segunda-feira, 11 de abril de 2016

"A questão da atratividade das universidades"

«A Universidade da Madeira faz o que lhe compete: oferecer cursos com qualidade

Os alunos candidatos ao Ensino Superior e as suas famílias estão nesta altura do ano a equacionar as implicações sobre a escolha da Instituição para a realização da sua formação superior.
Sabemos que muitos dos candidatos, que residem nas regiões interior e sul do Continente e também nas duas Regiões Autónomas mostram tendência para frequentar cursos nas universidades dos grandes centros urbanos. Estamos numa sociedade livre e, por isso, não há aqui qualquer juízo de intenção sobre as escolhas que os alunos fazem.
A questão da atratividade das Universidades deve, neste contexto, ser analisada na dupla perspetiva da saída dos alunos para outras universidades e dos custos que tal opção traz aos orçamentos das famílias.
Relativamente à primeira perspetiva, a Universidade da Madeira atrai normalmente entre 45% a 50% dos candidatos do Concurso Nacional de Acesso. As de Lisboa, Porto e Coimbra obtêm percentagens entre 80 e 90%, donde se conclui que uma parte significativa de estudantes nem chega a sair da sua área de residência para estudar numa universidade. Não faz sentido que, com tantos apelos à mobilidade de estudantes dentro dos sistemas e com tantos elogios às vantagens proporcionadas pela internacionalização, precisamente os candidatos residentes nas grandes urbes permaneçam na área de residência, contribuindo para aumentar o efeito macrocéfalo exercido pelas principais universidades. 
De outro modo, o estudante que escolha a UMa pode optar por passar um semestre ou um ano no estrangeiro, ao abrigo do Programa ERASMUS. Os alunos da nossa Universidade que usufruíram desta experiência conheceram mundo e colegas de outras culturas, ganharam confiança em si próprios e conseguiram ser tão bons ou melhores do que os de outros países.
Existem, porém, alguns aspetos que merecem ser analisados. Há alunos que querem ou lhes faz bem ir estudar para fora logo no 1º ciclo; outros devem esperar por um 2.º ciclo ou um doutoramento para sair; e outros ainda devem sair para fazer estágios em empresas, ou ir trabalhar e ganhar experiência profissional no estrangeiro, mas só depois de concluírem os seus cursos. Quanto a nós, temos verificado que os alunos diplomados pela UMa foram reconhecidos no estrangeiro como detentores de uma formação de grande qualidade.
Já no que diz respeito à segunda daquelas perspetivas, há que ter uma atitude de cautela quanto aos custos envolvidos no momento da escolha da universidade. O Diário de Notícias da Madeira, no fim da época de candidatura do ano passado fez capa sobre esta questão, com o título “Custo Superior”, acrescentando que “Frequentar a Universidade no Continente sai caro.
O DIÁRIO fez as contas e concluiu que os gastos anuais rondam os 10 mil euros”, o dobro do que gastaria um aluno que optasse pela Madeira (ver edição de 7/08/2015). As famílias que já experienciaram esta realidade sabem que, embora os valores possam não ser rigorosamente os mesmos para todas as situações, todavia, os custos são na realidade mais elevados. Mesmo excetuando esse valor, ter-se-á que considerar outra variável não menos importante. Hoje em dia os cursos das universidades estão acreditados pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), pelo que a garantia de qualidade dos cursos está assegurada. A Universidade da Madeira faz o que lhe compete: oferecer cursos com qualidade (com o selo da A3ES), deixando depois a escolha aos alunos. O resto é determinado por questões de escala, de história institucional ou de contextos de mercado.
Em defesa da opção pela Universidade da Madeira, há um facto indesmentível: nas nossas sociedades globalizadas e internacionalizadas, a distância geográfica já não encerra a carga negativa que tinha no passado. Atualmente, professores e alunos podem aceder a um gigantesco manancial de informação e conhecimento, mesmo residindo fora da área onde se situam os tradicionais centros de criação e divulgação do saber. Se assim não fosse não teria valido a pena o esforço de modernização das sociedades, incluindo a expansão da rede de ensino superior, com os seus inquestionáveis benefícios.»

Sílvio Fernandes, 
Vice-Reitor da Universidade da Madeira 

(reprodução de artigo de opinião Diário de Notícias, de11 de Abril de 2016)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

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