«Antigo reitor da Universidade de Lisboa critica ensino.
O antigo reitor da Universidade de Lisboa, António Sampaio da Nóvoa, criticou esta segunda-feira a inércia do sistema de ensino superior português, numa altura em que se produzem mudanças aceleradas por todo o mundo. "Há profundas mudanças a ocorrer que vão alterar quase tudo, mas em Portugal parecemos paralisados em burocracias", disse, na celebração dos 29 anos do Instituto Politécnico de Lisboa aquele que tem sido apontado como potencial candidato da esquerda às presidenciais, num discurso de 35 minutos em que repetiu várias vezes uma frase do ex-ministro da Educação do Brasil, Cristovam Buarque: "As instituições de ensino superior (IES) vão mudar mais nos próximos 30 anos do que mudaram nos últimos 300". Sampaio da Nóvoa lamentou as "burocracias, leis e regulamentos que asfixiam as IES em Portugal", bem como a continuidade da "relação vertical professor/aluno" e defendeu "o reforço da autonomia e a confluência das várias áreas do saber" . "A hesitação e a inércia matam neste país. O futuro continua a demorar muito tempo e nós não podemos esperar. É preciso coragem para encetar caminhos novos, não podemos desperdiçar este tempo, ninguém nos perdoaria, nem nós próprios", disse, Sampaio da Nóvoa que no final, confrontado pelo CM, escusou-se a comentar a possibilidade de se candidatar a Presidente da República. Vicente Ferreira, presidente do Politécnico de Lisboa, também foi muito crítico do actual Governo, acusando-o de "falta de coragem política para uma reorganização de fundo do ensino superior" e de adoptar "medidas avulsas, sem estratégia e de ataque ao ensino politécnico". "Portugal tem 13 IES por um milhão de habitantes, o dobro da média da União Europeia", disse. Demarcando-se das mudanças no acesso ao ensino superior defendidas pelo Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Vicente Ferreira defendeu contudo uma alteração no modelo de acesso (sem precisar qual) para aumentar as entradas em engenharias, actualmente condicionadas pela necessidade de obter nota positiva a Matematica: "Está a haver uma transferência das ciências e tecnologias para as ciências sociais, com aumento de jovens sem perspetiva de emprego. As empresas vão ter de começar a importar engenheiros". Vicente Ferreira considerou que "só por milagre" Portugal cumprirá a meta de 40% de diplomados em 2020. "Seria preciso haver 60 mil candidatos ao ensino superior, face aos atuais 40 mil", disse.»
(notícia Correio da Manhã online, de 24/03/2015)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]
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