Em ambas as candidaturas a Reitor escapa-lhes a natureza da vivência humana que caracteriza o quotidiano das pessoas. Sem mergulhar em profundidade nessa dimensão, dificilmente a UM poderá extrair o que há de melhor em cada um dos seus membros. A situação é crítica e precisa de atenção urgente. Por exemplo, a quantidade de energia desperdiçada numa endémica conflitualidade, sem quaisquer mecanismos de regulação arbitral, é imensa [com grande responsabilidade da Reitoria cessante]. Embora o programa de António Cunha faça referênca a "orientações" com vista à "observância de padrões éticos", esta situação não é diagnosticada como um problema e a natureza do enunciado não a configura como objecto de uma atenção específica.
Para as pessoas que vivem a sua actividade académica como um fardo pesado que carregam para ganhar a vida - habitando o espaço universitário sem o calor dos afectos, onde se sentem excluídas, humilhadas, desrespeitadas, não estimuladas - pouco importam as grandes considerações sobre a missão da Universidade. A força e a vitalidade de uma organização assentam na saúde do tecido social que a sustenta (Bhom & Peat, 1995; Goleman, 1995). Só com elevada motivação, satisfação e sentimento de bem-estar as pessoas são capazes de dar o melhor de si. Essa é a variável de que tudo depende: a criatividade, a capacidade de inovação, o empreendedorismo e a tão badalada excelência [a excelência tem expressões diversas - cuidado com a única bitola tecnocrática]. Isso requer o debate necessário e a adopção de políticas orientadas para um esforço de transformação da cultura institucional vigente, que tenha no horizonte uma vivência académica subordinada a princípios e valores que humanizem a atmosfera institucional
É pois necessário falar das venalidades enraizadas na cultura institucional, a saber: o desrespeito da legalidade; o autoritarismo e a intimidação; a atmosfera de medo e de opressão; a violação de direitos legítimos das pessoas; o favorecimento de uns em detrimento de outros; a degradação das relações interpessoais; o clientelismo; as restrições à liberdade de expressão; as situações de injustiça, sem apelo nem recurso; a intromissão abusiva em matérias científicas em função do cargo que se exerce e não de critérios científicos.
São particularmente os docentes mais jovens que mais sentem este tipo de problemas e mais vulneráveis se encontram para lhes fazer face.
O que têm os candidatos a dizer sobre isto?
Seria bom que se pronunciassem.
Joaquim Sá
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