«Colegas,
A aposta na Ciência e Tecnologia, não só através na formação avançada de investigadores, como no seu enquadramento institucional, tem vindo a atravessar a agenda de vários governos. A necessidade de salvaguardar o investimento público na criação deste sistema foi mantido como objetivo concertado ao longo de décadas, permitindo a Portugal ultrapassar atrasos estruturais.
Ao longo do tempo mantivemos a pressão em relação à capacidade de se estruturar de uma forma sólida este sistema, nomeadamente pela chamada de atenção para a questão dos vínculos. A precariedade de investigadores e bolseiros, tornou-os não somente alvos fáceis de pressões institucionais que jogavam com as suas fragilidades (muitas vezes por aqueles que os deviam orientar e proteger), como permitiu que não se conseguisse efetivar um sistema robusto. Os sopros da crise e da ideologia demonstraram as fragilidades de um castelo de cartas. Como sempre avisamos, aos primeiros cortes, o sistema de precariedade demonstrou as fissuras de um edifício que ficou mais perto de ruir.
Entretanto, outras questões que já tinham sido diagnosticadas, acentuam-se, nomeadamente a emigração dos mais qualificados. Ora, competir na área da ciência implica saber criar e dar condições. Foi isso que permitiu a Portugal atrair investigadores estrangeiros (e quantos não se sentirão traídos) e portugueses no estrangeiro. Mesmo os países em que existe uma maior dinâmica laboral, esta é uma questão fundamental. Mas há quem pense que se aguenta tudo...
As recentes trapalhadas da FCT em relação ao concurso Investigador FCT 2013 bem como aos concursos de atribuição de bolsas de doutoramento e pós doutoramento, de que o SNESup foi dando conta, têm vindo a maltratar a Ciência através de um conjunto de episódios rocambolescos.
Todos sabemos do contributo do sistema científico de cada país para o seu futuro. Todos sabemos da necessidade de investimento público neste sistema. Todos sabemos de como as várias agências, laboratórios, universidades e organismos estatais contribuíram para o desenvolvimento científico global. Todos sabemos das ameaças e desafios que se colocam à ciência nesta era de globalização.
É como base neste conhecimento comum, que sabemos também que há uma posição partilhada no Ensino Superior e Ciência: é preciso mudar. É preciso mudar a equipa da FCT porque, como todos reconhecem, não tem condições para continuar. É preciso mudar e inverter o quadro de precariedade que envolve bolseiros e investigadores. É preciso mudar de estratégia e pensar o futuro da Ciência em Portugal
Saudações Académicas e Sindicais,
A Direção do SNESup em 30 de fevereiro de 2014»
(reprodução do comunicado em título)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]
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