Tem piada o que disse publicamente o Secretário de Estado do Ensino Superior, há dias, quando falou do "choque demográfico". O famigerado "choque demográfico" que, segundo ele, irá acontecer depois de 2018.
Quem tem andado mais atento às questões demográficas, facilmente constata que o "choque demográfico" tem vindo a acontecer de forma acelerada, desde 1981, quando Portugal, naquela data, desceu abaixo do limiar mínimo de renovação das gerações (2,1 filhos por mulher) e nunca mais o alcançou. Neste momento, e já há algum tempo, somos o segundo país, à escala mundial, juntamente com outros países, com um mais baixo número médio de filhos por mulher. Estamos, também, entre os dez primeiros com mais elevada percentagem de idosos. Basta consultar os dados do Population Reference Bureau disponíveis em www.prb.org.
Disse-nos o Senhor Secretário do Ensino Superior que é necessário ajustar as ofertas formativas, usando a pequena janela de 3 ou 4 anos em que a quebra demográfica será modesta ou inexistente para reconfigurar as nossas instituições.
É engraçado, pois tal soa mais a oportunismo para fazer as reformas cegas que estão aí para sair, encapotadas pela "discussão pública" a que apenas alguns têm acesso.
Gostei de entrar nos cinquenta anos, pois deu-me uma liberdade de pensamento ainda maior do que a que tive nos meus quarenta, mas percebo que o mundo é, cada vez mais, cheio de "armadilhas" e que poucos estão dispostos a denunciá-las.
Lá para os sessenta, provavelmente, estarei a rir-me disto tudo... Vou esperar calmamente por essa oportunidade. Até lá espero que o mundo acorde...
Paula Cristina Remoaldo
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