português.
O ciclo de conferências associadas ao Dia Nacional do Estudante continua, no dia 7 de abril, na Universidade de Lisboa, com o tema “Os desafios da representatividade estudantil”. No 14 de abril tem lugar a conferência “O impacto da crise nos estudantes do Ensino Superior – perspetivar o futuro”, em Évora.
“46 anos depois do 17 de abril” é mote da última conferência que decorre, precisamente, no dia 17 de abril, em Coimbra.
As federações e associações académicas e de estudantes enviaram ainda um pedido de audição ao Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, para o dia 17 de abril, aguardando, neste momento, a resposta da Casa Civil da Presidência da República.»
(reprodução de notícia ComUM Online, de 2015/03/29)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]
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