quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

"Universidade de Coimbra quer atrair milhares de alunos chineses"

«A Universidade de Coimbra pretende aumentar o número de alunos chineses "das centenas para os milhares", com a entrada em vigor do estatuto do estudante internacional, disse hoje o reitor à agência Lusa em Macau
"Estamos numa fase de alargamento, porque o Governo português está em vias de fazer sair uma lei, o estatuto do estudante internacional, que vai permitir às universidades públicas, pela primeira vez em muitos decénios, receber diretamente estudantes sem passarem por concurso nacional de acesso", explicou o reitor, João Gabriel Silva. 
Ao salientar que a Universidade de Coimbra é a instituição de ensino superior "com mais estudantes estrangeiros", cerca de 4.000 (de cerca de 100 nacionalidades) entre um total de 23 mil no ano letivo terminado em julho, o reitor indicou que há "cerca de 100 chineses", mas que o objetivo é "passar das centenas para os milhares". 
Os alunos que as universidades poderão vir a selecionar terão de ser estrangeiros originários de territórios fora da União Europeia e João Gabriel Silva indicou que, por isso, a direção da Universidade de Coimbra definiu recentemente como estratégia a captação daqueles em países de língua portuguesa e na China. 
"A Universidade de Coimbra é o berço da língua portuguesa e, portanto, os países de língua portuguesa são nossos parceiros e a nossa segunda linha estratégica é a China porque há Macau, (?) que se distingue na China exatamente pela presença portuguesa, e porque nesse país o interesse pelo ensino do português tem vindo a aumentar enormemente", sustentou. 
A maioria dos 4.000 estudantes estrangeiros da Universidade de Coimbra está a tirar aí o seu curso - havendo cerca de 1.500 em mobilidade, grande parte de países europeus - e cerca de metade é proveniente do Brasil. Ao recordar que a Universidade de Coimbra "foi durante muitos séculos a única de língua portuguesa" e que "geograficamente há estudos que indicam que uma parte substancial do processo de miscigenação que levou à criação da língua portuguesa ocorreu no Baixo Mondego", João Gabriel Silva sublinhou a "responsabilidade e dever" da instituição de responder ao interesse da China pela língua de Camões. 
O reitor está, por isso, em Macau esta semana para "tentar perceber quem são os parceiros potenciais", tendo em vista a mobilidade de estudantes, a captação de novos alunos e a "ligação do conhecimento à atividade económica". João Gabriel Silva acredita que, além do Direito, em que existe já uma "antiga e saudável" cooperação com instituições locais, nomeadamente com a Universidade de Macau, os laços com instituições da Região Administrativa Especial chinesa poderão reforçar-se e estender-se a outras áreas como as indústrias criativas.
"Orgulhamo-nos de ter a melhor incubadora portuguesa de empresas e temos lá várias da área das indústrias criativas. (?) Temos experiência nessa matéria e o Governo de Macau está a definir essa prioridade como importante para o desenvolvimento do território. (?) Há aqui um encontro de prioridades", observou. 
A cooperação com Macau e com universidades da China continental, disse, "tem agora uma importância particular" para a Universidade de Coimbra, que entrou este ano, pela primeira vez, no 'ranking' de Xangai das melhores universidades do mundo.» 

(reprodução de notícia NOTÍCIAS AO MINUTO, de 12 de Dezembro de 2013) 
[cortesia de Nuno Soares da Silva]

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