O Senado Académico, devendo ser o órgão de coordenação,
prospetiva e planeamento em matérias pedagógicas e científicas que ultrapassem
o âmbito das unidades orgânicas” (ponto 1 do artigo 49º dos Estatutos da
Universidade do Minho), possui no entanto uma composição que facilmente dificulta
o seu adequado funcionamento pelo grande número de senadores por inerência, se
o perspectivarmos como espaço de coesão, sim, mas também como espaço de
democracia e de debate de ideias, e de planeamento.
A agenda das reuniões do Senado não é divulgada nem as suas atas publicitadas e com
indicação dos debates havidos; o uso de 'notas informativas' que nada dizem de
substantivo fazem de todos nós uns ignorantes sobre um órgão que tem tido até
agora uma acção importante no que respeita à dimensão lectiva. E
dado ser esta a realidade, é sobre essa dimensão que deixamos aqui
algumas reflexões.
Que visão estratégica tem emanado deste órgão? Foi ele
consultado sobre as negociações/decisões tomadas sobre a criação do consórcio
da grande universidade do Norte? Se foi, que debates existiram, que posições
foram tomadas? Se foi consultado, por que os seus membros, incluindo os que têm
assento por inerência, não ouviram nem deram conhecimento aos membros das
escolas da UM desse processo? De nada sabemos, excepto que em 2015 podemos
estar sem horas lectivas suficientes para não haver despedimentos, que podemos
ter que ir leccionar para o Porto ou Vila Real. Sob que estrutura? Sob que
organização interinstitucional, ou uma só? Não sabemos. Mas
é já para o ano.
Queremos formar bons profissionais mas também
profissionais bons, que saibam pensar, transferir conhecimento, aprender a
aprender a aprender, que saibam usufruir esteticamente a vida....tudo qualidades
humanas de enorme valor social mas não passível de métricas.
Mas para educarmos com qualidade vários requisitos são
necessários:
1- TEMPO - Precisamos de tempo para adequar a nossa
investigação à docência, escolher e avaliar as metodologias lectivas e
conhecermos os estudantes pelos nomes.
2- RESPEITO - Precisamos de nos sentir tratados com respeito, alunos e docentes, no que
respeita a dimensão lectiva. A universidade é um espaço de educação de adultos
e os processos de infantilização dos nossos estudantes promovidos pelo poder
esquecem-no.
3- COOPERAÇÃO - Temos que aprender todos a partilhar o que sabemos
e a aprendermos uns com os outros. Isto inclui o modo como devemos olhar para
os colegas das instituições que connosco vão fazer parte do consórcio da grande
universidade. O NDNR considera-os a todos como pares e não como rivais, e
defenderemos que essa deverá ser a postura negocial da UM, que deve
partir dos departamentos afins de todas as instituições envolvidas. Mas temos que começar por arrumar a nossa casa;
temos que estar atentos no Senado a cursos que se sobrepõem, a guerras de poder
dentro e entre escolas que prejudicam toda a academia.
4- EQUIDADE - Lutaremos, como o temos feito, por uma
universidade que não tenha diferentes pesos e medidas ao nível
organizacional, por imposição reitoral Porque existem escolas que se podem
organizar em projetos lectivos em função de áreas científicas e outros apenas
em projectos departamentais?
5- RIGOR - Quantas horas de estudo independente
estão de facto os nossos alunos a realizar, e não nos referimos aos trabalhos
de grupo feito quantas vezes apenas a duas mãos... Referimo-nos a quantos
livros completos leram nossos alunos, quantos papers semântica e gramaticalmente correctos escreveram?
Quantos consideramos passíveis de publicação?
6- COERÊNCIA - Faz sentido a quantidade de horas dedicadas à
elaboração de propostas de reestruturações e criação de cursos face ao
consórcio das instituições universitárias em que estamos envolvidos, ainda que
não saibamos como? Não deveríamos aguardar o resultado das negociações para
depois nos dedicarmos a este tipo de tarefas? Ocupar os docentes e os membros
do Senado a avaliar dezenas de reestruturações, de criação e extinção de cursos
quando falta apenas um ano lectivo para tudo ser reequacionado na prática
lectiva de várias instituições, nomeadamente com cursos afins, é uma política
coerente? Que Visão ela possui? Não denota uma gestão dos recursos humanos
inútil e sem sentido?
7- CRIATIVIDADE - Além da crescente
internacionalização que temos conseguido, temos que possibilitar a certificação
de presença (estatuto de ‘ouvinte’) de pessoas em unidades curriculares
isoladas, ou agrupadas em número insuficiente para constituição de um grau
académico, estimular a criação de currículo pelos usuários da Universidade
(independentemente da sua idade cronológica) recorrendo a todas as
possibilidades que a UM possibilita, são potencialidades positivas do processo
de Bolonha que estão por explorar nesta Instituição.
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