«Instituições estavam a assumir custos da
reposição dos cortes salariais da função pública com receitas suas desde o
início do ano.
O Governo vai transferir até ao final do mês os cerca de 50
milhões de euros que estavam em dívida às instituições de ensino superior desde
o início do ano. Em causa estão a verbas relativas às reposições dos cortes
salariais da função pública, cujos custos foram sendo assumidos pelas
universidades e politécnicos com recursos a receitas suas. Há um mês, os
reitores tinham-se queixado das dificuldades que este atraso estava a causar
nas suas contas.
O prazo para a reposição da verba foi acordado pelos
ministérios das Finanças e da Ciência e Ensino Superior e comunicado aos presidentes
do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) e Conselho
Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos no final da semana passada.
A informação foi confirmada ao PÚBLICO por fonte do gabinete do ministro da
tutela, Manuel Heitor, anunciando que “procederá ao reforço dos orçamentos até
final de Setembro”.
A transferência destas verbas estava prevista na lei do
Orçamento de Estado deste ano, mas nunca tinha sido definido um prazo para que
fosse concretizada. Desde o início do ano, os salários dos funcionários,
docentes e investigadores de universidades e politécnicos “foram devidamente
repostos e têm sido pagos pelas instituições com toda a normalidade”, garante o
Ministério do Ensino Superior.
O pagamento dos vencimentos tem sido assumido pelas
instituições com recursos a receitas que estavam destinadas a cobrir outro tipo
de custos. Esta situação causava “cada vez mais dificuldades às instituições, especialmente àquelas que têm uma
situação financeira mais frágil”, afirmava, há um mês, o presidente
do CRUP, António Cunha, quando denunciou a situação.
A reposição dos cortes salariais para os trabalhadores do
Estado foi aprovada pelo Governo no final do ano passado e vigora desde
Janeiro. Esta medida implicou um aumento nos encargos com os vencimentos de
todos os funcionários públicos, incluindo os do ensino superior. As verbas
destinadas ao sector que foram inscritas no Orçamento de 2016 foram calculadas
com base no valor gasto com vencimentos do pessoal das instituições em 2015,
quando os cortes ainda vigoravam.
Desde essa altura havia um compromisso do executivo com as
universidades e politécnicos de que as transferências seriam reforçadas
posteriormente, tendo em conta a nova realidade salarial da função pública. Os
cálculos então feitos pelas instituições — e que foram posteriormente validados
pelos ministérios das Finanças e da Ciência e Ensino Superior — implicavam que
o Governo devia transferir quase 50 milhões de euros para o ensino superior
durante este ano. A maior fatia (cerca de 36 milhões de euros) destinava-se às
universidades e a restante verba (um pouco acima dos 12 milhões de euros) era
devida aos institutos politécnicos.»
(reprodução de notícia PÚBLICO
online, de 14/09/2016)
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