No
cumprimento de uma decisão do Conselho Geral da Universidade do Minho de
auscultar a Academia no âmbito da definição de orientações de natureza
estratégica para a Instituição, foram sendo recebidos nas últimas semanas na referida
sede, e trabalhados posteriormente pelas Comissões Especializadas do órgão, os
contributos dos grupos de trabalho que para o efeito foram constituídos. Pese a
dificuldade e ineditismo (na casa) do exercício, poderá dizer-se que, de um
modo geral, ele foi bem recebido, tendo resultado em muito interessantes
diagnósticos de situação e estimulantes sugestões de acção.
Sendo
difícil sintetizar em poucos parágrafos os elementos mais relevantes que podem
retirar-se dos textos produzidos, queremos, no entanto, deixar aqui algumas
notas sobre várias dimensões onde se verificou grande convergência e, também,
duas de entre as sugestões mais inovadoras que foram veiculadas. Não podemos, contudo,
deixar sem referência a circunstância de muitos elementos da Academia se considerarem
insuficientemente informados sobre diversos aspectos da vida da Instituição, sendo
bem ilustrativo disso o facto de haver quem pensasse que a UMinho teria já o
estatuto jurídico de fundação.
Com
surpresa ou sem ela, um dos dados que chama a atenção no diagnóstico feito é o
de que será cedo para ir por diante com grandes alterações em matéria de
estrutura organizacional. Foi a propósito sublinhado amiúde que o actual quadro
de unidades e subunidades orgânicas não tem mais que três anos pelo que, sendo
cedo para avaliar a respectiva adequação, é ainda mais cedo para partir para
outras soluções, salvaguardando casos pontuais e razoavelmente consensualizados
de demonstrada incapacidade por parte de alguma estrutura de dar resposta às
exigências da missão da Instituição.
Todavia,
talvez a vertente para onde convergiram maior número de opiniões foi a que se
prende com a realidade da UMinho no que respeita às estruturas associadas à
captação e gestão de projectos, de investigação e consultoria, e os incentivos
que lhe estão associados, resultando inequívoca a convicção de muitos que a
resposta dada pelo actual GAP fica muito aquém das necessidades e que a política
de “overheads” existente desincentiva a captação de projectos/contractos e, em
muitos casos, torna os preços finais dos serviços oferecidos pelos
docentes/investigadores da universidade pouco competitivos. A palavra de ordem
que resulta dessa leitura não é outra senão: há que estabelecer mecanismos de
incentivo para quem gera receitas!
Face à insuficiência de informação existente sobre muitas
matérias e perante a precariedade da situação financeira do país e da
universidade, a necessidade da elaboração de um Estudo de Sustentabilidade é
inquestionável. Este deverá ser realizado periodicamente, integrando as várias componentes
da intervenção da universidade: i) relevância pedagógica e científica das áreas
de conhecimento existentes; e ii) balanço entre recursos investidos (encargos
com recursos humanos, espaços ocupados, dotações do OE) e recursos captados e
produção (alunos equivalentes e respectivas propinas; verbas captadas com
projectos e serviços; e produção científica).
Da componente mais inovadora em matéria de propostas de
acção avançadas pelos grupos de trabalho, de entre várias, gostaríamos de reter
nesta altura as duas seguintes:
i) o desenvolvimento de um conjunto de acções conducentes à
qualificação dos campi na componente estética/urbanística e ambiental, olhando para estes como elementos
qualificados do espaço urbano contíguo que possam servir de exemplo e induzir
naquele melhores práticas; a criação de jardins botânicos e de hortas urbanas
(biológicas) são acções concretas que caem neste conceito de campus universitário, aparte a
conveniente arborização e respectiva boa gestão e limpeza geral;
ii) em substituição das actividades de praxe, desenvolver um conjunto de acções
de voluntariado, bem organizadas, para terem visibilidade e assertividade junto
da comunidade local/regional. Nestas acções, os alunos do 1º ano seriam
acompanhados por outros mais velhos, no contexto de um programa de acções de
voluntariado coordenado por um gabinete a criar para o efeito.
Exploratória que foi esta iniciativa de pôr um número
relevante de membros da Instituição a reflectirem sobre a sua realidade e a
equacionarem soluções para a sua sustentação e afirmação futura, a generosidade
com que foi abraçada a tarefa e a riqueza dos contributos resultantes dizem-nos
não só que valeu a pena mas que é experiência que merece ser repetida periodicamente.
Note-se, entretanto, que a riqueza do diagnóstico feito e a novidade e arrojo das
acções propostas não garantem a qualidade do plano estratégico que venha a ser
proposto. Esse é o espaço de acção dos agentes da instituição mandatados
formalmente para o efeito.
Braga, 18 de Janeiro de 2012
Pelo Movimento Novos Desafios, Novos Rumos (http://um-novosdesafios.blogspot.com)
Fernando Castro (membro do Senado Académico)
J. Cadima Ribeiro (membro do Conselho Geral)
(texto distribuído entretanto, universalmente, na rede electrónica da UMinho)