Se o grande assunto da reunião do CG de 18 de Julho pp. acabou por ser a necessidade (finalmente reconhecida pelo reitor) da UMinho ser dotada de um plano estratégico, a expectativa maior que rodeava a sessão andava em torno da problemática da eventual transformação da instituição em fundação, decorrente da decisão (precipitada) do órgão sobre a matéria tomada em 30 de Maio pp., por maioria de votos.
Embora o Memorando da Comissão Especializada de Governação e Assuntos Institucionais, entretanto conhecido, aliviasse a expectativa que pudesse existir sobre o encaminhamento dado ao assunto pela tutela ministerial, mesmo assim admitia-se que algo mais substantivo viesse a ser transmitido pelo reitor. Essa expectativa existia dentro e fora da Academia, de que foram sinal os telefonemas recebidos por membros do CG, antes e depois da reunião, inquirindo sobre a matéria.
O que acabou por ser dito não só defraudou as expectativas existentes como confirmou a inoportunidade da tomada de posição do Conselho, já que, independentemente da presumida existência na equipa ministerial (sobretudo no secretário de Estado com o pelouro do Ensino Superior) de “simpatia pelo modelo fundacional”, a verdade é que o que terá sido transmitido ao representante da UMinho é que precisaria(m) de “mais algum tempo para analisar o dossiê”. Confirmou-se assim a razão dos que, desde a primeira hora, tinham chamado a atenção para a extemporaneidade da proposta feita pelo reitor e, muito mais ainda, para a teimosia de fazer votar a proposta na vigência de um governo demitido e em véspera da realização de eleições. Há, no entanto, quem prime pela teimosia e por ser capaz de ver belíssimas roupagens em alguém (Mariano Gago) que desfilava nu há muito tempo.
No contexto da cegueira que atingiu vários dirigentes da UMinho nos últimos 10 meses, também se entendeu até à última hora que a instituição não precisava de ter um plano de natureza estratégica, especialmente se avançasse rapidamente para o estatuto (nebuloso) de fundação pública de direito privado. Outros, pelo contrário, entendiam que a proposta de transformar a Universidade em fundação só poderia emergir de uma definição de orientações de natureza estratégica que tornasse patente a conveniência da opção por essa solução.
“Vamos ter que esperar mais algum tempo” pela definição política que venha a ser feita sobre a matéria, e ainda bem. Para tomadas de posição apressadas já bastaram as do ISCTE, da Universidade do Porto e da Universidade de Aveiro, que foram a correr atrás da cenoura (que lhes cheirava a dinheiro) do contrato-programa celebrado com o (des)governo de Sócrates, Teixeira e Gago e acabaram a chupar um osso, tão só. Disso poderão falar com total propriedade os professores e funcionários daquelas instituições, que ainda não perceberam que maior agilidade, recursos e eficácia de governação lhes trouxe o dito estatuto fundacional.
O que é mais curioso, entretanto, é que a própria raposa acabou defraudada já que a desorçamentação da despesa pública que era visada acabou por não ser conseguida (o EUROSTAT e a Comissão Europeia acabaram por não ir na cantiga da raposa), residindo aqui, porventura, a razão maior da pouca pressa que o tratamento do assunto merece actualmente em sede de governo.
Tudo isto são traços de uma “estória” pouco edificante, que valeria a pena reter em memória para evitar voltar a embarcar a breve prazo em novos contos do vigário. Desafortunadamente, parece existirem muitos portugueses, em geral, e muitos membros da Academia minhota, em particular, que gostam de ser “enrolados”. Depois queixam-se…
J. Cadima Ribeiro
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