«O novo reitor da Universidade dos Açores declarou que vai dizer aos governos da República e da região que não quer basear a sustentabilidade da academia na "subsidiodependência".
“Temos o direito a reclamar aquilo que, por mérito próprio, nos é devido pelo papel que desempenhamos em prol do desenvolvimento do país e da região”, declarou João Luís Gaspar, durante a cerimónia em que tomou posse como reitor, em Ponta Delgada.
João Luís Gaspar disse que pretende “exigir ao Governo da República que a Universidade dos Açores e todos os membros da comunidade académica tenham as mesmas oportunidades que as oferecidas às demais instituições do ensino superior do país”.
“Nesse contexto, lutaremos pelo direito ao pagamento dos sobrecustos da insularidade em todas as suas vertentes”, frisou.
João Luís Gaspar pretende “garantir o envolvimento da região na defesa e manutenção do modelo multipolar da universidade”, a par de investimentos na educação, ciência e tecnologia ao abrigo do novo Quadro Comunitário de Apoio 2014-2020.
“Esperamos que a região privilegie a Universidade dos Açores no processo de implementação das políticas públicas, beneficiando das competências que esta possui, reconhecidamente, nas mais diversas áreas científicas e formativas”, defendeu.
O novo reitor quer que o poder regional e local e a iniciativa privada “procurem prioritariamente na Universidade dos Açores resposta para as suas necessidades”.
João Luís Gaspar considerou que o cenário de crise não foi o único responsável pelo “estado de falência latente” das universidades portuguesas, apontando o “continuado experimentalismo” da política pública de educação em Portugal, "a que o ensino superior não tem escapado”.
Para o reitor, a “falência latente” deve-se também à aplicação de um modelo de financiamento do ensino e da investigação “desajustado, inconstante e nem sempre claro, e à inexistência de um sistema transversal e transparente de avaliação” das instituições, atividades orgânicas e dos seus membros.
“Na realidade, tais factos têm impossibilitado a implementação consistente de planos estratégicos adequados por parte das universidades e adiado, invariavelmente, a concretização da tão necessária reforma do ensino superior em Portugal”, considerou.
“Como se verifica noutros países, Portugal encontra-se mergulhado numa esfera de austeridade que não tem poupado pessoas, famílias ou organizações”, referiu.
João Luís Gaspar acentuou que as universidades, tal como se verificou em outras instituições, deixaram de “ter condições para o pleno cumprimento da sua missão”, apesar de serem reconhecidas como “parceiras estratégicas dos governos para o processo de recuperação e crescimento do país e das regiões onde se inserem”.»
(reprodução de notícia Lusa/AO online / Regional, de 28 de Fev de 2014)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]
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