«Chama-se YERUN e congrega 18 universidades europeias, todas com 50 ou menos anos de idade e bem colocadas nos rankings internacionais. Têm a investigação como prioridade.
Nasceu a 9 de Janeiro, em Bruxelas, integra 18 “jovens” universidades europeias, de 12 países, entre as quais a portuguesa Nova de Lisboa. E tem essencialmente três objectivos: ser um interlocutor da Comissão Europeia em matéria de definição de políticas de investigação (um novo grupo de pressão, “baseada em competências”, nas palavras de António Rendas, reitor da Nova); apresentar candidaturas conjuntas, e logo mais fortes, a fundos comunitários; desenvolver programas de doutoramento conjuntos.
A Rede Europeia de Jovens Universidades de Investigação, que em inglês adopta a sigla YERUN, de Young European Research Universities Network, inclui instituições de ensino com 50 ou menos anos (a Nova, por exemplo, é uma “jovem” de 1973), com lugar em dois dos mais conhecidos rankings de universidades mundiais: o QS World University Rankings e o Times Higher Education, na categoria universidades com menos de 50 anos.
Para que se perceba as vantagens da rede, o reitor da Universidade Nova de Lisboa utiliza uma imagem futebolística: “É como ter uma equipa de futebol, com vários jogadores internacionais.” Uma equipa que põe em campo o melhor que cada jogador tem para dar.
António Rendas falou ao PÚBLICO a propósito da constituição de uma rede que nos próximos meses se organizará para apresentar projectos de investigação fortes, passíveis de financiamento, explica. “Há da parte desta rede um interesse muito grande em candidatar-se a projectos europeus, como o Horizon 2020 [um programa para investigação com 80 mil milhões disponíveis para os próximos sete anos]. Estas candidaturas conjuntas podem ser muito mais bem sucedidas do que com as instituições isoladas a candidatar-se. Estamos a falar de candidaturas muito complexas, que envolvem um trabalho muito intenso da parte de cada universidade. E achou-se que mobilizar recursos permitia ter candidaturas mais credíveis. O que estamos aqui a fazer é juntar massa crítica.”
Rendas nota que já existe a League of European Research Universities (LERU), que tem universidades como Oxford, Cambridge, ou Amsterdão — “instituições com mais de 100, mais de 200, mais de 300 anos —, mas na qual existe apenas uma universidade da Península Ibérica, que é a universidade de Barcelona”.
“A LERU tem sido, ao longo dos anos, um interlocutor muito válido ao nível da Comissão Europeia, ao nível da própria Associação Europeia das Universidades. Agora, esta nova rede, a YERUN, tem a grande vantagem de ser constituída por universidades europeias mais ágeis, todas com menos de 50 anos, com um contributo muito significativo do Centro, Norte e Sul da Europa.” A expectativa do reitor português é que tal como a LERU, também a YERUN seja ouvida, desde longo antes das candidaturas aos financiamentos europeus, “para identificação de áreas prioritárias” — “É evidente que havendo uma rede, é mais fácil ser-se ouvido do que cada um dos parceiros isoladamente.”
Doutoramentos conjuntos
A rede terá ainda um papel ao nível de treino de cientistas mais novos, com novas possibilidades de circularem. Para tal, serão disponibilizados novos graus conjuntos. “Passa por termos investigadores que fazem teses de doutoramento e que passam seis meses num instituição, seis meses noutra e que no fim têm um doutoramento conjunto.”
O grupo fundador YERUN é constituído pelas universidades de Maastricht, Antuérpia e a Carlos III, em Madrid. A presidência da rede está para já nas mãos dos reitores destas três universidades e, depois, será rotativa.
Todas as universidades estão em pé de igualdade, sublinha Rendas que explica que a Nova está na rede essencialmente porque é reconhecida como universidade de investigação e “porque é a única portuguesa que está nos dois rankings: no QS com menos de 50 anos e no Times Higher Education com menos de 50 anos”. Na última edição do QS, nesta categoria, a Nova era 36.ª e no ranking do Times Higher Education, 87.ª.
Sendo uma universidade situada em Lisboa, os recursos que podem ser disponibilizados via projectos europeus serão particularmente importantes. Afinal, a região está impossibilitada de beneficiar de boa parte dos fundos do pacote Portugal 2020, por ser considerada pela Europa uma região mais desenvolvida (não é o caso dos fundos do Horizon 2020 que não servem, contudo, para financiar construção de infraestruturas como edifícios laboratoriais, por exemplo). Por tudo isto, Rendas aproveita para deixar um recado: “A situação do financiamento da ciência e das universidades em Lisboa tem que ser objecto de uma atenção especial por parte do Governo.”
Os 18 membros da rede:
Universidade de Antuérpia, Bélgica
Universidade de Bremen, Alemanha
Universidade de Ulm, Alemanha
Universidade de Konstanz, Alemanha
Brunel University London, Reino Unido
Universidade de Essex, Reino Unido
Universidade Carlos III de Madrid, Espanha
Universidade Autónoma de Barcelona, Espanha
Universidade Autónoma de Madrid, Espanha
Universidade Pompeu Fabra, Espanha
Dublin City University, Irlanda
Universidade da Finlândia Oriental, Finlândia
Universidade de Linköping, Suécia
Universidade de Maastricht, Holanda
Universidade Nova de Lisboa, Portugal
Universidade Paris Dauphine, França
Universita degli Studi Roma Tor Vergata, Itália
Universidade do Sul da Dinamarca»
(reprodução de notícia Público online, de 30/01/2015)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]
Sem comentários:
Enviar um comentário