sexta-feira, 31 de julho de 2009

Prestação de Contas (14)

A CRÍTICA
Ninguém gosta de receber críticas, a não ser que seja masoquista.
E não gosta de receber críticas porque entende que actuou bem; aceitar a crítica é aceitar que a actuação (ou, porventura, omissão) objecto de crítica, não foi a correcta.
(Objecto de crítica, não é só, deve notar-se, a actuação dos detentores do poder que resulta do exercício de cargos, deve ser também a actuação daqueles que criticam).
No entanto, a crítica devidamente entendida faz falta. Ela é um diálogo, porventura tenso, mas um diálogo enriquecedor. E mal das instituições onde tal diálogo não ocorre!
Quando chegamos a este ponto, abre-se logo uma divisão. Sim, a crítica faz falta quando é justa, séria e bem intencionada. A outra é perniciosa e não deve ser tolerada.
Mas quem é juiz da justeza, seriedade ou intenção da crítica? O próprio criticado? O criticado (seja ele quem for) não é seguramente bom juiz.
Em matéria de crítica devemos, pois, ter espírito aberto e repelir apenas aquelas que são ofensivas e resvalam para o foro criminal. Aí estará, no limite, um juiz para julgar.
(Essa repulsa, aliás , deve partir não só do visado como de todos aqueles que são membros da instituição. Neste domínio, são também de repelir as críticas anónimas, aquelas que não têm rosto e em relação às quais ninguém assume a responsabilidade).
As outras devem ser acolhidas como benéficas. Mal de uma instituição onde a crítica não é bem acolhida.
Esta Universidade teve já uma oportunidade de ter um local privilegiado de debate dos problemas existentes. Essa oportunidade chamava-se UMJornal , uma publicação dirigida pelo colega Joaquim Fidalgo, e perdeu-se.
É preciso recuperá-la quanto antes.

António Cândido de Oliveira

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