quinta-feira, 16 de abril de 2009

Algumas reflexões sobre o Processo de Bolonha

A Universidade de Bolonha surgiu na Idade Média a partir da organização dos estudantes que contratavam quer professores privados, quer aqueles que leccionavam nas escolas pontifícias então existentes. Este facto não foi certamente esquecido quando vários políticos europeus decidiram iniciar um novo ciclo de organização do ensino superior. Escolheram, muito simbolicamente, Bolonha.
Com efeito, como todos sabemos, uma das principais finalidades de esse grupo decisor era a centralidade da actividade académica nos estudantes, e não nos professores, nem nos conteúdos programáticos; ambos deveriam estar vinculados (o que não significa assujeitados) à aprendizagem dos educandos. As outras finalidades eventualmente mais significativas eram a mobilidade discente e a interdisciplinariedade que o novo modelo deveria proporcionar.
Vários objectivos foram definidos em função destas finalidades, tais como uma maior articulação entre o saber-fazer e o saber conhecer, uma maior autonomia dos estudantes na construção do seu currículo académico, a valorização de aprendizagens não formais dos estudantes pela academia, etc. Conhecemos também (pelo menos, de as ver escritas) algumas das metodologias consideradas mais adequadas à concretização deste ideário, tais como o regime tutorial, a auto-aprendizagem, o trabalho entre pares, e por aí fora.
O processo a que todos tivemos que obrigatoriamente aderir na Universidade do Minho em nome do que se apelida 'processo de Bolonha' tem vindo a concretizar as finalidades, os objectivos e as metodologias acima enunciadas?
Esta é uma das questões que os nossos candidatos irão certamente levantar no Senado, tudo fazendo para que se realize uma profunda (e não super-rápida, como de costume) avaliação interna sobre a aplicação do processo de Bolonha curso por curso, ciclo por ciclo, fomentando sobre o assunto um debate que nunca foi seriamente encetado na Universidade do Minho.
M. Clara Costa Oliveira
IEC/IEP

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