sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Fim de linha, e votos de Boas Festas

Caros(as) leitores(as),
Caros(as) colegas,
Depois de vários anos de edição, este projeto editorial de que fui o dinamizador principal chegou ao seu termo, tal qual o Movimento Cívico, dentro da UMinho, a que esteve associado (NDNR), de que foi porta-voz. Tudo tem o seu tempo e o seu lugar.
Numa altura em que decorrem já iniciativas tendentes à formação de listas para as próximas eleições para o Conselho Geral da UMinho, entendemos que importa que seja presente o que deixo dito.
Agradeço todas as colaborações que viabilizaram a edição ininterrupta do blogue durante oito anos, com particular destaque para a que me foi generosamente proporcionada pelo Senhor Nuno Soares da Silva.
No quadro desta despedida e dada a época do ano que corre, aproveito para desejar aos leitores do blogue e aos colegas e amigos da UMinho Feliz Natal e um Bom Ano de 2017.

J. Cadima Ribeiro

"Investigadores do Minho desenvolvem um GPS para detectar pedras nos rins"

«O procedimento usa dois sensores para descobrir onde está o cálculo renal em metade do tempo dos métodos habituais. Prevê-se que comece a ser aplicado em doentes a partir de 2017.

No Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS), na Universidade do Minho, em Braga, foi desenvolvido um método para encontrar pedras nos rins com a ajuda de sensores. Estima-se que o novo método, que está a ser desenvolvido nos últimos anos, chegue ao Hospital de Braga em 2017.
A pedra nos rins afecta cerca de 55 milhões de adultos na Europa, segundo dados de 2012 da Associação Europeia de Urologia (EAU, na sigla em inglês). E desde 1982 o número de pessoas afectadas duplicou. O que está a causar isso? As alterações no estilo de vida, que levaram ao aumento da obesidade e das síndromes metabólicas. A maioria dos afectados são homens, mas a mudança dos hábitos de vida também está a provocar mais cálculos renais nas mulheres, de acordo com a Associação Portuguesa de Urologia.
“Na Europa, estima-se que cerca de 5% da população tenha litíase renal [presença de pedras nos rins]. Embora não existam estatísticas reais sobre a prevalência desta doença em Portugal, calcula-se que seja semelhante a outros países europeus, nomeadamente Espanha, onde a prevalência é de cerca de 5%”, indica-nos Emanuel Carvalho Dias, um dos urologistas do ICVS responsáveis pelo novo método de remoção de pedras nos rins.
Mas o que são estas pedras? São estruturas sólidas provocadas pela cristalização nos rins de minerais ou sais de ácidos. Depois, de formadas, podem manter-se no rim ou descer pelo tubo que faz uma ligação à bexiga, o uréter. Se em muitos casos a pedra desaparece sem qualquer intervenção, em cerca de 20% dos casos causa uma dor forte e tem de ser realizada uma cirurgia.
No método convencional, para se remover a pedra dos rins, é necessário usar uma agulha que atravessa a pele, assim como fazer radiografias. “Torna-se difícil conseguir picar o rim e tirar as pedras maiores”, diz ao PÚBLICO Emanuel Dias sobre as dificuldades encontradas numa cirurgia.

Testes em porcos

Como vai ser então utilizado o novo método? Depois de aplicar uma anestesia, usam-se dois sensores: um electromagnético, que funciona com ondas pulsadas de baixa frequência e que penetra no rim, e outro externo. O primeiro sensor é colocado dentro do rim através de um ureterorrenoscópio flexível, um instrumento que penetra na uretra, na bexiga e segue até ao rim. Por fim, este sensor interno emite um sinal vermelho, que e visível num ecrã assinalando assim o local onde deve ser feita a picada. Por fora, os médicos utilizam o segundo sensor, o externo, que está sempre a emitir um sinal verde. Quando os pontos dos dois sensores se interceptam, é então o momento de fazer a picada com a agulha. 
A ajudá-los, os urologistas têm um sistema de navegação e o ecrã onde surgem os pontos a três dimensões obtidos pelos sensores. “É como se fosse o GPS da pedra nos rins”, afirma Emanuel Dias. Encontrada a pedra, é necessário destruí-la. Aqui o método passa a ser o tradicional e já conhecido: o processo ultra-sónico.
Neste novo método, além de se simplificar o processo de remoção da pedra, pois o cálculo é detectado de forma precisa, o paciente não fica exposto aos raios X e também se evitam muitas hemorragias associadas à cirurgia. “Este é um método completamente novo”, afirma Emanuel Dias, que desenvolveu o trabalho em conjunto com os investigadores Estevão Lima e João Vilaça, também do ICVS.

A precisão deste método permite assim que a cirurgia demore menos tempo do que o método convencional. “O tempo da cirurgia encurta. Passa a demorar em média meia hora, enquanto uma cirurgia normal dura duas horas”, aponta o urologista.
Até agora, o método encontra-se em fase pré-clínica, tendo sido testado em cerca de 20 porcos. O projecto, que tem sido apresentado em congressos internacionais, teve um artigo publicado na revista The Journal of Urology, em 2013. E esta terça-feira foi um dos projectos divulgados no Roteiro da Ciência, que Carlos Moedas, comissário europeu da Investigação, Ciência e Inovação, fez pelo Minho. Mas as novidades para os doentes podem surgir “em breve”, refere Emanuel Dias: em 2017, a equipa de investigadores espera que o método comece a ser aplicado no Hospital de Braga.
As pedras nos rins podem ser evitadas. Ingerir muitos líquidos e ter uma alimentação saudável com substâncias inibidoras – como o arroz, a batata, a clara de ovo e frutas, uvas ou pêras – pode ajudar.»

(reprodução de notícia PÚBLICO online, de 22 de Dezembro de 2016)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

"Fenprof discute precariedade e fundações no ensino superior com a tutela"

«Na reunião com ministro serão tratadas questões como o regime transitório definido para os docentes dos politécnicos e a passagem a fundações públicas de direito privado de instituições de ensino superior.

A Fenprof reúne-se, esta terça-feira, com o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, para discutir a precariedade entre os docentes e a aplicação do regime fundacional a instituições públicas de ensino superior.
O encontro está marcado para as 11h30, no Palácio das Laranjeiras, em Lisboa, a pedido da federação sindical dos professores, para tratar questões como o regime transitório definido para os docentes dos politécnicos, que querem também ver aplicado aos professores leitores das universidades, "uma categoria de que as universidades não prescindem, mas que não é enquadrável no âmbito do Estatuto da Carreira Docente Universitária (ECDU)".
"Estes são quase sempre provenientes dos países cuja língua materna professam. Em diversos casos possuem já as mais elevadas qualificações, mas estão sujeitos a uma precariedade extrema, apesar de terem sucessivas avaliações de desempenho positivas e exercerem funções há muitos anos, chegando mesmo a ultrapassar duas ou três décadas de tempo de serviço público, muito desvalorizado pelos sucessivos governos", refere a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), em comunicado.
O regime transitório foi acordado com o Governo para dar mais tempo aos professores dos politécnicos para concluírem os seus doutoramentos, um grau de habilitações agora exigido para se poder leccionar nestas instituições.
A Fenprof quer ainda discutir a passagem a fundações públicas de direito privado de instituições de ensino superior, sendo a Universidade Nova de Lisboa o caso mais recente, ao ver essa alteração aprovada em Conselho de Ministros da semana passada.
Segundo a federação sindical, essa passagem "não tem sido pacífica, sendo, hoje, consensual que as ditas “vantagens” invocadas e, na prática, reveladas, são grandes ataques aos direitos profissionais dos trabalhadores, põem em causa o preceito constitucional da progressividade da gratuitidade do ensino e lança enormes preocupações sobre aquelas que possam vir a ser algumas das suas fontes de receita que poderão, em alguns casos, provir da alienação de património".»

(reprodução de notícia PÚBLICO online, de 20 de Dezembro de 2016)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

"BE quer acabar com propinas nos próximos três anos"

«O Bloco de Esquerda defende que a solução para o fim das propinas passa por garantir “transferências financeiras” para as instituições de ensino superior que “compensem a redução do seu financiamento por via”. Por ano, as propinas representam 23% dos orçamentos – cerca de 330 milhões de euros – das universidades e escolas públicas

O Bloco de Esquerda quer acabar com as propinas no ensino superior público em três anos, avança o “Diário de Notícias” esta terça-feira. Deu entrada esta semana na Assembleia da República um projeto de resolução dos bloquistas com este intuito; apoio do PS não está garantido.
Para o BE, a solução passa por garantir “transferências financeiras” para as instituições de ensino superior que “compensem a redução do seu financiamento por via” das propinas. Por ano, as propinas representam 23% dos orçamentos – cerca de 330 milhões de euros – das universidades e escolas públicas.
Segundo o matutino, o BE quer contar ainda com o apoio do PS nesta iniciativa. Se o sentido de voto dos socialistas ainda é incógnito, o Bloco pode até encontrar apoios dentro das fileiras mais jovens do mesmo partido. A abolição das propinas no primeiro ciclo universitário faz parte das reivindicações dos deputados da Juventude Socialista.
No programa de governo de António Costa, não há menção da intenção de abolir as propinas, mas apenas a garantia da “possibilidade de pagamento faseado”.
Já a iniciativa do BE é explícita: visa a intenção de se “criar um plano plurianual, a três anos, para o fim da existência de propinas nas instituições de ensino superior públicas”.
“Segundo o relatório Education at a Glance referente a 2015, o financiamento público ao ensino superior em Portugal é o menos representativo na Europa e na OCDE, representando apenas 54% (os restantes 46% ficam a cargo das famílias e dos estudantes). O valor médio na União Europeia é de 78,1% e nos países da OCDE de 69,7%”, sublinham na sua proposta.»

(reprodução de notícia EXPRESSO online, de 20.12.2016)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

sábado, 17 de dezembro de 2016

Estamos sempre a tempo de desejar Boas Festas

Bom seria que fossem mesmo!


sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

"Governo aprova passagem da Universidade Nova a fundação"


«A partir de 1 de janeiro de 2017 a Nova será a quinta instituição de ensino superior com o regime fundação, depois das universidades do Porto, Aveiro, Minho e o ISCTE. 

O Governo aprovou hoje, durante o Conselho de Ministros, a passagem da Universidade Nova de Lisboa ao regime de fundação.
Desta forma, tal como presvisto, a partir de 1 de janeiro de 2017 a Nova será a quinta instituição de ensino superior com o regime fundação, depois das universidades do Porto, Aveiro, Minho e o ISCTE. 
Também a Universidade de Coimbra está a debater o processo de passagem ao regime fundação, em 2017.
Com o regime fundacional – previsto no Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior – as universidades passam a ter uma maior liberdade de gestão financeira, podendo utilizar as verbas que resultam de um ano para o outro, os chamados saldos transitados. Os edifícios passam a ser patrimónida universidade.
Passa também a ser possível a contratação de pessoal docente e não docente através de contrato individual de trabalho, fora das restrições aplicadas à função pública.
Depois da aprovação do governo, a Universidade Nova vai agora entrar em negociações com o ministro da Ciência e do Ensino Superior, Manuel heitor, para que seja redigido um contrato-programa de três ou cinco anos. Neste acordo ficarão definidas as verbas plurianuais que serão transferidas para a universidade que, por seu lado, se compromete a atingir algumas metas como, por exemplo, atingir um número de diplomados numa determinada área.»

(reprodução de notícia SOL online, de 15 de dezembro de 2016)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

"Startup e UMinho Exec lançam primeira ´School of CEOs`"

«PROJECTO pioneiro terá abrangência nacional e vem colmatar um dos deficits sentidos ao nível da gestão de empresas. Formação de 60 horas estará a cargo da UMinho Exec.

A Startup e a InvestBraga, em parceria com a Escola de Executivos da UMinho lançou, ontem, a School of Ceo’s, uma iniciativa pioneira no país que, segundo Carlos Oliveira, pretende ajudar a colmatar um dos deficits há muito identificados no âmbito da gestão das empresas. Aliar os conhecimentos práticos a uma formação mais téorica
é o grande objectivo desta formação de curta duração cuja primeira edição arranca já em Março. A formação permitirá aos Ceo’s - muitas vezes oriundos de áreas bem diferentes da gestão de empresas - obter um conjunto de conteúdos estruturados que lhe permita responder às exigentes necessidades de gestão e desenvolvimento das suas empresas. “Isto é um complemento àquilo
que fazemos no dia-a-dia com os programas de incubação e aceleração, numa vertente totalmente prática, embora muitas vezes desestruturada e sem grandes fundamentos teóricos”, afirma o responsável da Startup Braga, frisando que esta formação não substitui outras mais  extensas como, por exemplo, um MBA. Esta formação se destina somente àqueles que querem ser Ceo’s na Startup Braga ou outras, mas a todos os que preten
dam desenvolver estas competências em outros locais e pontos do país, sendo, por isso, uma formação de abrangência nacional. “A formação está aberto a todos os que pretendem frequentar o curso e que se enquadrem no perfil”, diz Carlos Oliveira. Esta é, por isso, uma nova área de formação para a UMinho EXEC - Executive Bussiness Education, integrada na Escola de Economia e Gestão da academia minhota. “Há muitos anos que digo que esta é uma área em falta. Quando se falava empreendedorismo, chamava sempre a atenção para os perigos que ele per se pode conter. É importante ter ideias, é importante inovar, mas constituir e manter empresas é  preciso ir muito mais além do que ter a ideia criativa”, afirmou Rocha Armada, presidente da Escola de Economia de Gestão, acrescentando que a UMinho Exec foi pensada exactamente nesse sentido, com pessoas da academia e fora dela que, em conjunto e em várias dimensões, vão leccionar determinado tipo de tópicos. “Fizemos um estudo com mais de 10 meses e com várias escolas e identificámos este como o modelo mais adequado para educar executivos nos tempos nos tempos de hoje”, prossegue o presidente da Escola de Economia e Gestão. A Esta formação para Ceos terá uma duração de 60 horas - seis semanas - e será leccionado pela UMinho-Exec com um programa que foi criado de acordo com a prioridades identificadas pelos seus promotores. O programa de formação integra três MasterClass’s que serão orientadas por três nomes internacionais, dois dos quais americanos, com experiência no mundo empresarial e que complementarão a vertente prática com sessões de trabalho. É direccionada a empreendedores que ocupam cargos de directores gerais e gestores de empreas pela primeira vez ou que já são Ceos há relativamente pouco tempo e necessitam de formação nesta área. “A ideia é termos este programa a correr em contínuo”, avança Carlos Oliveira. As inscrições já estão abertas.»

(reprodução de notícia CORREIO DO MINHO, de 15 de dezembro de 2016)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Revisão dos Estatutos da UMinho: resultados da reunião do CG ocorrida hoje

Resultados da votação na generalidade da revisão dos estatutos da UMinho:
- aprovação na generalidade da proposta em debate, com 16 votos a favor (presença de 17 conselheiros) e uma abstenção.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

"Investigadora da Universidade do Minho recebeu a bolsa NARSAD"

«Portuguesa recebe uma das principais bolsas do mundo em saúde mental
Uma investigadora da Universidade do Minho recebeu a bolsa NARSAD, “uma das mais prestigiadas” na investigação em saúde mental, e pretende identificar novos biomarcadores do declínio cognitivo inerentes ao envelhecimento, neurodegeneração e exposição ao stress crónico, anunciou aquela instituição.
Em comunicado enviado hoje à agência Lusa, a academia minhota explica que a bolsa atribuída a Neide Vieira, de 32 anos e a o pós-doutoramento no Instituto de Investigação em Ciências da Vida e da Saúde (ICVS), na Escola de Medicina da Universidade do Minho, em Braga, distingue os jovens investigadores “mais promissores do mundo” naquela área de estudo.
Segundo o texto, a investigadora pretende “apoiar novas estratégias para prevenir, retardar e reduzir” o declínio cognitivo.
“Os mecanismos moleculares subjacentes ao envelhecimento e a doenças associadas, como as neurodegenerativas, não são ainda completamente conhecidos. Acredita-se que se prendam em parte com a desregulação do equilíbrio proteico no interior das células, ou seja, que diferentes proteínas se apresentem em maior ou menor quantidade, conduzindo a uma disfunção celular”, explica a investigadora no texto.
A UMinho explica que “o estudo das proteínas envolvidas na manutenção daquele equilíbrio é, por isso, essencial” pelo que um dos objetivos da investigação de Neide Vieira é “compreender como a expressão e função de certas proteínas muda durante o envelhecimento e na presença de fatores ambientais de risco”.
Em concreto, “de que forma estas alterações podem afetar negativamente o sistema nervoso central, nomeadamente a memória e a aprendizagem, através da desregulação da neurotransmissão”, sustenta a investigadora cujo estudo, que inclui testes com roedores, vai ser realizado em colaboração com o Instituto de Biologia Molecular e Celular de Singapura.
A “NARSAD Young Investigator Grant” foi atribuída pela Brain & Behavior Research Foundation (EUA), a entidade que mais apoia a pesquisa em neurobiologia no mundo, tendo o júri de avaliação incluido dois Prémios Nobel.
Neide Vieira nasceu em 1984 em Pretória (África do Sul), filha de portugueses, tendo-se licenciado em Biologia Aplicada.
A investigadora doutorou-se em Ciências Biológicas pela UMinho, em parceria com a Universidade de Aberdeen (Reino Unido) e conta com trabalhos desenvolvidos no Instituto Jacques Monod e na École Normale Supérieure (França).
A cientista fez depois um pós-doutoramento na Universidade de Nova Iorque (EUA) e desenvolve outro em Neurociências na UMinho, contando ainda com cursos avançados na Arménia, Suíça, Grécia, Espanha.»


(notícia CRUP, de 6 Dezembro, 2016)

[cortesia de Nuno Soares da Silva

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

"FENPROF acusa Governo de impulsionar transformação de universidades em fundações"

«O secretário-geral da Federação Nacional de Professores (FENPROF), Mário Nogueira, acusou hoje o Governo de impulsionar a transformação de universidades e politécnicos em fundações de direito privado, argumentando que isso abre a porta à privatização das instituições.
“Um governo que repete muitas vezes que defende a escola pública, ou não está a falar verdade ou tem uma incoerência muito grande. O ministro [da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor] é o grande impulsionador da transformação das instituições em fundações”, disse hoje Mário Nogueira, numa conferência de imprensa, em Coimbra.
O sindicalista frisou que esta opção “não resolve problemas e criará outros” e “põe em causa o caráter público do ensino superior público”.
A essa opção, a FENPROF contrapõe o alargamento das margens de autonomia de universidades e politécnicos, “mas dentro daquilo que é a resposta pública”, e outras formas de financiamento estatal, e apelou a que tanto o Governo, como os partidos que o suportam, na Assembleia da República, “assumam publicamente que o caminho não é esse [o das fundações de direito privado]”.
“[O Governo] Não pode desresponsabilizar-se daquilo que é uma responsabilidade sua, o financiamento da Educação”, lembrou Mário Nogueira.
Na sessão, João Cunha e Serra, do departamento de ensino superior da FENPROF, manifestou-se conta os conselhos de curadores das fundações, constituídos por personalidades externas às instituições de ensino superior, “que as podem orientar, pondo em risco o interesse público”, frisou.
A exemplo de Mário Nogueira, apelou a que universidades e politécnicos, mas também as próprias academias, se reúnam para reclamarem “condições de aumento da sua autonomia, no âmbito do ensino público”.
João Cunha e Serra disse ainda que quem defende as fundações “o faz por razões ideológicas, porque quer a privatização”.
O responsável da FENPROF recordou ainda a criação das primeiras fundações, em 2009 - nas universidades do Porto e Aveiro e no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE] -, lembrando que o atual ministro, Manuel Heitor, era na altura secretário de Estado e esteve “na origem dessa figura, para contornar as dificuldades que vinham do ministério das Finanças”.
“Alegam que a gestão pública só atrapalha e isso não é um dado adquirido”, frisou João Cunha e Serra, acrescentando que, na altura, foi prometido um “dote” de dezenas de milhões de euros à Universidade do Porto “e receberam zero”.
“E podiam passar a regras de contabilidade privada, e sair do âmbito do Orçamento do Estado, mas não conseguiram fazê-lo também. Restou a gestão de património, o que levou o ISCTE a fazer um hotel, coisas questionáveis do ponto de vista do interesse público”, argumentou João Cunha e Serra.
“Agora há uma nova vaga de procura destas regras de direito privado, [que] com este ministro voltam à ribalta”, acusou.»

(reprodução de notícia DIÁRIO DE NOTÍCIAS online, de 05 dezembro de 2016)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

sábado, 3 de dezembro de 2016

"Portugal deve ´segurar, primeiro, os nossos talentos`”

«150 empregos altamente qualificados e um novo edifício. O protocolo Smart Green Home, no valor de 19 milhões de euros, é assinado esta sexta-feira entre a Bosch e a Universidade de Aveiro.

A Bosch assina esta sexta-feira um contrato consórcio com a Universidade de Aveiro no âmbito do Portugal 2020 para lançar as bases do projeto Smart Green Home. A parceria quer criar soluções no âmbito da conectividade e soluções de eficiência energética para “casas inteligentes”. Falámos com Sérgio Salústio, vice da Bosch em Aveiro, que diz que Portugal tem de “segurar primeiro os nossos talentos” e, depois, “criar condições para atrair outras competências e outros talentos” vindos de fora.
A cerimónia começa às 10h nas instalações da Bosch em Aveiro, onde será também inaugurado um novo edifício de Investigação e Desenvolvimento da unidade da Bosch Termotecnologia. Trata-se de um momento importante para a empresa alemã, para a Universidade de Aveiro e para a economia nacional, já que implica o investimento de 19 milhões de euros e a criação de 150 postos de trabalho altamente qualificados – técnicos doutorados e pós-graduados.
Os 19 milhões de euros serão aplicados durante quatro anos e repartidos (aproximadamente) em 10 milhões para a Bosch e 9 milhões para a Universidade de Aveiro. Numa primeira fase, o dinheiro servirá, essencialmente, para investimento em mão de obra e, numa segunda fase, o investimento destina-se a reforçar infraestruturas, quer na Bosch, quer na Universidade, seja no espaço dedicado ao desenvolvimento de software, ensaio e teste de energias renováveis, seja em laboratórios de pesquisa e desenvolvimento.
Esta explicação foi-nos dada por Sérgio Salústio, Vice-Presidente Sénior de Engenharia de Produto da Bosch Termotecnologia em Aveiro. Em entrevista ao Observador, detalhou os principais aspetos deste protocolo, que tem por objetivo a criação de um centro de competência para desenvolvimento de software e soluções de conectividade.
A unidade da Bosch em Aveiro é, desde 2004, um centro de competência mundial em soluções de água quente, ou seja, as que visam produtos como os esquentadores, os cilindros elétricos e bombas de calor para aquecimento de água doméstica. “O novo centro vai permitir expandir estas soluções de água quente para sistemas de climatização (aquecimento e arrefecimento de espaços) e também, cuidar da qualidade do ar ambiente e desenvolver controladores e aplicações que interligam estes equipamentos”, explicou-nos Sérgio Salústio. “Este projeto pretende encontrar soluções para revolucionar o nível de conforto, um conforto ‘inteligente’, mais barato e de utilização intuitiva e divertida”, acrescentou.
O novo centro da Bosch em Aveiro representa uma oportunidade de emprego para muitos jovens formados na Universidade de Aveiro, mas o vice-presidente da Bosch Termotecnologia reconhece que “serão precisas muitas competências e muito especializadas”, pelo que estão envolvidas também as Universidades do Porto e do Minho.
Sérgio Salústio não tem dúvidas de que as universidades portuguesas estão a preparar bons técnicos e engenheiros, mas considera que faltava “um programa deste tipo, porque nem sempre as competências [dos estudantes] estão orientadas para a aplicação industrial.” O que se pretende é que “os novos alunos consigam passar à prática o conhecimento adquirido, ainda que numa área muito concreta como são as tecnologias e produtos de água quente e climatização”, uma área da Bosch coordenada, a nível mundial, pelo polo de Aveiro.
O responsável da empresa alemã considera, também, que as entidades portuguesas estão sensibilizadas e a trabalhar bem para a implementação de novos projetos e para o desenvolvimento de novas tecnologias (tomando por bom exemplo o Web Summit). Entende que “tudo reside nos talentos e nas competências” e que, para o desenvolvimento da indústria nacional, é importante conseguir “segurar primeiro os nossos talentos e criar condições para atrair outras competências e outros talentos”, bem como aprender a colaborar e a tirar partido desta nova vaga de desenvolvimento que se está a verificar em todo o mundo.
O projeto Smart Green Home é resumido por Sérgio Salústio da seguinte forma:
Trata-se de uma parceria destinada a unir universidade e indústria para transformar conhecimento em competências e em benefícios para a sociedade, através dos produtos e serviços que serão produzidos, desenvolvidos e comercializados a partir de Aveiro para o mundo inteiro. O projeto é local, mas tem um impacto mundial.”
O Vice-Presidente Sénior de Engenharia de Produto da Bosch Termotecnologia em Aveiro referiu que o retorno esperado para a economia nacional, até ao final do projeto, assenta em três vertentes: aumento de 30% na faturação deste departamento da Bosch; crescimento de 20% o número de trabalhadores qualificados, incluindo colaboradores com doutoramento e pós-graduação; aumentar o relacionamento com as instituições científicas do país, criando uma rede de colaboração, orientada para o domínio das “smart homes”.
O edifício agora inaugurado acrescenta mais 1.500 metros quadrados de área laboratorial, para suportar as áreas que vão ter o reforço com o novo centro (energias renováveis, eletrónica e software). Sérgio Salústio afirma que este novo espaço foi arquitetonicamente concebido “para promover um ambiente de colaboração”, é amplo e tem salas preparadas para reuniões com qualquer parte do mundo, ambientes informais que promovem a criatividade, desenhados de acordo com o programa “Inspiring Work Conditions”, promovido a nível global pela multinacional alemã.
A assinatura do protocolo Smart Green Home, que acontece esta sexta-feira entre a Bosch e a Universidade de Aveiro, conta com a presença do Primeiro-Ministro, António Costa, o Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, o reitor da Universidade de Aveiro, Manuel Assunção, os administradores da Bosch, Rüdiger Saur, Sérgio Salústio e Carlos Ribas, bem como representantes da AICEP e do Compete.»

(reprodução de notícia OBSERVADOR online, de 2/12/2016)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

"Mais de metade dos universitários dos Açores consomem bebidas alcoólicas"

«Um estudo que vai ser apresentado na sexta-feira em Ponta Delgada conclui que 57% dos alunos da Universidade dos Açores consome álcool, preferencialmente cerveja, nas festas e aos fins de semana, e começaram a beber na adolescência.

"É interessante verificar que há cerca de 26% de alunos que começaram a beber até aos 15 anos, ou seja, não é o facto de estarem na universidade que os faz beber", disse a investigadora Teresa Medeiros à agência Lusa.
A psicóloga e professora da Universidade dos Açores apresenta na sexta-feira o estudo "O consumo do álcool nos estudantes universitários", no colóquio internacional sobre "Consumo de substâncias e comportamentos aditivos, velhos e novos desafios", na Biblioteca Pública de Ponta Delgada, promovido pelo Instituto de Apoio à Criança (IAC).
O estudo, realizado nos últimos três anos, tem uma amostra de mil estudantes, com idade superior a 18 anos, da Universidade dos Açores.
Segundo Teresa Medeiros, 57% dos inquiridos assumem que consomem álcool. Destes, 29% fazem-no nas festas e 25% aos fins de semana, enquanto 3% consomem habitualmente durante a semana e 43% não consomem álcool.
"A bebida que mais consomem é a cerveja, seguida das bebidas destiladas", e os dias de maior consumo são a sexta-feira e o sábado, acrescentou a investigadora, que em 2013 realizou um estudo semelhante, mas com uma amostragem de 500 estudantes.
Os dados obtidos indicam que os estudantes da academia açoriana -- sendo que o sexo masculino é o que tem maior percentagem de consumo - consomem menos álcool do que os congéneres de outras universidades portuguesas, nomeadamente Coimbra, Lisboa, Aveiro e Bragança.
No entanto, "há aqui nos Açores hábitos de consumo que começam muito antes de entrarem na universidade", sublinhou Teresa Medeiros, alertando que "os estudantes universitários têm uma cultura ligada à noite e à festa, e a crença de que o divertimento está associado ao consumo de álcool".
Segundo a docente, "no estudo em concreto verifica-se que há um tipicismo de consumo, já que consomem sobretudo só em festas ou só aos fins de semana".
"Os alunos, durante a semana, têm um comportamento exemplar, vão às aulas e estudam, e ao fim de semana, ou nas festas de anos e festas académicas, têm um maior consumo", referiu.
Para Teresa Medeiros, este comportamento explica-se por "uma necessidade de inserção", já que os inquiridos admitiram que consomem "sempre acompanhados com amigos, familiares ou namorados", um consumo "social e relacionado com a crença errónea do divertimento".
A investigadora destacou que o estudo permitiu verificar que "nos Açores a família é protetora do consumo, porque muitos estudantes vivem em casa dos pais e a grande confidente é a mãe, seguida dos amigos", mas "o consumo de álcool não tem relação com a idade, com o curso, nem com a frequência na universidade".
Os malefícios do álcool e a autoestima são fatores determinantes de quem não consome.
A investigadora defende que se deve "intensificar a prevenção nas festas e atuar sobre as crenças erróneas", assim como "atuar na prevenção primária de consumo de álcool", dada a idade com que os estudantes começam a beber bebidas alcoólicas.»

(reprodução de notícia Lusa/Açoriano Oriental, de 30 de Nov de 2016)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]