segunda-feira, 13 de agosto de 2012

À margem do CG: algumas notas soltas (71)

Conforme assinalei na minha nota informativa anterior (À margem do CG: algumas notas soltas – 70), a reunião do Conselho Geral de 16 de Julho pp. teve como temas dominantes dois; a saber: a fixação do valor das propinas do 1º ciclo e mestrados integrados do próximo ano lectivo; e a situação em que se encontram os colegas que entretanto concluíram doutoramento, que, por força das disposições da lei do orçamento, têm impedido o seu progresso remuneratório e, por força das “fixações” juridicistas  do reitor da UMinho e da sua assessora jurídica, têm visto frustrada a sua expectativa de nomeação no estatuto a que legalmente têm direito. Todavia, houve outros assuntos que mereceram a atenção dos “conselheiros”. De entre eles destaco os seguintes:

i)       a apresentação pelo provedor do estudante do seu relatório anual, que resultou algo mais consistente que o do ano anterior, não se podendo daí deduzir, não obstante, que ficou provado que não tinham razão aqueles que desde sempre entenderam que a eleição de António Paisana para a função resultava de um mal-entendido; infelizmente, com a sua eleição, por maioria, para um segundo mandato perdeu-se a oportunidade de confirmar ou infirmar essa presunção; este é, em grande medida, um resultado de disposições estatutárias equívocas, que entregam aos estudantes a decisão da escolha do provedor, e que urge ultrapassar aquando da revisão dos Estatutos da UMinho;
ii)     a problemática da fixação dos numerus clausus de acesso aos cursos do 1º ciclo e mestrados integrados, que serviu para constatar que a UMinho terá a concurso em 2012/2013 menos 40 vagas do que as que teve no ano lectivo anterior, sendo que, no essencial,  a redução se ficou a dever à diminuição da oferta noturna (menos 60 vagas), a indiciar a forma precipitada como muita dessa oferta foi estabelecida; à margem desse debate, no que à questão do ensino oferecido se refere, merece-me menção o comentário a dada altura produzido pelo reitor de que “Nem todos os nossos cursos são verdadeiros cursos. Muitos dos nossos cursos são conjuntos de disciplinas”, com que tenho que concordar, pese o que isso me custa; por extensão, talvez valesse também a pena o CG “pensar e tomar posição” sobre a problemática da rede de ensino superior em Portugal, como sugeriu A. Cândido de Oliveira; mas esse é exercício que parece deixar desconfortável António Cunha e, porventura, o presidente do órgão, que, em matéria de problematização da missão das instituições de Ensino Superior em Portugal e do papel que nestas devem tomar os Conselhos Gerais, tem dado preferência a voos rasantes, apenas;
iii)   já que acabou de falar-se a voos rasantes, talvez seja caso para referir que na sessão foi também feita menção à problemática das universidades-fundação, que o governo veio entretanto esclarecer que já foram; na altura, António Cunha limitou-se a comentar a propósito que “As universidades-fundação não são verdadeiras fundações”, frase que antecedeu com a declaração de que “O governo está com o dilema: deixar cair o nome fundação ou não deixar”; surpreendente é que António Cunha tenha demorado tempo tamanho para perceber o mal-entendido que foi criado;
iv)   finalmente, cumpre que se assinale a referência que foi feita aos projetos existentes de expansão do número de alunos da Universidade, tendo o reitor falado na obtenção de 25000 alunos em 2020, dos quais caberiam à EEG 3500 e ao ICS 1700, por exemplo, ao mesmo tempo que admitia que “Nós temos uma taxa muito baixa de técnicos por docente”, o que ditaria que “teríamos de passar de números da ordem dos 600 para números da ordem dos 1000”; dado o ritmo que a coisa vai levando em matéria de dotação de professores e funcionários, para não falar já do trabalho administrativo que se vem pretendendo continuadamente passar para os docentes, é caso para dizer que ou a UMinho vai ter que correr muito para atingir os números citados, nomeadamente o de estudantes visado, ou então o que está em causa, uma vez mais, é voltar a insistir na fórmula bem conhecida na Instituição de pretender produzir omolotes sem ovos.

J. Cadima Ribeiro

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