O primeiro debate entre as três listas de candidatura
ao Conselho Geral da Universidade do Minho, para representação do corpo dos professores e investigadores, decorreu de forma cordata e bastante esclarecedora. Os três intervenientes no debate que teve lugar em Azurém foram o Prof. Licínio
Lima (Instituto de Educação), em representação da lista A, o Prof.
Fernando Castro (Escola de Engenharia), pela lista B, e o Prof. Jorge
Pedrosa (Escola de Ciências da Saúde), pela lista C, ficando a moderação a cargo do Prof. Sousa Miranda.
Num primeiro momento, cada representante fez uma breve síntese das ideias-chave do seu programa, tendo a lista B sido a única a preparar uma apresentação em forma, explicitando o seu compromisso com a academia em torno dos princípios da Responsabilidade, Transparência e Participação. Seguiu-se a fase de discussão com duas perguntas do moderador e cerca de uma dezena da assistência. A sessão terminou com uma ronda de "alegações finais" das três listas.
Merecendo destaque a empatia pessoal transmitida pelo
Prof. Fernando Castro, este debate permitiu ressaltar importantes diferenças entre as listas a
sufrágio. Assim, ficou claro/a:
- o contraste entre a visão da lista B de uma
Universidade centrada na missão de Ensinar e a insistência numa "Universidade de Investigação" defendida pela lista C;
- a necessidade de avaliação e revisão dos
pressupostos mais irrealistas do "Plano Estratégico da U.M." (p. ex., aumento em cerca 50% do
número de alunos até 2020...), defendida pela lista B, e a conformação da
lista C com aquele plano;
- o alinhamento da lista C com o (no mínimo)
atribulado processo de decisão da passagem ao "regime fundacional", obstinadamente promovido
pelo actual reitor - embora o programa escrito seja completamente omisso
sobre ambos os aspectos – enquanto a lista B defendeu que teria sido melhor que tão
radical alteração estatutária passasse (no passado e eventualmente também
no futuro, se a questão se voltar a colocar) por “referendo interno”;
- a concordância da lista C com a política de
"reserva" de informação por parte do C.G., contra a política de máxima Transparência defendida pela lista B, em consonância com o pensamento da academia manifestado em inquérito recentemente realizado;
- o contraste entre o perfil de Reitor defendido pela
lista B - uma personalidade de diálogo, motivada, atenta às pessoas e à realidade interna e externa da UMinho – e o perfil de continuidade (eventualmente da mesma pessoa) defendido pela lista C, e a recusa de definição de qualquer perfil por parte da lista A.
Discutindo-se o modo de enfrentar as dificuldades
decorrentes da situação de "resgate financeiro" do Estado Português, do défice demográfico e da indefinição quanto ao modelo de Ensino Superior que o governo irá propor, constitui nota particularmente preocupante a introdução no debate do problemático conceito de "necessidade" ou "utilidade relativa" dos professores* por parte do colega Rui Reis, candidato posicionado no segundo lugar da lista C. A lista B, do mesmo
modo que se preocupa que cada vez mais alunos estejam a ser
"deixados para trás" pela dificuldade em suportar as propinas,
sente ser seu dever defender como um dos valores essenciais da vida
universitária a sua "universalidade", com todas as áreas e pessoas a ter oportunidade de desempenharem um papel relevante e imprescindível
no mosaico que constitui a nossa Universidade.
Por conseguinte, entendemos que nenhuma solução a
procurar para as dificuldades comuns poderá passar por "deixar para trás"
também os professores considerados menos "competitivos"... ou menos
"úteis". Lamentamos por isso a introdução no debate de um conceito
que pode ter o seu lugar num programa de "Universidade de Investigação e
de Excelência" mas que, naquilo que depender da lista B - Novos Desafios, Novos Rumos, jamais terá lugar na Universidade do Minho.
* O Prof. Rui Reis disse, a dado passo de uma sua intervenção
no debate, o seguinte (citação feita de memória): "[...] e dando de barato
que todos os professores sejam igualmente úteis/necessários".
NDNR
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