«Neste semestre a BB fez francos progressos: há
apenas uma plataforma para as UC que funcionam conjuntamente,
evitando-se assim a multiplicidade de plataformas correspondentes aos
cursos e variantes em que tal UC é lecionada. Esta simplificação é
muito bem vinda e está de parabéns.
Mas o sistema continua a estar longe de ser
user-friendly e apresenta ainda uma série de disfunções e de impasses
em que esbarram até os jovens para quem a internet não tem segredos.
Continuamos pois a perder um tempo precioso e o melhor da nossa energia
a tentar ultrapassar problemas técnicos.
O sistema não é user-friendly porque é power-friendly
e a BB não passa de um pretexto para o exercício de um controlo que só
se visa a si próprio. É o controlo pelo controlo, o exercício do poder
sobre os professores e os alunos. Nunca tanto como este ano a obesidade
e a inflexibilidade deste sistema de controlo desregulou tanto a nossa
vida e o nosso trabalho. A entropia não pára de crescer. Fazer os
horários tornou-se uma tarefa impossível por causa das regras e dos
constrangimentos arbitrários ditados por serviços como o STSI e o GAE.
Um serviço de apoio ao ensino devia estar ao serviço do ensino. Mas é o
ensino e os seus agentes que estão ao serviço do GAE. Diretores de
curso e de departamento andam às ordens do GAE e de outros serviços que
teoricamente só existem para nos facilitar a vida mas que mais não
fazem do que infernizá-la com regras rígidas e tão absurdas quanto
inúteis e com a multiplicação de trâmites burocráticos que atrasam
anormalmente todo e qualquer o processo. Um ato tão simples como
solicitar a alteração do nome de um docente numa plataforma, porque o
nome está errado – e o erro foi dos serviços - e não corresponde ao
docente que efetivamente leciona a UC -, um ato tão simples como este
tem de passar por múltiplas instâncias e arrasta-se ao longo de meses.
Como se a palavra da direção de curso e do docente não valessem nada e
o pedido tivesse de ser sancionado por alguma instância transcendente
que não se sabe quem é. Mas a direção de curso é uma autoridade e o GAE
tem de proceder à alteração que esta autoridade solicitou. A
arrogância destes serviços é intolerável. Embora tal nunca me tenha
acontecido pessoalmente, pois os funcionários do GAE têm sido sempre
cordiais e simpáticos comigo, colegas com cargos de gestão têm-se
queixado da forma desrespeitosa com que têm sido tratados por parte dos
funcionários. Isto é inaceitável. O GAE e outros serviços como o DTSI
têm de perceber que, por muito vinculados que estejam à reitoria, a sua
função é facilitar a vida a alunos e professores e que estão de facto
ao serviço dos seus interesses e necessidades; que são as direções de
curso e de departamento que sabem como se organizam e distribuem as UC,
quem as leciona e qual o horário que lhes está estabelecido. A função
dos serviços é viabilizarem essas decisões e não criarem continuamente
obstáculos em nome de um sistema fetichizado. É este sistema que tem de
ser suficientemente flexível para se adaptar à realidade, e não
impor-se a ela, contra tudo e contra todos. Que sentido é que faz um
sistema que só por capricho (por regras arbitrárias e imutáveis – mas
imutáveis porquê e em nome de quê? -, indiferentes à realidade
empírica) cria um horário que obriga alunos e professores a esperarem
duas horas, das 20h às 22h, para terem uma aula de 1 hora, das 22h às
23h? Se a UM estivesse interessada em perder ainda mais alunos, esta
estratégia seria certamente muito propícia. Mas como o que queremos é
aumentar o nosso número de alunos, este tipo de capricho é um tanto
absurdo.
A obrigação dos serviços que manipulam este
lastimável sistema é criar regras e condições para a elaboração de
horários decentes cuja forma fique definida na primeira semana do
semestre. Temos de pôr fim de uma vez por todas a este vergonhoso
serviço que a UM presta aos alunos que são seus clientes e que é a
instabilidade, a confusão e a desordem que se arrasta até meio do
semestre: horários alterados dia sim dia não, professores que esperam
os alunos numa sala enquanto eles estão noutra, UC que começam a meio
do semestre. Em outubro ainda há UC para distribuir. Isto não é um
funcionamento normal de uma instituição que se preza e não há nenhuma
razão para que isto aconteça. A única razão é um sistema informático
que não presta ou que é programado e manipulado por tecnocratas que o
tranformam numa espécie de vaca sagrada intocável a que todos temos de
prestar culto e a cuja vontade divina temos de nos submeter cegamente.
As relações entre as escolas e os serviços em geral
estão invertidas. Serviços da reitoria decidem abrir opções UMinho e
estabelecer os respetivos horários sem se dignarem sequer disso
informar as direções de departamento. Primeiro, cabe aos departamentos
decidir dos horários dessa e doutras opções em função dos recursos
humanos disponíveis. O mais que os serviços podem fazer é propor às
direções de departamento a abertura de mais horários para essa opção.
Segundo, mesmo que assim não fosse, o dever mínimo dos serviços seria
informar as direções para que elas procedessem, na medida dos escassos
recursos humanos que ainda restam, ao provimento de docentes para as
opções. Mas nem isso fazem, resta saber se por incompetência, por
arrogância, ou ambas.
Este sistema informático obeso, arbitrário e
entrópico desregula toda a vida académica e cria problemas e disfunções
onde não os havia. A entropia aumenta de semestre para semestre. Esta
infeliz política só é comparável à da troika. Já se comprovou que é má,
é péssima, mas há que continuar com ela e até aumentar a dose.
Uma universidade funciona sem esta parafernália de
sistemas e programas informáticos delirantes que nada racionalizam e
não passam de instrumentos de controlo para o exercício de um poder
vazio. Para haver universidade é preciso que haja alunos e professores.
Mas uma universidade desprovida de alunos e de professores – como,
infelizmente, será cada vez mais a UM, dado o decréscimo
económico-demográfico - e que um belo dia se achará reduzida a estes
serviços inúteis, supostamente de apoio ao ensino e de tecnologias e
serviços de informação, será porventura qualquer coisa, mas
universidade não é.»,
NDNR
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