«Até esta sexta-feira foram registados 75
679 pedidos de apoio mas há menos aprovações nas instituições estatais.
Conselho de Reitores diz que pedidos chegaram mais tarde
Os estudantes do ensino superior público e privado apresentaram
até esta sexta-feira um total de 75 679 requerimentos de bolsa aos serviços de
ação social das universidades e institutos politécnicos, números que traduzem
um aumento de 7818 pedidos em relação ao mesmo período do ano passado. Mas os
deferimentos não seguem esta tendência. Até agora foram aprovadas 5626 bolsas,
que representam um decréscimo de 312 em relação ao ano letivo de 2015-16.
A aparente discrepância é ditada exclusivamente pelas instituições
do ensino superior público, as quais - apesar de terem "ganho 6127"
pedidos neste ano - concederam menos 693 bolsas, num total de 5102. Questionado
pelo DN, António Cunha, reitor da Universidade do Minho e presidente do
Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, defendeu a necessidade de
"ser cauteloso na análise dos dados neste momento", considerando que
"dificilmente antes do final do mês de outubro" será possível fazer
um balanço rigoroso. No entanto, admitiu, pela análise feita aos dados nos
serviços de ação social da própria instituição, que existem sinais de algum
"atraso" nos processos, que atribuiu a uma mudança de atitude dos
alunos, que terão concentrado as candidaturas no final do mês de setembro:
"Há cerca de 15 dias tínhamos muito menos pedidos do que no ano passado e,
nas últimas duas semanas, tivemos um aumento enorme do número de pedidos. Isso
explica por que não foram deferidos. Não entraram de um modo mais equilibrado
ao longo do último mês", justificou.
A perceção dos alunos vai, porém, num sentido inverso. Embora
sem querer valorizar o atraso que se verifica nesta altura do ano, Daniel
Freitas, presidente da Federação Académica do Porto (FAP, que representa os
estudantes de todos os organismos da cidade), aponta o dedo às instituições
"que ainda não analisaram nenhum processo". "Há casos em que já
foram analisadas mil bolsas e noutros ainda não houve nenhuma análise dos
serviços. Isto acontece sistematicamente com algumas instituições."
O representante dos estudantes lembra que em causa pode estar a
coordenação entre alguns serviços das universidades e politécnicos, e não um
atraso dos serviços de ação social. Por exemplo, "é preciso ter acesso às
avaliações" dos bolseiros para perceber se o candidato cumpre os requisitos
e "pode haver dificuldades dos serviços em ter esta informação em tempo
útil". "Temos de perceber o que se passa nestes serviços", apela
Daniel Freitas.
Os dados mais recentes divulgados na página da Direção--Geral do
Ensino Superior (DGES) indicam que entre as instituições públicas sem processos
deferidos estavam, a 15 de setembro, as universidades dos Açores, do Algarve,
de Évora, Nova de Lisboa e os politécnicos de Beja, Bragança, do Cávado e Ave,
Guarda, Leiria, Portalegre, Santarém, Setúbal e Viseu e as escolas de
enfermagem de Coimbra e Lisboa, bem como a Escola Náutica Infante D. Henrique.
Estes números podem ser explicados exatamente pela falta de
informação suficiente para analisar os processos. A título de exemplo, no caso
da Universidade do Algarve, dos 1495 pedidos de bolsa, apenas dois tinham toda
a informação para serem analisados e ainda não o tinham sido. No entender do
dirigente da FAP, outro problema parece estar relacionado com a paragem nos
serviços. "O período de candidaturas abre a 25 de junho e só no final de
agosto é que começam a analisar os pedidos de bolsas, o país para todo em
agosto e não pode ser."
De acordo com os dados do Ministério do Ensino Superior,
enviados ao DN, existiam no final de setembro 51 511 requerimentos ainda
"a aguardar a informação indispensável para a análise". Um número
muito superior aos 39 886 processos que se encontravam nestas condições há um
ano. E este elemento sugere que, de facto, os alunos estão a demorar mais a
concluir as suas candidaturas ou pelo menos estão a fazê-las de forma mais
incompleta. Entretanto, há 5626 que já têm a bolsa aprovada e receberam a
prestação a 25 de setembro.»
(reprodução de notícia DIÁRIO DE NOTÍCIAS online, de 2 de outubro de 2016)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]
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