quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A auscultação recente da Academia promovida pelo Conselho Geral: algumas notas resultantes da leitura dos relatórios dos grupos de trabalho

No cumprimento de uma decisão do Conselho Geral da Universidade do Minho de auscultar a Academia no âmbito da definição de orientações de natureza estratégica para a Instituição, foram sendo recebidos nas últimas semanas na referida sede, e trabalhados posteriormente pelas Comissões Especializadas do órgão, os contributos dos grupos de trabalho que para o efeito foram constituídos. Pese a dificuldade e ineditismo (na casa) do exercício, poderá dizer-se que, de um modo geral, ele foi bem recebido, tendo resultado em muito interessantes diagnósticos de situação e estimulantes sugestões de acção.

Sendo difícil sintetizar em poucos parágrafos os elementos mais relevantes que podem retirar-se dos textos produzidos, queremos, no entanto, deixar aqui algumas notas sobre várias dimensões onde se verificou grande convergência e, também, duas de entre as sugestões mais inovadoras que foram veiculadas. Não podemos, contudo, deixar sem referência a circunstância de muitos elementos da Academia se considerarem insuficientemente informados sobre diversos aspectos da vida da Instituição, sendo bem ilustrativo disso o facto de haver quem pensasse que a UMinho teria já o estatuto jurídico de fundação.

Com surpresa ou sem ela, um dos dados que chama a atenção no diagnóstico feito é o de que será cedo para ir por diante com grandes alterações em matéria de estrutura organizacional. Foi a propósito sublinhado amiúde que o actual quadro de unidades e subunidades orgânicas não tem mais que três anos pelo que, sendo cedo para avaliar a respectiva adequação, é ainda mais cedo para partir para outras soluções, salvaguardando casos pontuais e razoavelmente consensualizados de demonstrada incapacidade por parte de alguma estrutura de dar resposta às exigências da missão da Instituição.

Todavia, talvez a vertente para onde convergiram maior número de opiniões foi a que se prende com a realidade da UMinho no que respeita às estruturas associadas à captação e gestão de projectos, de investigação e consultoria, e os incentivos que lhe estão associados, resultando inequívoca a convicção de muitos que a resposta dada pelo actual GAP fica muito aquém das necessidades e que a política de “overheads” existente desincentiva a captação de projectos/contractos e, em muitos casos, torna os preços finais dos serviços oferecidos pelos docentes/investigadores da universidade pouco competitivos. A palavra de ordem que resulta dessa leitura não é outra senão: há que estabelecer mecanismos de incentivo para quem gera receitas!

Face à insuficiência de informação existente sobre muitas matérias e perante a precariedade da situação financeira do país e da universidade, a necessidade da elaboração de um Estudo de Sustentabilidade é inquestionável. Este deverá ser realizado periodicamente, integrando as várias componentes da intervenção da universidade: i) relevância pedagógica e científica das áreas de conhecimento existentes; e ii) balanço entre recursos investidos (encargos com recursos humanos, espaços ocupados, dotações do OE) e recursos captados e produção (alunos equivalentes e respectivas propinas; verbas captadas com projectos e serviços; e produção científica).

Da componente mais inovadora em matéria de propostas de acção avançadas pelos grupos de trabalho, de entre várias, gostaríamos de reter nesta altura as duas seguintes:

i)          o desenvolvimento de um conjunto de acções conducentes à qualificação dos campi na componente estética/urbanística e ambiental, olhando para estes como elementos qualificados do espaço urbano contíguo que possam servir de exemplo e induzir naquele melhores práticas; a criação de jardins botânicos e de hortas urbanas (biológicas) são acções concretas que caem neste conceito de campus universitário, aparte a conveniente arborização e respectiva boa gestão e limpeza geral;
ii)             em substituição das actividades de praxe, desenvolver um conjunto de acções de voluntariado, bem organizadas, para terem visibilidade e assertividade junto da comunidade local/regional. Nestas acções, os alunos do 1º ano seriam acompanhados por outros mais velhos, no contexto de um programa de acções de voluntariado coordenado por um gabinete a criar para o efeito.

Exploratória que foi esta iniciativa de pôr um número relevante de membros da Instituição a reflectirem sobre a sua realidade e a equacionarem soluções para a sua sustentação e afirmação futura, a generosidade com que foi abraçada a tarefa e a riqueza dos contributos resultantes dizem-nos não só que valeu a pena mas que é experiência que merece ser repetida periodicamente. Note-se, entretanto, que a riqueza do diagnóstico feito e a novidade e arrojo das acções propostas não garantem a qualidade do plano estratégico que venha a ser proposto. Esse é o espaço de acção dos agentes da instituição mandatados formalmente para o efeito.

Braga, 18 de Janeiro de 2012

Pelo Movimento Novos Desafios, Novos Rumos (http://um-novosdesafios.blogspot.com)
Fernando Castro (membro do Senado Académico)
J. Cadima Ribeiro (membro do Conselho Geral)

(texto distribuído entretanto, universalmente, na rede electrónica da UMinho)

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