Caras e caros Colegas,
A Lista B - Novos Desafios, Novos Rumos,
que agora se candidata ao Conselho Geral da Universidade do Minho, junta um vasto
grupo de docentes e investigadores preocupados com o rumo que a instituição tem
assumido nos últimos anos. E preocupados com o futuro que se avizinha. E que, por
isso, pretendem contribuir, de forma positiva, para alterar esse rumo.
A base para definir um novo rumo será sempre um exercício estratégico, mas será
fundamental que esse exercício tenha uma adequada correspondência nas ações a
implementar. Justifica-se aqui relembrar que muitas dessas ações são
implementadas no dia-a-dia pelos colegas a nível das atividades que desenvolvem
no seio das Unidades Orgânicas de Ensino e Investigação e respetivas
subunidades orgânicas. Logo, as propostas estratégicas têm sempre um efeito direto a
nível da atividade de cada um dos membros da comunidade académica,
face à necessidade de assumir estratégias coletivas e disposições e colocações individuais
para alcançar as metas propostas a nível institucional.
No passado, algumas
estratégias assumidas revelaram-se inapropriadas, quer por fatores internos
quer por fatores externos. TERÃO SIDO DESLIZES?
Ou terá resultado de incapacidade de reorientar em tempo útil o rumo
face a compromissos assumidos. Governar obriga a assumir compromissos, mas
esses compromissos devem resultar de um rumo orientado segundo uma estratégia
adequada e adaptada à realidade e, sempre que possível, antecipando
desenvolvimentos futuros.
Assim, sendo o
Conselho Geral o órgão colegial máximo de governo e de decisão estratégica da
Universidade deve questionar em permanência o rumo assumido e os resultados alcançados.
Só dessa forma, a aplicação das ações emergentes da estratégia pode vir a ter
sucesso. Pois, caso contrário, estamos sujeitos a que os deslizes se
transformem em fantasias que ofuscam os verdadeiros problemas. Este é um
problema frequente nas organizações, e leva por vezes ao respetivo
desaparecimento. Nem sempre crescer é o mais adequado para uma organização,
pois a falta de reorientação face aos objetivos traçados para o crescimento
artificial pode ser o pronúncio de novos deslizes.
Assim, neste quadro,
entendemos que a Universidade não pode basear a sua definição de Estratégia
assente em pressupostos que são meros desejos, estimativas baseadas em
propostas de crescimento que são claramente irrealistas. A trajetória recente
do financiamento das universidades públicas, em que o investimento do Estado na
formação por aluno quase desceu para metade numa década apenas, não permite
antever essa inversão tão célere e acentuada das políticas públicas. A situação
financeira do País e da Europa, infelizmente também não permite suportar
tamanho otimismo. Supor a possibilidade de se fazerem investimentos avultados
em instalações físicas, para que eles estivessem operacionais em 2020,
implicaria, por um lado que eles já estivessem hoje a ser lançados e que, por
outro lado houvesse perspetivas de arrecadar as verbas adicionais necessárias.
Uma coisa e outra não estão a ocorrer nem ocorrerão. Acresce que importaria
sustentar, de forma séria e estudada, que esse crescimento do número de estudantes
corresponde efetivamente a necessidades de formação que a sociedade apresente.
A situação atual, em que quase metade dos jovens licenciados continuam
desesperadamente à procura de emprego, leva a desconfiar que essa realidade se
venha a alterar de forma drástica nos próximos anos.
Assim sendo, importará
rever, de forma séria e competente, a planificação estratégica da Universidade,
sob pena de o seu futuro poder estar ameaçado. O próximo Conselho Geral deve,
por isso, em estreita cooperação com o Reitor, promover essa urgente revisão do
planeamento estratégico.
Mesmo não emanando
diretamente dos problemas estratégicos, verifica-se que a “vida” dos Professores e Investigadores
vem sendo cada vez mais sobrecarregada por uma ávida burocratização,
frequentemente ineficiente, fazendo uso defeituoso de sistemas de informação e
modelos de apoio à decisão que, em vez de nos ajudar, começam a ser sério
empecilho ao nosso desempenho. É matéria sobre a qual importa agir. O Conselho
Geral deve estar atento a esta problemática, que ameaça seriamente o nosso
futuro. Pois, também ao Conselho Geral compete “propor as iniciativas que
considere necessárias ao bom funcionamento da Universidade”.
Vemos uma Universidade em
que o Ensino é frequentemente colocado em segundo plano, mesmo tendo sido nessa
área que tem sido feito o grande investimento nos mecanismos de garantia de
qualidade. O Conselho Geral não pode continuar desatento a esta realidade
transversal a todas as UOEI.
Vemos uma Universidade em
que a Investigação é fomentada de forma descoordenada, sem estratégia clara em
algumas áreas. O Conselho Geral pode e deve ter um papel determinante na
alteração da postura da Universidade nesta matéria. Pode e deve propor
iniciativas que induzam uma verdadeira adequação da investigação à missão
central da Universidade. Também aqui se pode e deve Inovar.
O Conselho Geral, no
quadro das suas competências deve, por isso, assumir a Responsabilidade que
inteiramente lhe cabe, atuando com a máxima Transparência e fomentando a
participação dos órgãos e das pessoas que integram a Universidade nos
diferentes níveis de governança e atuação. Isto implica uma mudança de postura,
em relação ao que foi o Conselho Geral, neste seu primeiro mandato. É essa
mudança que nos propomos levar a cabo.
Independentemente do nível
de confiança que no dia 13 os colegas nos queiram atribuir, os nossos eleitos orientarão
a sua intervenção por estes princípios e visão. Se dessa confiança resultar que
teremos uma posição determinante no próximo Conselho Geral, assumiremos
inteiramente a responsabilidade que tal implica. Ou seja, gerir a Universidade
segundo novos moldes. Com estratégia adequada e realista, com transparência e
assumindo que só com a participação ampla de todos, será possível garantir um
futuro para esta Universidade.
Sinto-me na obrigação de
pedir um voto de confiança na mudança e que por vontade própria votem no dia
13.
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Rui Ramos
Lista B - Novos Desafios,
Novos Rumos
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