«Os professores que se aposentarem serão substituídos por outros mais novos,
o que não sucedeu nos últimos 10 anos, anunciou reitor
O reitor da Universidade de Coimbra (UC), João Gabriel
Silva, anunciou nesta quarta-feira o fim do regime de saídas sem substituição,
nesta instituição, medida que permite o rejuvenescimento do corpo docente
travado pelos cortes orçamentais.
É com "enorme satisfação que anuncio que na UC
terminou o regime de saídas [de docentes] sem substituição", revelou o
reitor, que falava na sessão de abertura solene das aulas.
O Senado e o Conselho Geral da UC
aprovaram, "já este mês", a contratação de novos docentes em
substituição daqueles que abandonam a universidade, disse João Gabriel Silva.
"O ritmo de abertura de novos concursos" deverá
"mais do que duplicar já no próximo ano, em relação ao que tem ocorrido,
quer para a entrada de novos professores auxiliares, quer para lugares de
catedrático e associado", estima o reitor, adiantando que será utilizada
"toda a margem salarial de quem se aposenta para abrir concursos".
Para o reitor, "a primeira prioridade das
universidades portuguesas no momento actual é o rejuvenescimento do corpo
docente", pois "os cortes orçamentais, que já duram há mais de 10
anos, foram absorvidos essencialmente" à custa da não substituição de quem
saiu por aposentação, fazendo com que a idade média dos professores se situe
agora "bem acima dos 50 anos".
Como "a deriva negativa das verbas vindas do Estado
continua", a universidade tem de recorrer aos seus próprios meios, mas
"felizmente", em Coimbra, foi possível "encontrar novas
receitas, com perspectiva de se manterem para muitos anos, e, portanto, capazes
de suportar contratações de longo termo", explicou.
Essas receitas resultam principalmente da entrada na UC de
estudantes internacionais e dos "proventos do turismo, que estão a
conseguir compensar os novos cortes e permitem planear numa base de
estabilidade orçamental", referiu o reitor.
O número de turistas que visitam a Universidade continua a
aumentar e a sua atractividade "já não está confinada à Biblioteca
Joanina" -- o Museu da Ciência, "em particular o Gabinete de Física e
a Galeria de História Natural", já está a receber "milhares de
visitantes", realçou.
João Gabriel Silva considerou, por outro lado,
"profundamente positivo o acordo recente entre o CRUP [Conselho de
Reitores das Universidades Portuguesas] e o Governo, que garante estabilidade
das dotações do Orçamento do Estado nos próximos anos". A previsibilidade
plurianual é "essencial para se poder planear uma melhor utilização dos
recursos disponíveis", sustentou, conhecendo que sem este "cenário de
estabilidade" não seria possível o anunciado "grande aumento de
concursos de professores".
Mas, advertiu, "a nível orçamental não há qualquer
alívio, para além dos reforços para cobrir o fim das reduções salariais, que
são inteiramente de saudar". "De facto, os cortes continuam, apenas
mais indirectos", assegurou João Gabriel Silva.»
(reprodução de notícia PÚBLICO
online, de 21/09/2016)
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