«A secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade
Catarina Marcelino explicou que esta será a primeira fase da campanha, que terá
depois continuação em fevereiro, por altura do Dia dos Namorados, e terminará
no final do ano, com a queima das fitas
A violência no namoro não escolhe estratos sociais ou económicos
e está também presente entre os estudantes universitários, razão pela qual o
Governo vai arrancar com uma campanha de prevenção, feita com as federações
académicas, e apresentada esta terça-feira.
Em declarações à agência Lusa, a secretária de Estado para a
Cidadania e a Igualdade explicou que se trata de uma campanha de prevenção da
violência no namoro especialmente pensada para os alunos do ensino superior e,
por isso, construída com a ajuda das várias federações e associações
académicas.
A campanha vai decorrer durante o ano letivo 2016/2017, sendo
que o lançamento acontece esta terça-feira à noite, em Guimarães, onde vai ser
apresentado um vídeo no início da festa dos caloiros da Federação Académica do
Minho.
Segundo Catarina Marcelino, esse vídeo vai ser apresentado em
todo o país, através das várias federações ou associações académicas,
nomeadamente nos intervalos dos concertos das várias festas dos caloiros, mas
vai também ficar disponível online.
Paralelamente, vão ser disponibilizados cartazes pelas
universidades e politécnicos, além de crachás distribuídos durante as festas
académicas.
Os cartazes vão ter mensagens como: "Qual é o teu curso?
Licenciatura em maus tratos?" ou "Qual é o teu curso? Academia da
Humilhação Aplicada?".
"Sabemos que nas universidades estas questões acontecem,
sabemos que muitas vezes são tabu e o que nós queremos é que se fale da
violência no namoro porque falando da violência no namoro nós estamos a
prevenir a violência", defendeu Catarina Marcelino.
De acordo com a secretária de Estado, esta será a primeira fase
da campanha, que terá depois continuação em fevereiro, por altura do Dia dos
Namorados, e terminará no final do ano, com a queima das fitas.
"Durante o ano letivo, as próprias associações e as
próprias universidades podem candidatar-se a projetos, de iniciativa das
próprias associações e federações", anunciou a secretária de Estado, sendo
que a linha de financiamento para estes projetos será lançada em fevereiro.
Catarina Marcelino aproveitou para lembrar um estudo feito pela
UMAR -- União de Mulheres Alternativa e Resposta, que revelou a fraca perceção
que muitos jovens têm do que são ou não situações de violência.
Na altura, entre 2500 jovens, quase um terço dos rapazes (32,5%)
achava legítimo exercer violência sexual e 14,5% das raparigas não considerava
violência forçar um beijo ou sexo, ao mesmo tempo que quase um quarto dos
jovens (22%) considera "normal" a violência no namoro.
Dados que Catarina Marcelino considerou preocupantes, apontando
que ninguém chega aos 40 anos de idade como agressor ou como vítima.
"Ninguém é vítima ou agressor apenas aos 40 anos, há um
processo de construção de personalidade enquanto seres sociais. Isso tem de nos
fazer questionar e tem de nos fazer intervir mais ao nível da prevenção e é
isso que estamos a fazer hoje com o arranque desta campanha", apontou.
Outro dado preocupante, segundo a secretária de Estado, tem a
ver com "muitos casos" de violência sexual relatados no âmbito das
festas académicas, quando há muito álcool disponível.
A campanha é uma iniciativa do Governo, em parceria com as
associações e federações académicas, a SEIES - Sociedade de Estudos e
Intervenção em Engenharia Social, a UMAR e a Associação Capazes.
O lançamento realiza-se antes das Serenatas Velhas, que dão
início à Semana de Receção.»
(reprodução de notícia DIÁRIO DE NOTÍCIAS online, de 4 de outubro de 2016)
Sem comentários:
Enviar um comentário