Nos últimos anos,
passaram-nos (a nós, professores) a mensagem de que deixaria de haver horas para tentar responder
aos pedidos que, em catadupa, chegam das várias tutelas, pois sermos “bons e obedientes
alunos” sempre foi uma imagem que se quis passar. Algum dia haveríamos de ser
recompensados. Tentaram também convencer-nos de que as plataformas/programas (e-learning, horários, …) poderiam ser
acautelados com o simples toque de uma tecla, e que o professor do século XXI
seria um moderno escravo, sempre pronto a responder a toda e qualquer solicitação
que lhe chegasse, quase de forma automática. Por arrasto, os funcionários não
docentes e os investigadores acabaram por cair nesta teia de fios bastante
emaranhados.
A questão que entretanto
se coloca é: houve alguém que tivesse ganho algo com isso?
Se virmos bem, desde
logo, os estudantes pouco ou nada não têm beneficiado com toda a engrenagem que
foi montada, pelo menos, o seu desempenho não melhorou significativamente. Olhando para a Universidade, enquanto tal, parece que esta também
não, já que os orçamentos transferidos do orçamento de Estado não param de
encolher e as condições gerais de trabalho que proporciona se deterioram de dia para dia. No
que aos professores, investigadores e funcionários não docentes se refere, o respectivo
desânimo e saturação estão, quotidianamente, à vista.
Aqui chegados, a questão
adicional que se coloca é: até quando vamos continuar a percorrer este caminho em
direcção ao abismo ou, dito de outro modo, quando é que teremos a coragem de
dizer basta?
Paula Cristina Remoaldo
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