Na anterior nota solta que publiquei, reportei-me ao processo
de auscultação da academia lançado pelo Conselho Geral há um par de meses,
tendo sublinhado, com satisfação, os aspectos seguintes:
i)
a circunstância de as abordagens da
problemática seguidas pelos diferentes grupos terem tendido a diferenciar-se, o
que me pareceu particularmente saudável, por permitir aproximações menos
ortodoxas à realidade existente ou a construir;
ii)
o facto das leituras feitas resultarem em análises de
situação bastantes distintas em matéria de funcionamento dos serviços e
estrutura orgânica, isto é, a realidade que é(foi) lida é(foi) expressão de uma
pluralidade de enfoques; ainda,
iii)
perceber-se que as leituras de situação feitas e as recomendações
elaboradas reflectiam amiúde um claro défice de informação sobre a universidade
e de reflexão sobre a problemática da sua gestão.
Redigi estas notas numa altura em que estavam ainda disponíveis
poucos relatórios dos grupos de trabalho, mas os primeiros sinais não
desafinaram do grosso que pude ler a seguir. A isso me referi em “comunicado”
distribuído na passada 5ª feira na rede electrónica na UMinho em mensagem que redigi conjuntamente
com o colega Fernando Castro, onde, como não podia deixar de ser, a primeira
nota serviu para enaltecer a generosidade e a boa vontade dos participantes
neste exercício de democracia e de cidadania, esta, tão pouco estimulada na
instituição.
Agradecer a colaboração dada à instituição e dar a todos notícia
da riqueza dos contributos produzidos eram uma obrigação dos representantes máximos
da instituição e uma forma de reafirmar que o exercício feito não tinha sido
gratuito, quer dizer, os contributos recolhidos em matéria de diagnóstico e de
propostas de acção não eram para guardar no saco das coisas que não valem nada.
Que podia(pode) ser esse o destino de todo o trabalho feito,
nunca se me afastou do pensamento. No limite do que estivesse ao meu alcance,
haveria (hei-de) combater esse destino das coisas que valem a pena mas que não
têm a o favor dos poderes instalados.
Ora bem, entre as notas salientes da reunião do Conselho
Geral ontem havida estão as seguintes:
i)
a censura, logo a abrir, a sessão, por
parte do presidente do CG da minha tomada de posição pública sobre esta matéria,
sob o pretexto da inoportunidade do comunicado dada a realização ontem da reunião
plenária do CG onde o assunto mereceria uma tomada de posição, como se as Comissões
do CG não tivessem já reunido e produzido documentos de síntese que nada justificaria
que se mantivessem (mantenham) reservados, quer dizer, unicamente do
conhecimento do CG e da reitoria;
ii)
a discussão havida no final da reunião (a
que, por força de aulas que tinha agendadas, não assisti até ao fim) sobre se
fazia ou não sentido a informação à academia sobre o processo, isto é, na prática,
a divulgação dos memorandos produzidos pelas Comissões do CG, o que, em boa verdade,
significaria devolver à academia a informação que esta produziu.
Não me espantaram estes factos porque a ideia de secretismo
tem sido cultivada desde o primeiro instante do funcionamento do órgão, sendo o
primeiro paladino dessa vontade de manter os membros da instituição na ignorância
do que se vai fazendo e decidindo exactamente quem teve a ousadia de me
censurar.
Esclareça-se a propósito que não foi a primeira vez que o fez.
Não foi, também, a primeira vez que teve que recuar nas suas intenções. Gostaria,
todavia, que fosse a derradeira, em razão da consciência que possa tomar de
quanto é retrógrada e portadora de um espirito contrário ao direito de acesso à
informação e à liberdade de opinião, que são (ou deveriam ser) próprias
de uma Universidade (com U grande, entenda-se), a posição de que se fez porta-voz.
J. Cadima Ribeiro
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