«Investigadores reúnem-se no Funchal em congresso
internacional dedicado ao poeta nascido na Madeira. Entre 21 e 23 novembro,
especialistas portugueses, brasileiros e franceses vão debater a obra de
Herberto Hélder, nome marcante da poesia portuguesa do século XX
Os
textos dispersos de Herberto Hélder, entre os quais alguns inéditos, estão
disponíveis para consulta na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. A
viúva do poeta – falecido a 23 de março de 2015 – autorizou a digitalização do
acervo, um trabalho dirigido pela Faculdade de Letras e financiado pela
Fundação Calouste Gulbenkian. A digitalização está concluída e é possível
consultar os textos deixados em vários cadernos, escritos dispersos e até uma
recolha de quadras populares sobre as bordadeiras do Monte, freguesia do
Funchal de onde era natural o pai do poeta.
A
informação sobre a abertura do acervo para consulta – cuja gestão é da
Faculdade de Letras do Porto – foi avançada ao Expresso por
Diana Pimentel, professora da Universidade da Madeira e presidente da comissão
organizadora do congresso internacional sobre Herberto Hélder, encontro que
juntará no Funchal, entre 21 e 23 de novembro, especialistas portugueses, brasileiros
e franceses. O “Congresso Internacional Heberto Hélder – uma vida inteira para
fundar um poema” é o primeiro encontro desta natureza a realizar-se em
Portugal. Em 2013, teve lugar um colóquio internacional sobre o poeta, mas na
Sorbonne, em França.
“O
Herberto Hélder é, neste momento, um dos autores mais lidos em universidades
como a Sorbonne, que lhe dedicou em 2013 um colóquio internacional. A
Universidade Federal Fluminense tem um grupo de estudos onde Herberto Hélder é
um dos autores mais estudados e há uma nova geração de investigadores – na casa
dos 30 anos – a dedicar os seus mestrados e doutoramentos ao estudo da obra de
Herberto Hélder”. Um interesse que, segundo a presidente da comissão
organizadora do congresso, se justifica pelo que o autor representa para a
poesia portuguesa do século XX. Diana Pimentel não tem dúvidas em dizer que, na
poesia e considerando o século passado, há dois nomes incontornáveis: Fernando
Pessoa e Herberto Hélder.
Desde
que começou a publicar nos anos 50 do século passado, Herberto Hélder é “como
que espécie de rochedo” e qualquer obra sua publicada teve o efeito “de um
abalo sísmico”. “Nada daquilo sobre que Herberto escreveu, estou a falar do
estilo da escrita, era possível ser comparado. Foi preciso aprender a ler
Herberto durante meio século. Agora, após a sua morte, é que se começa a
conseguir observar o conjunto todo no sentido de conseguir compreender uma obra
imensa que, em dimensão, em qualidade e em impacto corresponde literalmente a
um sismo só comparável a Camões”, explica a professora da Universidade da
Madeira, que é também investigadora da obra do poeta.
O
autor escreveu ficção, pensou a linguagem e a literatura, pensou as ligações da
escrita ao cinema, à política, à pintura e é esse conjunto, que não se fechou
apenas no campo literário, que será debatido durante os três dias do congresso
do Funchal. Rosa Maria Martelo, da Universidade do Porto, Catherine Dumas, da
Sorbonne Nouvelle, Gastão Cruz, ensaísta poeta, Paula Mourão, da Universidade
de Lisboa, Luís Maffei, da Universidade Federal Fluminense, Arnaldo Saraiva, da
Universidade do Porto são alguns dos nomes que integram a comissão científica
do congresso e que irão participar nos trabalhos.
Quanto
à organização é da Universidade da Madeira – através do Centro de Investigação
em Estudos Regionais e Locais e tem o apoio da Fundação para a Ciência e
Tecnologia, da Fundação Calouste Gulbenkian e do Governo Regional da Madeira.
Parceiros deste encontro são também a Biblioteca Nacional, a delegação regional
do Ordem dos Arquitetos e a galeria de arte Porta 33.»
(cortesia de EXPRESSO
online, de 04.11.2016)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]
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