domingo, 28 de outubro de 2012

Houve alguém que tivesse ganho algo com isso?

Nos últimos anos, passaram-nos (a nós, professores) a mensagem de que deixaria de haver horas para tentar responder aos pedidos que, em catadupa, chegam das várias tutelas, pois sermos “bons e obedientes alunos” sempre foi uma imagem que se quis passar. Algum dia haveríamos de ser recompensados. Tentaram também convencer-nos de que as plataformas/programas (e-learning, horários, …) poderiam ser acautelados com o simples toque de uma tecla, e que o professor do século XXI seria um moderno escravo, sempre pronto a responder a toda e qualquer solicitação que lhe chegasse, quase de forma automática. Por arrasto, os funcionários não docentes e os investigadores acabaram por cair nesta teia de fios bastante emaranhados.
A questão que entretanto se coloca é: houve alguém que tivesse ganho algo com isso?
Se virmos bem, desde logo, os estudantes pouco ou nada não têm beneficiado com toda a engrenagem que foi montada, pelo menos, o seu desempenho não melhorou significativamente. Olhando para a Universidade, enquanto tal, parece que esta também não, já que os orçamentos transferidos do orçamento de Estado não param de encolher e as condições gerais de trabalho que proporciona se deterioram de dia para dia. No que aos professores, investigadores e funcionários não docentes se refere, o respectivo desânimo e saturação estão, quotidianamente, à vista.
Aqui chegados, a questão adicional que se coloca é: até quando vamos continuar a percorrer este caminho em direcção ao abismo ou, dito de outro modo, quando é que teremos a coragem de dizer basta?

Paula Cristina Remoaldo

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