quinta-feira, 30 de abril de 2015

"Três universidades portuguesas no top 100 mundial"

«Está a norte a universidade portuguesa com a melhor classificação no ranking mundial das instituições de ensino superior com menos de 50 anos.

As universidades do Minho, Aveiro e Nova de Lisboa, todas fundadas em 1973, figuram no prestigiado ranking das 100 melhores instituições de ensino superior com menos de 50 anos, divulgado esta quarta-feira pela revista "Times Higher Education".
Num ranking elaborado com base em indicadores como a qualidade do ensino e da investigação, número de citações em revistas científicas, projeção internacional e inovação, a Universidade do Minho surge em 64º lugar a nível mundial, uma subida de onze posições relativamente ao ano passado e que faz desta a instituição portuguesa com melhor classificação.
A Universidade de Aveiro surge a seguir, no 69º lugar (mais dez do que em 2014), seguida da Nova de Lisboa, que desceu duas posições, para a 89ª. 
Para este ranking só são consideradas as melhores universidades criadas há menos de 50 anos. Já no ranking global da Times Higher Education, que lista as 200 melhores instituições de ensino superior do mundo, não surge nenhuma portuguesa.
Ainda assim, o editor da Times Higher Education, Paul Baty, considera que o país está no bom caminho e tem conseguido resultados animadores: "É encorajador que Portugal, que não está representado no top 200 das melhores universidades do mundo, consiga ter três neste ranking das melhores instituições com menos de 50 anos. Duas (Minho e Aveiro) fizeram progressos e conseguiram subir na tabela, o que é um bom indicador para o futuro do país", diz.
Este ano, pela primeira vez, o ranking é liderado por uma universidade suíça (École Polytechnique de Lausanne). De resto, o top 5 é todo dominado por instituições de ensino superior do sudeste asiático, nomeadamente da Coreia do Sul, de Hong Kong e de Singapura.
"As universidades que figuram neste ranking provam que o ensino e a investigação de excelência a nível mundial não são exclusivas de uma velha elite. Algumas das melhores instituições com menos de 50 anos conseguiram em poucas décadas o que algumas universidades demoraram séculos a conseguir. Sem o peso da tradição e a riqueza acumulada de gerações de antigos alunos que agem como embaixadores, estas jovens instituições conseguiram causar muito boa impressão num curto espaço de tempo e são um exemplo a seguir", frisa Paul Baty.»

(reprodução de notícia Expresso online, de 29 de abril de 2015)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

quarta-feira, 29 de abril de 2015

"A qualidade do ar na UM"

«Boa tarde a todos

Após todos os percalços que a nossa academia tem tido no que respeita à qualidade do ar das nossas instalações, nomeadamente em torno do edifício da Escola de Ciências, o impensável volta a acontecer. O gerador que está localizado na cave desse edifício, e cuja chaminé de exaustão está ao nível do solo, voltou a funcionar durante grande parte desta tarde. Como é normal, havia janelas abertas. Como é também normal, os gases de exaustão com origem nessa chaminé, entraram pelo edifício dentro, criando ainda mais problemas a adicionar aos que lentamente, com mais ou menos imaginação, se têm vindo a tentar resolver 

Isto faz-nos pensar seriamente na competência técnica dos responsáveis pela instalação de tais equipamentos. Não é preciso ter grande formação científica para perceber que um motor de combustão emite gases tóxicos e que estes gases, por serem quentes sobem. Por esse motivo, é óbvio que uma chaminé de exaustão NUNCA pode ser colocada ao nível do solo, muito menos por baixo de janelas que podem abrir (isto para não falar da atmosfera altamente tóxica que permanece na zona envolvente à chaminé, ao nível do solo)

Nos últimos meses têm ocorrido situações que me levam a pensar que ainda bem que os nossos serviços não fazem submarinos ou naves espaciais. Brada aos céus os erros técnicos a que temos assistido. Ventilação em vez de contenção; tomadas de ar ao nível de chaminés de exaustão, soluções no mínimo estranhas para resolver problemas de isolamento, gestão dos espaços verdes...… E por último, o caso que acabei de descrever acima.

Pelo que conheço dos colegas da área da engenharia civil e da arquitectura, aluno que apresentasse um projecto de instalação de uma chaminé exaustora com as características da que existe na cave do edifício da ECUM teria reprovação garantida. Não consigo pois compreender como alguém autorizou a instalação recente (a dita chaminé tem pouco mais de um ano…) da mesma. Se calhar, alguém terá que voltar às salas de aula

Peço desculpa pelo espaço ocupado mas esta situação, que se repete periodicamente, é no mínimo revoltante e não atesta minimamente a competência técnica de quem é responsável pela instalação de tais equipamentos

saudações académicas

Pedro Gomes

CBMA - Molecular and Environmental Biology Centre
SPVS – SOCIEDADE PORTUGUESA DE VIDA SELVAGEM
Biology Department
Minho University
Campus de Gualtar
4710-074 Braga
PORTUGAL»

(reprodução de mensagem, de distribuição universal na rede da UMinho e com  origem no colega identificado, que nos caiu entretanto na caixa de correio eletrónico

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Consórcios: "Pena foi que não tivessem pensado nos aspetos negativos antes"

Consórcios em risco

(título de mensagem, datada de domingo, 26 de abril de 2015, disponível em O Campus e a Cidade)

domingo, 26 de abril de 2015

"Pólo da Universidade das Nações Unidas quer assumir-se como ´cluster` internacional da governação electrónica"

«“Guimarães acolhe-vos com enorme orgulho e uma vontade firme de provar que este é o sítio certo para a Universidade das Nações Unidas”. Foi desta forma que o presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Domingos Bragança, deu ontem as boas-vindas aos responsáveis da Universidade das Nações Unidas (UNU) que contam agora com uma Unidade Operacional em Governação Electrónica instalada no Centro Avançado e Formação Pós-Graduada da Universidade do Minho (UMinho), no campus de Couros.
No mesmo edifício onde funcionará este polo da UNU foi igualmente inaugurada a Unidade Operacional da Agência de Modernização Administrativa.
Como frisou o autarca vimaranense, com esta unidade instalada em Guimarães, Portugal passa a integrar o restrito lote de 12 países nos quais a UNU radicou institutos ou programas que têm como missão apoiar a organização das Nações Unidas (ONU) e os respectivos estados-membros na transformação de mecanismos e na criação de capacidades efectivas de governança, através do desenvolvimento de estratégias de tecnologias digitais que contribuam para o desenvolvimento económico, sustentabilidade ambiental, paz e segurança.
Domingos Bragança diz que a escolha desta localização constitui “um motivo de orgulho”, deixando o compromisso de tudo fazer para que este polo “encontre aqui as condições indispensáveis para atingir os patamares de excelência”.
E foi de excelência que falou também o ministro-Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Poiares Maduro, que apadrinhou este projecto. 
O governante refere que o objectivo é atrair novos investimentos, quer sejam eles públicos ou privados, outros actores e entidades, “transformando este polo num cluster internacional da governação electrónica e Portugal num líder europeu nesta matéria”.
 “Um pólo como este pode contribuir para criar um centro de excelência, um centro de massa critica, com capacidade de gerar projectos que possamos depois implementar ao nível da administração pública e gerar cooperação com administrações públicas de outros estados”, prossegue o ministro-adjunto.
Para Poiares Maduro, a digitalização electrónica, a digitalização da Administração Pública promove, entre outros factores, o reforço da ligação entre a administração pública e os cidadãos, as empresas e outras organizações da sociedade civil.
O ministro-adjunto teve ainda oportunidade de traçar rasgados elogios às instalações onde está localizada esta unidade, um espaço que conjuga “tradição e modernidade”, caracterizando-o “como um dos locais mais interessantes que vi enquanto espaço de trabalho”. Elogios também para a UMinho, “uma das universidades mais dinâmicas do país” e uma das que mais tem crescido a nível europeu e internacional “porque soube perceber aquilo que é o papel futuro de uma universidade, na sua ligação com a economia e a sociedade”.
David Malone, reitor da UNU, referiu o privilégio em trabalhar com uma universidade com o dinamismo da UMinho, destacando o estatuto internacional que a academia conquistou.»

(reprodução de notícia CORREIO DO MINHO, de 2015-04-25)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

sexta-feira, 24 de abril de 2015

"Bosch faz ´roadshow` nas universidades portuguesas"

«Empresa quer recrutar 15 engenheiros portugueses para atividades de I&D na sua sede em Hildesheim, na Alemanha

A Bosch Portugal vai intensificar o processo de recrutamento de engenheiros portugueses a partir do final do mês de abril através de um roadshow em universidades de engenharia portuguesas.

Bosch Portugal prepara roadshow de recrutamento em universidades portuguesas:

- A 29 de abril de 2015, a Bosch inicia na Faculdade de Engenharia do Porto o seu roadshow de recrutamento em universidades portuguesas, com o objetivo de estabelecer uma relação com os futuros engenheiros.
- A 6 de maio estará na Universidade de Aveiro
-A 7 e 8 de maio no Instituto Superior Técnico
-A 27 de maio na Universidade do Minho
-Estará também presente na feira de emprego da Universidade de Coimbra, no dia 30 de abril.
Para a empresa este evento "vem reiterar a vontade de continuar a apostar nos portugueses e em Portugal, visto pelo Grupo como um país altamente competitivo ao nível da mão-de-obra-qualificada, produtividade e infraestruturas". O roadshow de recrutamento em universidades portuguesas, tem o objetivo de estabelecer uma relação com os futuros engenheiros.
Atualmente com mais de 3.300 colaboradores, dos quais 250 estão nos centros de desenvolvimento em Aveiro, Braga e Ovar, a Bosch é um dos maiores empregadores em Portugal e um dos principais centros de I&D no país.
De acordo a Bosch, " Portugal tem vindo a destacar-se no seio do Grupo Bosch pela sua elevada qualidade dos recursos humanos, pelo elevado índice de inovação e qualidade dos produtos, e pelo desempenho industrial". Neste sentido, a divisão Bosch Car Multimedia, cuja principal fábrica está localizada em Braga, estará em Lisboa no próximo dia 29 e 30 de maio para recrutar cerca de 15 engenheiros portugueses para atividades de I&D na sua sede em Hildesheim, na Alemanha.
João Paulo Oliveira, responsável da Bosch em Portugal refere que "o Grupo Bosch reconhece o talento português e as suas vantagens competitivas. A organização de um evento deste calibre é a prova de que Portugal tem aumentado cada vez mais a sua visibilidade a nível internacional".
Estas iniciativas encontram-se inseridas no plano, anteriormente divulgado pela empresa, para a duplicação do número de engenheiros alocados a projetos de investigação e desenvolvimento, que implica a passagem dos atuais 250 para 500 profissionais.
Para além do recrutamento de perfis de engenharia, o "evento especial de carreiras" terá como objetivo demonstrar de que forma o trabalho desenvolvido pela divisão tem vindo a impactar as soluções de inovação do setor automóvel a uma escala global. O evento decorrerá à porta fechada para um grupo de engenheiros pré selecionado. Os interessados deverão enviar a sua candidatura às vagas disponíveis no seguinte endereço.
Durante este evento, engenheiros portugueses terão acesso a apresentações inovadoras e a oportunidade de discutir temas relacionados com a indústria diretamente com a equipa de profissionais da Bosch na Alemanha. Os candidatos que respondam aos requisitos das vagas disponíveis serão recrutados pela Bosch no final do evento.»

(reprodução de notícia Dinheiro Vivo, de 2015/04/22)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Despacho do SEES - fixação de vagas no ensino superior no ano letivo de 2015-206

Aprova as orientações...para a fixação das vagas para os concursos nacional e locais para ingresso

[Gabinete do Secretário de Estado do Ensino Superior
Despacho n.º 3888/2015
Aprova as orientações a que se refere o n.º 3 do artigo 64.º da Lei n.º 62/2007, de 10 de setembro (Regime jurídico das instituições de ensino superior) para a fixação das vagas para os concursos nacional e locais para ingresso no ensino superior público no ano letivo de 2015-2016

/…./
Artigo 13.º
Vagas para o ciclo de estudos de Medicina
As instituições de ensino superior onde é ministrado o ciclo de estudos de Medicina devem assegurar a manutenção do número de vagas fixado para o ano letivo de 2014 -2015.
Artigo 14.º
Vagas para o ciclo de estudos de licenciatura em Educação Básica
As vagas para o ciclo de estudos de licenciatura em Educação Básica, em cada instituição de ensino superior que pretenda manter a abertura das mesmas, não podem ser superiores às fixadas para o ano letivo de 2014 -2015.
Artigo 15.º
Recomendações em matéria de áreas
Recomenda -se às instituições de ensino superior que, sem prejuízo das regras fixadas pelo presente despacho, privilegiem uma afetação de vagas que conduza ao aumento da oferta nas áreas de estudo 42 (ciências da vida), 44 (ciências físicas), 46 (matemática e estatística), 48 (informática) e 52 (engenharia e técnicas afins).
CAPÍTULO IV
Procura 
Artigo 16.º
Exceções às limitações decorrentes da procura
1 — Excetuam -se do disposto no artigo 8.º os pares instituição/ciclo de estudos em que seja demonstrada a especial relevância do ciclo de estudos e a insuficiência da oferta na rede pública.
2 — Excetuam -se ainda do disposto no artigo 8.º os pares instituição/ciclo de estudos em que seja demonstrada a existência de uma procura confirmada de estudantes internacionais para o ano letivo de 2015 -2016.
3 — O pedido de aplicação deste artigo deve ser acompanhado de fundamentação expressa onde seja demonstrada, conforme os casos, a especial relevância do ciclo de estudos e a insuficiência da oferta na rede pública ou a procura confirmada de estudantes internacionais.
CAPÍTULO V
Coordenação da oferta formativa
Artigo 17
Âmbito e princípios da coordenação da oferta formativa
— As instituições de ensino superior devem, no sentido da racionalização da oferta, promover a sua coordenação para:
a) Gerir em conjunto o número máximo de vagas, considerando -se, para os efeitos do artigo 5.º, a soma do número de vagas das instituições em causa;
b) Gerir em conjunto o número máximo de ciclos de estudos, considerando -se, para os efeitos do artigo 7.º, a soma do número de ciclos de estudos das instituições em causa;
c) Quando dois ou mais ciclos de estudos similares sejam abrangidos pelo disposto no n.º 1 do artigo 8.º e, no conjunto, o número de alunos inscritos no 1.º ano pela 1.ª vez no ano letivo de 2013 -2014 ou no ano letivo de 2014 -2015 seja igual ou superior a 10, abrir vagas num desses ciclos de estudos.
2 — As instituições envolvidas devem adotar como regras gerais em matéria de coordenação da oferta formativa:
a) O princípio da não duplicação da oferta;
b) O princípio da diferenciação da oferta entre subsistemas;
c) O princípio da especialização da oferta.
3 — No âmbito da concretização do princípio da diferenciação da oferta entre subsistemas, as instituições coordenadas devem assumir a supressão progressiva da oferta de formações que não se enquadrem na vocação específica do seu subsistema, tendo em consideração, designadamente, o disposto no n.º 1 do artigo 6.º e no n.º 1 do artigo 7.º da Lei n.º 62/2007, de 10 de setembro, e no n.º 3 do artigo 8.º do Decreto -Lei n.º 74/2006, de 24 de março, sucessivamente alterado.
4 — No âmbito da concretização do princípio da especialização da oferta, as instituições que se coordenem devem concentrar a sua oferta formativa nas áreas em que tenham especial qualidade.
5 — No caso previsto na alínea c) do n.º 1, as regras fixadas pelos artigos 9.º e 14.º aplicam -se ao conjunto dos ciclos de estudos similares.
Artigo 18.º
Concretização da coordenação
1 — O processo de coordenação a que se refere o artigo anterior desenvolve-se no quadro de um entendimento firmado pelas instituições em causa.
2 — As decisões no âmbito do processo de coordenação são tomadas pelo conjunto dos presidentes e reitores das instituições em causa.
3 — O entendimento a que se refere o n.º 1 e as decisões a que se refere o n.º 2 acompanham a comunicação a que se refere o artigo 19.º
4 — As instituições de ensino superior que se coordenem nos termos do artigo anterior conservam, para anos subsequentes, os valores máximos a que se referem os artigos 5.º e 7.º ]

[reprodução de mensagem, datada de 20 de Abril de 2015 (e excerto de conteúdo do Despacho n.º 3888/2015), disponível em UM para todos; NB: destaques nossos]

quarta-feira, 22 de abril de 2015

terça-feira, 21 de abril de 2015

Evolução da despesa com a ciência em Portugal e na UE e publicação científica


(reprodução de imagem que nos caiu entretanto na página do Facebook)

segunda-feira, 20 de abril de 2015

"O grande reformador"

«Mariano Gago fez o que fazem os grandes reformadores.
Era um debate na esplanada da faculdade, aí por volta de 1993, e Mariano Gago era um dos convidados. Na altura o movimento anti-propinas era forte entre os estudantes mas contava com pouca solidariedade entre as gerações mais velhas, as que tinham a idade que hoje têm aqueles estudantes que encheram a esplanada para ouvir o físico e professor, então já bem conhecido pelo seu Manifesto para a Ciência em Portugal.
Mariano Gago foi generoso ao aceder àquele debate e polido a responder às perguntas, mas não facilitava — ou seja, não se moldava ao auditório. Nós estávamos sedentos de que nos dissessem o que queríamos ouvir; ele concordava conosco em parte, e na outra parte obrigava-nos a pensar.
Não fazíamos ideia de que ali estava o que viria a ser o governante mais importante para a nossa geração. Quando Guterres o nomeou Ministro da Ciência foi uma boa surpresa. E depois foi a revolução, uma revolução ao retardador de cujos efeitos só nos daremos completamente conta daqui a umas décadas.
Portugal teve alguns importantes reformadores na educação. Alguns, de Verney a António Sérgio, foram reformadores em potência, que influenciaram mas não governaram. Outros tiveram a possibilidade de concretizar as suas ideias. Mariano Gago pertenceu a esse grupo restrito. A sua ação política ficará para a história do conhecimento no nosso país como ficou a de Pombal ou Passos Manuel.
***
No fim da mesma década vi diretamente o impacto dessa ação. Foi em Paris, na residência estudantil portuguesa da Cidade Internacional Universitária. Éramos das humanidades e das ciências, físicos e historiadores, músicos e antropólogos, biólogos e economistas. A maior parte com bolsa da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, fazendo mestrados e sobretudo doutoramentos. Vínhamos das ilhas e do continente, do litoral e do interior, de Trás-os-Montes e do Algarve e das ex-colónias. Acima de tudo, e talvez pela primeira vez de forma tão clara na história do país, éramos filhos de taxistas ou bancários, agricultores ou médicos, operários fabris ou gestores de empresas. Uma elite não elitista.
Claro que nem tudo estava por fazer antes de Mariano Gago. As universidades portuguesas já eram então bem melhores do que se pensava e dizia, ou aquela geração não se teria adaptado tão agilmente às melhores universidades do mundo. E não ficou tudo feito depois de Mariano Gago: depois de doutorados, muitos destes cientistas e estudiosos não puderam encontrar em Portugal a melhor forma de render o seu potencial. E claro que nem tudo o que Mariano Gago fez foi consensual ou mesmo positivo, da implementação do processo de Bolonha a uma certa insistência nos modelos excessivamente especializados e competitivos das ciências exatas. E claro que não o fez sozinho: na política como na academia, Mariano Gago teve aliados.
Ele fez o que fazem os grandes reformadores. O país deu um pulo, tanto na investigação científica de ponta como na disseminação da cultura científica. Do edifício que temos de construir, ele cavou alicerces, levantou paredes e traves mestras. Esse edifício, é verdade, está hoje em risco, mas há uma geração inteira para o defender.
Não haverá melhor homenagem para ele do que continuar a sua obra.»


(reprodução de artigo de opinião Público online, datado de 20/04/2015)

[Nuno Soares da Silva]

"Ensino Superior: 40% dos professores têm mais de 50 anos"

«Quadros docentes estão envelhecidos por causa dos limites impostos a novas contratações. No espaço de uma década, universidades e politécnicos perderam 10% do efectivo.

São cada vez menos e mais velhos os professores das universidades e institutos politécnicos portugueses. Os limites à contratação impostos pelos governos nos últimos anos tornaram raras as novas contratações de pessoal no sector público. E a recessão económica e demográfica também levou o ensino superior privado a cortar na admissão de novos professores. Em consequência, os quadros de docentes das instituições de ensino superior estão envelhecidos, com 40% dos efectivos a terem mais de 50 anos. Sindicatos, universidades e politécnicos dizem que é preciso inverter a tendência para evitar um “colapso” no sector, dentro de poucos anos.
De acordo com os dados do último Registo Biográfico dos Docentes do Ensino Superior (Rebides) – relativo ao ano lectivo 2013/2014 –, a idade média dos professores aumentou três anos, entre 2005 e 2014, fixando-se em 46 anos. A idade daqueles que ensinam nas universidades (47 anos) é mais elevada do que a dos colegas dos institutos politécnicos (44).
Este valor não permite, porém, perceber na totalidade o cenário de envelhecimento dos professores do ensino superior. Essa realidade torna-se mais clara quando se observa a estrutura etária dos corpos docentes. A pirâmide começa a ser figura errada para descrever a imagem que se obtém ao analisar estes dados, uma vez que a base tem vindo a encolher.
O número de docentes com menos de 30 anos baixou mais de 60% ao longo da última década (fixando-se nos 1451 professores no ano lectivo 2013/2014). No mesmo sentido, o número de professores entre os 30 e os 39 anos está em quebra – menos 36%, desde 2005. Em menor medida, mas também com tendência de perda, está a faixa etária dos 40 aos 49 anos, em que o número de professores diminuiu, nos últimos anos, muito ligeiramente – menos 0,2%.
Pelo contrário, não tem parado de crescer o número de professores que pertencem às duas faixas etárias do topo. Face a 2005, há actualmente mais 30% de docentes com 60 anos ou mais e um aumento de 31,5% entre os profissionais com idades compreendidas entre os 50 e os 59 anos. Face a esta evolução, o total de docentes do ensino superior com mais de 50 anos ascende a 40%. Há uma década, os professores com estas idades não ultrapassavam os 25% do total. Já o número de docentes com menos de 40 anos diminuiu de 43% para 28%, no mesmo período.
O envelhecimento dos docentes do ensino superior está directamente ligado aos problemas de financiamento do sector e às consequências que a crise financeira teve sobre universidades e politécnicos. As progressões na função pública foram suspensas e os últimos Orçamentos de Estado (OE) acrescentaram limites à contratação de pessoal, sendo apenas admitidas novas entradas se a massa salarial total não aumentar. Por isso, o número de contratações no ensino superior público tem sido cada vez menor, impedindo a renovação geracional.
O resultado desta combinação de factores pode resultar num “colapso” do sector, avisa o presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior (Snesup), António Vicente. “A idade média dos professores está a aproximar-se cada vez mais 50 anos. Se não existir uma aposta forte na contratação de novos docentes, dentro de dez anos a situação será muito gravosa”. O problema tem que ser atacado “já”, defende o mesmo responsável, uma vez que a formação de docentes “não se faz de um dia para o outro”.
Todavia, a necessidade de renovação dos quadros de docentes defendida pelo Snesup esbarra no mesmo tipo de limitações administrativas e orçamentais que criaram esta realidade nos últimos anos. “Não vejo forma de renovar o corpo docente, continuando com a política de redução orçamental que tem vindo a ser seguida”, aponta João Cunha, dirigente da Federação Nacional de Professores (Fenprof) para o ensino superior.
O aumento da idade dos professores tem-se tornado, também, uma preocupação para as instituições de ensino. Numa entrevista ao PÚBLICO, no final do ano passado, o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, António Cunha, afirmava ser necessário debater com o Governo a “absoluta necessidade” de criar condições para as universidades rejuvenescerem os seus quadros de pessoal, “sob pena de, a breve prazo, se tornarem totalmente incapazes de competir no contexto internacional”.
Também o presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Joaquim Mourato, considera “importante continuar a renovar o corpo docente para que exista uma estrutura etária equilibrada”. “Não tem sido possível concretizar esta solução por questões de ordem financeira e legal, que trazem entraves a novas contratações”, justifica. “Para abrir um concurso para contratação de novos docentes é necessário ter um orçamento disponível e, devido às restrições financeiras que o ensino superior tem sentido, não tem sido possível realizar a renovação desejada”, acrescenta o líder dos politécnicos. Contactado pelo PÚBLICO, o Ministério da Educação e Ciência não quis pronunciar-se sobre este tema.
O corpo docente das universidades e politécnicos nacionais nunca foi tão qualificado: 53,3% têm hoje doutoramento, o que representa um crescimento de quase praticamente 48% no número de professores doutorados face a 2005/2006. Mas as limitações à contratação de novos docentes têm também bloqueado a entrada no ensino superior de uma nova geração, numa altura em que o país tem tantos doutorados. Em 2012, 1792 pessoas completaram o seu doutoramento, o número mais elevado de sempre, fazendo aumentar para quase 25 mil o número total de doutores no país.
Olhando para a evolução do número de docentes por categoria profissional, percebe-se igualmente um esvaziamento das categorias de topo. O número de professores catedráticos (o nível mais alto da carreira universitária) baixou 6,6% na última década (totalizava 1209 em 2013/2014) e há menos 4,5% de professores associados. Ao mesmo tempo, acentua-se a tendência para que os docentes fiquem na categoria de professores auxiliares: 48% dos professores das universidades públicas têm esta categoria.
Como consequência das limitações à contratação – e do normal processo de aposentação dos professores mais velhos, bem como da dispensa de muitos professores convidados –, o número total de professores que trabalham no ensino superior tem diminuído nos últimos anos. De acordo com os dados do último Rebides, publicado pela Direcção-Geral das Estatísticas da Educação e da Ciência, o total de docentes no sector desceu 10% na última década. Em 2013/2014, havia 33.528 professores no ensino superior.
A quebra mais acentuada no emprego de docentes verificou-se no ensino privado, que passou a ter menos 22% de professores do que em 2005/2006. No sector público, a quebra é mais ligeira (uma perda de 6%). Este resultado é muito influenciado pelo comportamento das universidades públicas que, mesmo numa fase de contenção, conseguiram aumentar o total de professores – mais 2% entre 2005 e 2014. Já no subsector politécnico, o número de docentes baixou 16% no mesmo período.
Esta discrepância no comportamento dos dois subsectores públicos explica-se, em parte, pela variação no número dos diplomados nos cursos dos politécnicos e das universidades. Entre 2005 e 2014, o número de estudantes nas universidades disparou de 34.497 para 54.059 (mais 57%), muito por força do aumento da procura nos mestrados e doutoramentos. Já no ensino politécnico, o total de alunos baixou, na última década, 8%. Ainda assim, o aumento do número de professores nas universidades é bastante inferior ao aumento do número de alunos. A diminuição do número de docentes nos politécnicos também é mais acentuada do que a do número de alunos.»

(reprodução de notícia Público online, de 19/04/2015)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]

"Houve um tempo em que se ia buscar professores ao tribunal"

«António Cândido de Oliveira é o professor mais velho de uma das jovens universidades nacionais, a Universidade do Minho.

A história parece de ficção quando contada a esta distância, mas foi mesmo assim que António Cândido de Oliveira foi escolhido para ser professor de Direito da Universidade do Minho (UM).
Corria o ano de 1978 e a jovem universidade estava a instalar-se e a dar os primeiros passos. Lúcio Craveiro da Silva, que integrava a comissão instaladora — e que viria a ser o primeiro reitor eleito, quatro anos mais tarde —, entrou no tribunal de Braga à procura de um juiz que pudesse suprir uma necessidade temporária como docente. “Os meus colegas escolheram-me e eu fui para a universidade”, conta aquele que é hoje o decano dos professores nesta universidade.
No princípio, Cândido de Oliveira foi trabalhar para a universidade com uma licença temporária, que lhe permitia regressar à carreira como juiz de Direito, iniciada oito anos antes, quando terminasse o serviço como docente. “Mas gostei tanto de dar aulas que acabei por ficar”, recorda. Candidatou-se a um lugar como docente na primeira oportunidade e fez toda a carreira académica até se tornar num dos catedráticos da escola de Direito do Minho.
O processo que levou à sua entrada no ensino superior é, hoje, uma memória distante: “Está tudo completamente diferente. Eu pertenci a uma geração de bons tempos.” Quando António Cândido de Oliveira se tornou docente, e nos anos seguintes, havia novas universidades a instalarem-se no país, a democratização levava mais gente ao ensino superior e eram precisos professores para responder a esse aumento da procura.
Um travão que choca
Nos seus primeiros tempos de docente na Universidade do Minho era o único professor de Direito. Nos anos que se seguiram, um bom aluno que se licenciasse com uma média de 17 ou 18 valores tinha “alta probabilidade” de ficar de imediato como professor na instituição de ensino superior. Pelo contrário, nos últimos anos, Cândido de Oliveira não se lembra de um concurso na escola de Direito para a contratação de professores auixiliares. “É uma injustiça contra as gerações novas e isso é o que mais me choca”, comenta o catedrático. “A que título é que uma pessoa na casa dos 20 ou 30 anos não tem direito a entrar numa universidade?”
Para o mais velho professor da UM, “nenhuma explicação” serve para justificar este “travão”. Desde logo, porque “há muito trabalho a fazer” ao nível da investigação da área do Direito e das Ciências Sociais, que podia beneficiar de um reforço no número de docentes e de investigadores a trabalharem nas universidades.
Por outro lado, antecipa, a inexistência de novas contratações para os quadros das instituições de ensino superior “vai, a prazo, ser má para todos”. Prejudicará os mais novos, pela frustração que o bloqueio implica; os mais velhos, que ficam sobrecarregados; e sobretudo as próprias instituições de ensino que, ao não conseguirem renovar-se, perdem vitalidade.
Depois de 37 anos como professor, António Cândido de Oliveira está prestes a deixar de dar aulas. Tem 69 anos e a lei obriga-o a jubilar-se quando completar 70. O ano lectivo em curso será o último na sua carreira de docente. “Chegou a passar-me pela cabeça sair antes, mas a escola de Direito é pequena. E como não estava a ocupar um espaço que pudesse ser preenchido por outros continuei”, explica. Por isso, até ao Verão, vai continuar a leccionar na área em que se tornou especialista, a justiça administrativa e o direito das autarquias locais.»

(reprodução de artigo Público online, de 17/04/2015)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

sábado, 18 de abril de 2015

Receita própria

O Administrador da Universidade do Minho produziu, nos últimos dias, um memorando sobre o plafond do 2º trimestre de 2015. Saúda-se este novo espírito de prestação de informação relativa às contas, pela forma transparente e detalhada com que é apresentado.

Nesse documento refere o Administrador que a verba prevista no Despacho RT 08/2015, para prestação de serviços, ações de formação e pós-graduação, é de 5 152 130 Eur, para todo o ano de 2015. O que, aplicando uma ponderação simples ao 1º trimestre, daria uma expectativa de receita de 1 288 000 Eur. Ora, no mesmo documento, refere-se que o valor arrecadado pela Universidade no 1º trimestre foi de apenas 417 653 Eur, o que representa menos 68 % do que o estimado. A execução do lado da despesa, embora superior, ascende apenas a 640 473 Eur, o que representa apenas cerca de metade do estimado.

O Administrador está, apesar disso, otimista quanto à possibilidade de estes valores serem recuperados nos trimestres seguintes. Faço votos de que assim seja.

Não posso contudo deixar de ver estes resultados como podendo ser já um possível reflexo das medidas de hiper-burocratização entretanto implementadas (de que a necessidade de afetação de plafond dimensão a dimensão é apenas um exemplo), e que tanto têm desincentivado a iniciativa particular e coletiva de busca de novas fontes de financiamento por parte dos docentes e investigadores da UM.


Será que a receita foi mal aviada?

Fernando Castro