terça-feira, 16 de outubro de 2012

"RE: Eleições para o Conselho Geral e carga adiministrativa que vem recaindo sobre os docentes": um longo e circunstanciado testemunho

«Neste semestre a BB fez francos progressos: há apenas uma plataforma para as UC que funcionam conjuntamente, evitando-se assim a multiplicidade de plataformas correspondentes aos cursos e variantes em que tal UC é lecionada. Esta simplificação é muito bem vinda e está de parabéns.
Mas o sistema continua a estar longe de ser user-friendly e apresenta ainda uma série de disfunções e de impasses em que esbarram até os jovens para quem a internet não tem segredos. Continuamos pois a perder um tempo precioso e o melhor da nossa energia a tentar ultrapassar problemas técnicos.
O sistema não é user-friendly porque é power-friendly e a BB não passa de um pretexto para o exercício de um controlo que só se visa a si próprio. É o controlo pelo controlo, o exercício do poder sobre os professores e os alunos. Nunca tanto como este ano a obesidade e a inflexibilidade deste sistema de controlo desregulou tanto a nossa vida e o nosso trabalho. A entropia não pára de crescer. Fazer os horários tornou-se uma tarefa impossível por causa das regras e dos constrangimentos arbitrários ditados por serviços como o STSI e o GAE. Um serviço de apoio ao ensino devia estar ao serviço do ensino. Mas é o ensino e os seus agentes que estão ao serviço do GAE. Diretores de curso e de departamento andam às ordens do GAE e de outros serviços que teoricamente só existem para nos facilitar a vida mas que mais não fazem do que infernizá-la com regras rígidas e tão absurdas quanto inúteis  e com a multiplicação de trâmites burocráticos que atrasam anormalmente todo e qualquer o processo. Um ato tão simples como solicitar a alteração do nome de um docente numa plataforma, porque o nome está errado – e o erro foi dos serviços - e não corresponde ao docente que efetivamente leciona a UC -, um ato tão simples como este tem de passar por múltiplas instâncias e arrasta-se ao longo de meses. Como se a palavra da direção de curso e do docente não valessem nada e o pedido tivesse de ser sancionado por alguma instância transcendente que não se sabe quem é. Mas a direção de curso é uma autoridade e o GAE tem de proceder à alteração que esta autoridade solicitou.  A arrogância destes serviços é intolerável. Embora tal nunca me tenha acontecido pessoalmente, pois os funcionários do GAE têm sido sempre cordiais e simpáticos comigo, colegas com cargos de gestão têm-se queixado da forma desrespeitosa com que têm sido tratados por parte dos funcionários. Isto é inaceitável. O GAE e outros serviços como o DTSI têm de perceber que, por muito vinculados que estejam à reitoria, a sua função é facilitar a vida a alunos e professores e que estão de facto ao serviço dos seus interesses e necessidades; que são as direções de curso e de departamento que sabem como se organizam e distribuem as UC, quem as leciona e qual o horário que lhes está estabelecido. A função dos serviços é viabilizarem essas decisões e não criarem continuamente obstáculos em nome de um sistema fetichizado. É este sistema que tem de ser suficientemente flexível para se adaptar à realidade, e não impor-se a ela, contra tudo e contra todos. Que sentido é que faz um sistema que só por capricho (por regras arbitrárias e imutáveis – mas imutáveis porquê e em nome de quê? -, indiferentes à realidade empírica) cria um horário que obriga alunos e professores a esperarem duas horas, das 20h às 22h, para terem uma aula de 1 hora, das 22h às 23h? Se a UM estivesse interessada em perder ainda mais alunos, esta estratégia seria certamente muito propícia. Mas como o que queremos é aumentar o nosso número de alunos, este tipo de capricho é um tanto absurdo.
A obrigação dos serviços que manipulam este lastimável sistema é criar regras e condições para a elaboração de horários decentes  cuja forma fique definida na primeira semana do semestre.  Temos de pôr fim de uma vez por todas a este vergonhoso serviço que a UM presta aos alunos que são seus clientes e que é a instabilidade, a confusão e a desordem que se arrasta até meio do semestre: horários alterados dia sim dia não, professores que esperam os alunos numa sala enquanto eles estão noutra, UC que começam a meio do semestre. Em outubro ainda há UC para distribuir. Isto não é um funcionamento normal de uma instituição que se preza e não há nenhuma razão para que isto aconteça. A única razão é um sistema informático que não presta ou que é programado e manipulado por tecnocratas que o tranformam numa espécie de vaca sagrada intocável a que todos temos de prestar culto e a cuja vontade divina temos de nos submeter cegamente.
As relações entre as escolas e os serviços em geral estão invertidas. Serviços da reitoria decidem abrir opções UMinho e estabelecer os respetivos horários sem se dignarem sequer disso informar as direções de departamento. Primeiro, cabe aos departamentos decidir dos horários dessa e doutras opções em função dos recursos humanos disponíveis. O mais que os serviços podem fazer é propor às direções de departamento a abertura de mais horários para essa opção. Segundo, mesmo que assim não fosse, o dever mínimo dos serviços seria informar as direções para que elas procedessem, na medida dos escassos recursos humanos que ainda restam, ao provimento de docentes para as opções. Mas nem isso fazem, resta saber se por incompetência, por arrogância, ou ambas.
Este sistema informático obeso, arbitrário e entrópico desregula toda a vida académica e cria problemas e disfunções onde não os havia. A entropia aumenta de semestre para semestre. Esta infeliz política só é comparável à da troika. Já se comprovou que é má, é péssima, mas há que continuar com ela e até aumentar a dose.
Uma universidade funciona sem esta parafernália de sistemas e programas informáticos delirantes que nada racionalizam e não passam de instrumentos de controlo para o exercício de um poder vazio. Para haver universidade é preciso que haja alunos e professores. Mas uma universidade desprovida de alunos e de professores – como, infelizmente, será cada vez mais a UM, dado o decréscimo económico-demográfico - e que um belo dia se achará reduzida a estes serviços inúteis, supostamente de apoio ao ensino e de tecnologias e serviços de informação, será porventura qualquer coisa, mas universidade não é.»,

NDNR

Sem comentários:

Enviar um comentário