sábado, 30 de agosto de 2014

"Conhecer, com as mãos, os trabalhos de um artesão local está entre as experiências proporcionadas a estes turistas"

Notícia jornal virtual Boas Notícias
Portuguesa cria roteiros turísticos para invisuais:
http://boasnoticias.pt/noticias_Portuguesa-cria-roteiros-tur%C3%ADsticos-para-invisuais_20718.html

"Para que serve a universidade?"

«Esta foi a pergunta que o meu colega e amigo Jonathan Taplin, antigo tour manager de Bob Dylan, produtor de Martin Scorsese e de filmes como “Until The End of the World”, tentou responder numa carta publicada na Internet e dirigida aos seus alunos de comunicação, artes e jornalismo da USC Annenberg. A resposta de Jonathan Taplin é simples e directa: serve para construir um mundo melhor através da criação e inovação.
A carta de Taplin, dirigida aos seus alunos, tem algo de viral, pois é uma tentativa de resposta a um desafio actual e aplicável também à realidade portuguesa.
O ponto central de Taplin é o de que, embora tenhamos percorrido um longo caminho na direcção certa, estamos a viver tempos particularmente preocupantes e temos de mudar quer de protagonistas quer de formas de pensar para os poder ultrapassar.
Cresci vendo Portugal melhorar na saúde, na educação, no PIB e vendo o futuro com optimismo para as novas gerações saídas das universidades, com emprego, vidas e salários cada vez melhores – uma tendência vivida até à crise de 2008.
Com o massacre de Santa Cruz em Díli e anos mais tarde com o referendo em Timor-leste, aprendi que a mobilização nas ruas e a utilização da Internet nos permitia sermos ouvidos e mudar algo.
Imaginámos, agimos e conseguimos com a CNN, a Internet e até com um camião com uma tela gigante passando cenas do massacre de Santa Cruz, aquando do tratado de Maastrich, domesticar a comunicação ao serviço da nossa ideia de justiça.
Aprendi que entupir os servidores de e-mails e fax das representações dos membros permanentes do conselho de segurança da ONU, tendo o apoio de meios de comunicação social, empresas de telecomunicações e do sector bancário resultava e era possível em Portugal.
Ainda estudante universitário descobri que poucos podem mudar algo, quando nos opusemos primeiro às propinas e depois a tudo o que vinha politicamente atrás disso – face a um governo cheio de personagens cinzentas que alguns anos mais tarde, em bancos, na política e em outras actividades, igualmente cinzentas, acabaram por destruir ou comprometer muito do que havíamos entretanto conseguido em Portugal.
Acreditei que na Europa seria possível construir um futuro comum em que olhássemos para o “outro”, independentemente, do seu país de origem, como um igual (hoje já não acredito, ou melhor, acredito que quando mudarmos o que é hoje a Europa voltarei a acreditar).
Tirei um curso de gestão onde as aulas que mais gostei foram aquelas em que os professores nos impeliam a questionar o que estava nos programas e acabei por achar que deveria mudar para sociologia, porque tendo aprendido a fazer, precisava de aprender a razão do porquê de se fazer assim.
Tive a sorte de conhecer amigos fantásticos na universidade e de os ver na vida activa, cada um à sua maneira, tentar mudar aquilo de que não gostava para algo melhor, fosse no domínio do sector público ou do sector privado – a maioria de nós ainda não desistiu, mas não se pode dizer que as desilusões não tenham sido também muitas.
No entanto, as tentativas de mudança que poderiam ter sido concretizadas têm também esbarrado nos destroços deixados para trás por quem nos tem dirigido, colocando-nos perante aquilo que aparentam parecer dificuldades inultrapassáveis.
A minha geração tinha (e tem) o sonho de construir uma vida melhor, mas também tinha a esperança de que aqueles em quem depositámos a nossa confiança política fossem capazes de viver à altura da nossa esperança. Mas na sua grande maioria falharam-nos (e estão ainda a falhar-nos).
A maior parte dos membros das gerações mais velhas que nos têm dirigido e influenciado a prática política e económica dos últimos 40 anos (as quais incluem as elites académicas, políticas e económicas nacionais) falharam-nos deixando, muitos de nós, cínicos e desiludidos.
Tal como o Jonathan, escrevo este artigo na esperança que, entre nós que hoje ensinamos nas universidades e os que a elas vão chegar no próximo ano lectivo, seja possível estabelecer um verdadeiro diálogo transgeracional que nos permita a nós (professores) explicar os contextos e escolhas que nos trouxeram até onde hoje estamos e em que vocês (alunos) sejam capazes de nos ajudar a compreender qual a melhor forma para seguir a partir daqui.
Como refere Taplin, o local até onde chegámos é uma sociedade baseada na lógica do “winner-takes-all”. Essa é a lógica na economia, na política, mas também nas artes – 80% dos downloads ou streamings m origem em 1% dos conteúdos. Isso quer dizer que o Jay-Z e a Beyoncé são billionários, mas o músico médio quase não consegue sobreviver.
O exemplo de Taplin é simples e foca as listas de vendas de música digital, mas poderíamos encontrar paralelismos nas desigualdades de rendimento, riqueza, da concentração económica em quase-monopólios ou da dependência entre política e banca.
Como lembra Taplin, a história tem demonstrado que a comunicação, jornalismo e a arte funcionam como poderosos correctores contra os perigos da “situação” – isto é, os perigos criados por quem nos governa, nos dirige ou gere o nosso consumo e coloca apenas ao seu serviço (e dos seus) aquilo que deveria pertencer a um futuro comum.
Se buscamos uma mudança política e económica, então as artes, a comunicação e o jornalismo podem ser a chave dessa mudança. Artistas, jornalistas e todos os que utilizam a comunicação podem inspirar mudanças culturais, rejeitando o que de negativo existe na política e economia e promovendo uma sociedade mais justa, mais humana e menos desigual.
Daí que o papel daqueles que hoje estudam as artes, a comunicação ou o jornalismo passe também por olhar, com particular atenção, para a comunicação que nos rodeia e pensar de forma crítica sobre a mesma, nos seus efeitos, nas suas influências, nas agendas promovidas e se essas agendas são as que melhor servem os nossos propósitos e metas.
Como começar então essa mudança? As aulas (e não a instituição difusa Universidade) são o ponto fulcral da mudança e a forma como as pensarmos e delas fizermos uso ditarão muito do mundo que iremos construir e como poderemos colocar em causa o que de errado existe nas diferentes instituições da sociedade portuguesa.
Que competências precisamos então de desenvolver nas nossas salas de aulas para, em conjunto, nos ajudarem nesse diálogo transgeracional?
Concordando com o Jonathan, diria que primeiro precisamos de improvisar. É necessário que os alunos desafiem os professores, tal como estes devem encorajar e desafiar os alunos.
Improvisar implica tanto coragem como inteligência e quer dizer que, por vezes, se terá que abandonar o tirar notas, ou pensar no já lido, para simplesmente responder com base no que se acha face às ideias apresentadas nas aulas. São essas competências que nos podem permitir a liderança na mudança.
No entanto, tal como me recordo de ter ouvido há alguns anos numa aula na Harvard Kennedy School, a liderança é mais do que demonstrar coragem e inteligência. Como lembra Taplin, liderar requer também cultivar a vulnerabilidade e a tolerância.
Tal como o Jonathan não tenho, ninguém tem, todas as respostas. Acho que muito do que temos que fazer passa pela forma como vocês (nossos alunos) forem capazes de connosco (professores) partilhar as vossas visões.
Mas a partilha tem também de ser feita intra-geracionalmente, pelo que precisamos que vocês assumam a mesma vulnerabilidade face aos vossos colegas, tratando-os com a tolerância necessária para que todos possamos, compreender melhor este nosso mundo em desagregação e percorrer um caminho de mudança juntos.
Todas as gerações, normalmente ao contrário de algumas das suas elites (dis)funcionais, acreditam na justiça e igualdade. É sobre essa dimensão comum que podemos aspirar a uma aliança transgeracional em busca de uma nova e esperançosa sociedade, cultura e economia.
Há que começar por algum lado e as nossas salas de aulas parecem ser o local ideal para o fazer, apesar da pesada e confusa herança que nos está ainda hoje a ser legada pelos nossos governantes dos dois lados do Atlântico Norte.
GUSTAVO CARDOSO - O autor é docente do ISCTE-IUL em Lisboa e investigador do Centre d'Analyse et Intervention Sociologiques (CADIS) em Paris

(reprodução de artigo de opinião Público online, de 28/08/2014)

[cortesia de Nuno Soares da Silva]

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

terça-feira, 26 de agosto de 2014

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

sábado, 23 de agosto de 2014

"O Ensino Superior nunca foi tão atacado como agora"

Mais cortes no orçamento do ensino superior 

(título de mensagem, datada de quarta-feira, 20 de agosto de 2014, disponível em O Campus e a Cidade)

"Universidades, especialização inteligente e desenvolvimento regional"

«Uma nova agenda de futuro em matéria de cooperação entre as Universidades e a administração pública.
A declaração conjunta Mobilising Universities for Smart Specialisation, assinada em Bruxelas em 20 de Junho de 2014, pelo Joint Research Centre (S3 Platform) da Comissão Europeia (CE), pela Direcção Geral de Política Regional da CE e também pela European University Association (EUA), lança as bases de futuro para um novo contexto de relacionamento, e de trabalho conjunto, a desenvolver entre as universidades e as estruturas regionais da administração pública.
Em especial, no que respeita à implementação das estratégias regionais de especialização inteligente (EREI), previstas no novo período de programação e financiamento comunitário, mas também no que concerne ao próprio planeamento regional.
Este novo quadro relacional de cooperação entre universidades e estruturas regionais da administração pública deverá, nos termos da referida declaração, sobretudo concretizar-se nos seguintes domínios: i) Análise das dinâmicas regionais e apoio na identificação de prioridades de investimento; ii) Avaliação de necessidades de inovação; iii) Coordenação de projectos de investigação em contexto empresarial; iv) Participação em plataformas regionais de governação regional e sub-regional e nas respectivas estruturas de decisão; v) Alinhamento preferencial dos programas de ensino e das estratégias de investigação, com as prioridades das EREI; vi) Colocação e formação de estudantes em contextos empresariais; vii) Apoio na transferência de tecnologia para start-ups e no desenvolvimento de protótipos para a indústria; vii) Estímulo à criação de soluções localizadas de incentivo à criatividade e ao surgimento de novas soluções de inovação social; viii) Atracção e fixação regional de talentos e de população; ix) Apoio a processos de internacionalização e a iniciativas de marketing territorial nos territórios de incidência de cada EREI.
O Relatório The Role of Universities in Smart Specialisation Strategies (2014) do Joint Research Centre (S3 Platform) e da European University Association (EUA) defende que, no período 2014-2020, “the regional policy must meet science and science must meet regional policy and enterprises”. Com a mesma preocupação, o Relatório Science in Support of European Territorial Development and Cohesion(2013) do European Observation Network for Territorial Development and Cohesion (ESPON) destaca um conjunto de dimensões em que o papel da ciência, e consequentemente das universidades e demais instituições de ensino superior, em cooperação com as estruturas da administração pública com a responsabilidade de aplicação dos fundos estruturais e de implementar as EREI – no caso português, em particular as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional – pode resultar particularmente virtuoso. Nomeadamente: i) Apoio ao processo de desenvolvimento de políticas públicas; ii) Desenvolvimento de investigação aplicada sobre as prioridades sectoriais de cada EREI, e iii) Cooperação na avaliação e monitorização de políticas públicas.
Mas para além destes, outros aspectos deverão ainda ser contemplados nesta nova agenda de futuro em matéria de cooperação entre as Universidades e a administração pública. Concretamente os seguintes: i) A produção de conhecimento e informação sobre as políticas públicas já aplicadas ou em aplicação em cada uma das regiões e no conjunto do país; ii) A criação de novas condições de informação para a gestão estratégica articulada entre os diferentes Programas Operacionais Temáticos e os Programas Operacionais Regionais; iii) A melhoria das condições de informação sobre a qualidade da implementação e desempenho das políticas sectoriais e territoriais aplicadas em cada uma das regiões e no conjunto do país;  iv) O aperfeiçoamento da recolha e da produção de informação que possibilite monitorizar as dinâmicas sectoriais e territoriais que vão ocorrendo, em cada uma das regiões e no país, como resultado da aplicação das diferentes políticas públicas; v) A produção de informação, em tempo útil e em qualidade, que possa funcionar como um importante instrumento de apoio à governação nacional e regional, e vi) A criação de um histórico de desempenho, no país e em cada uma das suas regiões, relativamente às diferentes políticas públicas regionais e nacionais que incidem sobre o território e sobre a economia.
Em 2012, Steffan Collini publicou um livro intitulado “What are Universities for?”. Aqui está mais um exemplo do que as Universidades fazem e do que podem vir a fazer.

PAULO NETO - Professor da Universidade de Évora, Departamento de Economia, Coordenador da Unidade de Monitorização de Políticas Públicas (UMPP)

(reprodução de artigo Público online, de 23/08/2014)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

terça-feira, 12 de agosto de 2014

The worst thing in life

[reprodução de imagem e mensagem que nos chegou entretanto via Facebook]

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Try, try, try

"Try, try, try, and keep on trying is the rule that must be followed to become an expert in anything."

W. Clement Stone


 (citação extraída de SBANC Newsletter, November 26, Issue 797 - 2013, http://www.sbaer.uca.edu)