domingo, 5 de junho de 2011

À margem do CG: algumas notas soltas (48)

Por sobrecarga de trabalho, deixei passar uns dias antes de trazer a esta sede algumas notas livres sobre a última reunião do CG, havida a 30 de Maio pp. Chegado o momento de roubar uns minutos ao meu parco sossego, confesso-vos que o tempo de reflexão que mantive não me levou a conclusões diferentes daquelas que podia ter vertido em texto no momento seguinte à sessão, se o tempo disponível mo tivesse permitido.
Antes de avançar no que gostaria de sublinhar em matéria de análise da postura dos intervenientes, importa que diga que não tive surpresa alguma com a votação registada da proposta do reitor de transformação da UMinho em fundação. Para mim, surpresa teria sido ter-se verificado alguma indisciplina de voto entre os “correligionários” do reitor ou entre os membros externos.
Isto dizendo, resulta também sublinhado o papel caricato que tiveram os representantes da AAUMinho, indefectíveis da fundação no momento da votação da proposta do reitor e a revelarem-se muito incomodados quando se tratou de votar as tabelas de propinas para o próximo ano, pese a mesma não ser mais do que uma réplica da do ano precedente. Houve até a produção de uma lancinante declaração de voto, enunciando uma suposta grande preocupação que os ditos estudantes mantém relativamente à evolução previsível futura das propinas, com mais significado por não virem a ser eles ou os respectivos pais a paga-las. Dívidas são dívidas, mesmo quando são de gratidão para com o apoio generoso que a AAUMinho vai recebendo da Universidade, via SASUM. Sabe-se que as festas saem caras.
Mais saliente talvez seja, no entanto, olhar para a postura dos membros externos do CG, no discurso, muito preocupados com o enquadramento estatutário das universidades e cheios de dúvidas sobre as virtualidades do estatuto fundacional e sobre o devir do país e, na pratica, (sempre) muito consonantes com o “poder” na ocasião de cada votação. Não se interrogarão, porventura, que, nessa postura, aparte a inconsistência entre discurso e prática, se tornam irrelevantes, isto é, confirmam-se como peças decorativos de um modelo de governação das instituições de ensino superior de que muitos descriam por ser recriação de outros vigentes em realidades com tradições e culturas institucionais e de articulação entre as universidades e os actores sociais muito diversas da portuguesa. Nessa dimensão, o desastre da governação portuguesa dos últimos anos não confirmou um oásis no ensino superior. Pelo contrário, Mariano Gago foi mais uma seta “socialista” apontada ao precipício para que se encaminhou o país nestes derradeiros 10 anos.
Na súmula de tudo, ficam evidências para o futuro, de que se deveria poder aproveitar se tivéssemos uma Academia atenta e, como me comentava uma colega não há muitos dias, menos refém do medo. Nessa dimensão de medo e pouquíssima exigência, no entanto, a Academia não se tem distinguido da sociedade portuguesa no seu todo, como bem o revelam as escolhas políticas que têm sido feitas pelos eleitores portugueses, e que logo mais à tardinha não deixarão de se ver confirmadas.

J. Cadima Ribeiro

Sem comentários:

Enviar um comentário